terça-feira, 22 de março de 2016

Divaldo Franco plagiou Chico Xavier em várias obras


Um grande escândalo envolveu Divaldo Franco e abalou as bases do "movimento espírita". Em abril de 1962, surgiram as denúncias de que o anti-médium baiano teria plagiado obras de Francisco Cândido Xavier, que já são pastiches literários.

A crise causou muita confusão na época e desnorteou até os espíritas autênticos - como Herculano Pires e Deolindo Amorim - e causou um impasse na cúpula da FEB, porque um dos denunciantes era Luciano dos Anjos, membro da cúpula da federação.

Foi divulgada uma carta na qual Chico Xavier reclamava que Divaldo Franco plagiou várias das obras do anti-médium mineiro, a partir da estreia do anti-médium baiano, em 1959, e um trecho no qual o plagiado da ocasião se mostra bastante perplexo é aqui reproduzido:

"Por que razão esse propósito deliberado de arrasar com as mensagens dos nossos Benfeitores Espirituais, recebidas por meu intermédio, desfigurando-as, descaracterizando-as, ferindo-as, transfigurando-as? Não posso inocentá-lo, porque isso acontece há muito tempo e ele possui bastante auto-crítica para reconhecer que as entidades que se valem dele para isso estão entrando numa atitude, francamente abusiva por desrespeitosa ao Espiritismo e à Mediunidade, a ponto de sacerdotes católicos-romanos já estarem se manifestando pela imprensa indagando se sou eu ou ele o mistificador. De mim mesmo nada valho e estou pronto a receber por bençãos quaisquer injúrias que seja assacadas contra a minha pessoa, entretanto, no assunto, é a Doutrina Espírita que está sendo desprestigiada e dilapidada".

Reproduzimos abaixo dois plágios de Divaldo sobre Chico Xavier, que quase comprometeram a amizade dos dois. Consta-se que os dois se mantiveram afastados por um tempo. Além disso, o "movimento espírita" recomendava o "silêncio" como resposta a tais impasses.

Mais tarde, em entrevista ao Fantástico (Rede Globo), Divaldo Franco afirmou que o plágio era "na verdade a manifestação da universalidade do pensamento", dando a crer que as semelhanças eram fruto de uma "coincidência do pensamento", em prol de uma "mesma transmissão da boa mensagem". Vá entender isso...

Curiosamente, é o mesmo Divaldo Franco que passou a corroborar as "profecias" de Chico Xavier no documentário Data-Limite Segundo Chico Xavier e no correspondente livro homônimo de Juliano Pozati e Rebeca Casagrande.

O que se sabe é que, com as confusões ocorridas no "movimento espírita" nos anos 1960 - a estranha morte, até hoje não devidamente esclarecida, de Amauri Xavier, sobrinho do anti-médium, o plágio de Divaldo Franco das obras de Chico e o caso Otília Diogo que teve a participação do mineiro e causou o rompimento de Waldo Vieira - , a fase abertamente roustanguista deu lugar à atual fase dúbia, que continua praticando a deturpação igrejista, mas se diz "fiel" a Allan Kardec.

A primeira comparação se refere aos textos com o mesmo título, "Um Dia", o de Chico Xavier publicado em 1951 e o de Divaldo Franco publicado em 1962. Outro exemplo, "Trabalha Servindo", de Chico Xavier e Emmanuel, de 1959, e "Ama Ajudando", de Divaldo Franco e Joana de Angelis, de 1960, aparece depois. Vale comparar os textos e ver que é bom demais que grandes semelhanças sejam apenas coincidências da "universalidade do pensamento":

UM DIA 

Francisco Cândido Xavier - Atribuído ao espírito Isabel de Castro. FEB, 1951

Um dia, Sócrates deliberou sair de si mesmo, apresentando alguns aspectos da verdade, e imortalizou-se. 

Um dia, Colombo resolveu empreender a viagem ao Mundo Novo e desvelou o caminho para a América. 

A gloriosa missão de Jesus começou para os homens no dia da Manjedoura. 

O ministério dos Apóstolos foi definitivamente homologado pelos Poderes Divinos no dia de Pentecostes. 

Tudo no Universo começa num dia. 

O bem e o mal, a felicidade e o infortúnio, a alegria e a dor, invocados por nossa alma, guardam o exato momento de início. 

Quando plantamos, sabemos que a produção surgirá certo dia. Se encetamos uma jornada, não ignoramos que, em certo momento, ela terminará. 

Um dia criamos, um dia recolheremos. 

Não olvides, porém, que a semente não germinará sem cuidado, em tua quinta. 

Se deres teu dia à erva ingrata, ela se alastrará, sufocando-te o horto amigo. Se abandonares teus minutos aos vermes daninhos, multiplicar-se-ão eles, indefinidamente, impedindo a colheita. 

Ocupa-te com o dia, de olhos voltados para a eternidade. 

Das resoluções de uma hora podem sobrevir acontecimentos para mil anos. 

Tudo depende de tua atitude na intimidade do tempo. 

Judas era um discípulo fiel a Jesus, mas, um dia, acreditou mais no poder frágil da Terra que na administração do Céu, e traiu a si mesmo. 

Madalena era estranha mulher, possessa de sete demônios; um dia, no entanto, ofereceu-se à virtude e inscreveu seu nome na História, figurando no cânone das almas inesquecíveis. 

O amanhã será o que hoje projetamos. 

Alcançarás o que procuras. 

Serás o que desejas. 

Acorda para a realidade do momento e amontoa bênçãos pelos serviços que prestaste e pelo conhecimento que difundiste em tuas horas. 

O Tempo é o rio da vida cujas águas nos devolvem o que lhe atiramos. 

Enquanto dispões das horas de trabalho, dedica-te às boas obras. 

Se acreditas no bem e a ele atendes, cedo atingirás a messe da felicidade perfeita; mas se agora mofas do dia, entre a indiferença e o sarcasmo, guarda a certeza de que, a seu turno, o dia se rirá de ti. 

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UM DIA

Divaldo Pereira Franco - Atribuído ao espírito Vianna de Carvalho. FEB, 1962.

Um dia em que tomava banho, percebeu Arquimedes que os seus membros, mergulhados na água, perdiam considerável parte do seu peso, descobrindo, então, o princípio que o imortalizou.

Um dia, observando a queda de u’a maçã, Newton abriu as portas do pensamento para as leis da gravitação universal.

Um dia, resolvendo lutar contra o pessimismo das cortes européias e do povo, Colombo descobriu a América.

Um dia, após exaustivas experiências, a Sra. Curie descobriu o rádio.

Um dia, insistindo no ideal de bem servir à Humanidade, Zamenhof favoreceu a comunicação entre os povos com a língua Esperanto.

Um dia, Saulo de Tarso, tomado de radical anseio de fé legítima, transformou a concepção da vida e se fêz a maior carta-viva do Cristo.

Um dia, resolvendo viver para Jesus, Francisco de Assis fomentou o amor na Terra, renovando a conceituação vigente a respeito da Caridade.

Um dia, Gêngis Khan. disputando brutalidade, fez-se comandante de exércitos bárbaros e apavorou o mundo.

Um dia mentiste e todo um programa nefando teve início.

Um dia prometeste, olvidando logo mais a palavra empenhada, e o caráter foi afetado.

Um dia resolveste ajudar e uma vida nova começou.

Em todas as vidas existe sempre um dia, antecedendo a transformação do homem.

Um dia que dá origem a outros dias; um êxito que produz outros êxitos; um dano que assinala outros desvarios.

Examina teus pensamentos e atitudes cada dia. Age, mas pensa com cuidado.

Um dia, que pode ser hoje, dispõe-te à transformação para melhor, e assinalarás uma alegria estranha na tua existência.

Se num dia planejas o mal, logo sintonizas com os Espíritos maléficos que se comprazem com a leviandade e o crime.

Se num dia pensas o bem, cobrarás alento novo para fixar os marcos positivos do trabalho, afinando-te com as Inteligências superiores.

Pensa no dever, um dia, e, logo no dia seguinte, o pensamento nobre voltará ao teu cérebro.

Fixa a ilusão mentirosa e despertarás amanhã na decepção ultrajante.

Um dia, na vida, pode constituir-se início de um milênio diferente para tua alma.

Como a reflexão é a mãe de todas as virtudes, pensa bem e o teu caminho atravessará o portal de luz para a imortalidade. 

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TRABALHA SERVINDO

Emmanuel - Ditado para Francisco Cândido Xavier - Publicado em A Flama Espírita, 18 de julho de 1959. 


A cada momento, o Criador concede a todas as criaturas a benção do trabalho, como serviço edificante, para que aprendam a criar o bem que lhes cria luminoso caminho para a glória na Criação.

Não permitas, portanto, que o repouso excessivo te anule a divina oportunidade. 

Assim como o relaxamento é ferrugem na enxada, a benefício do joio que te prejudica a seara, o tempo vazio é flagelo na alma, em favor das energias perniciosas que devastam a vida. 

Não há corrosivo da ociosidade que possa resistir aos antídotos da ação. 

Não acredites, desse modo, no poder absoluto das circunstâncias adversas, a se mostrarem, constantes, nos eventos da marcha. 

Se a injúria te persegue, trabalha servindo, e o sarcasmo far-se-á reconhecimento. 

Se a calúnia te apedreja, trabalha servindo, e a ofensa converter-se-á em louvor. 

Se a mágoa te alanceia, trabalha servindo, e a dor erguer-se-á por utilidade. 

Se o obstáculo te aborrece, trabalha servindo, e o embaraço surgirá por lição. 

No trabalho em que possas fazer o melhor para os outros, encontrarás a quitação do passado, as realizações do presente e os créditos do futuro.  E é ainda por ele que 

conquistarás o respeito dos que te cercam, a riqueza da experiência, a láurea da cultura, o tesouro da simpatia, a solução para o tédio e o socorro a toda dificuldade. 

Importa anotar, porém, que há trabalho nas faixas superiores e inferiores do mundo. 

Movimento que aprisiona e atividade que liberta, atração para o abismo e impulso para o Céu… 

O egoísmo trabalha para si mesmo. 

A vaidade trabalha para a ilusão. 

A usura trabalha para o azinhavre. 

O vício trabalha para o lodo. 

A indisciplina trabalha para a desordem. 

O pessimismo trabalha para o desânimo. 

A rebeldiatrabalha para a violência. 

A cólera trabalha para a loucura. 

A crueldade trabalha para a queda. 

O crime trabalha para a morte. 

Todas essasmonstruosidades do campo moral representam fruto amargo e venenoso de audiências da alma com a inteligência das trevas, no palácio deserto das horas perdidas. 

Todavia, o trabalho dos que trabalham servindo chama-se humildade e benevolência, esperança e otimismo, perdão e desinteresse, bondade e tolerância, caridade e amor, e, somente através dele, o espírito caminha, na senda de ascensão, em harmonia com as leis de Deus. 

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AMA AJUDANDO

Por Joana de Angelis - Ditado para Divaldo Pereira Franco - publicado em 05 de março de 1960, no Centro Espírita Redenção, em Salvador, Bahia.

A todo instante, o Celeste Pai favorece os homens com as abençoadas dádivas da oportunidade de amar, como o melhor meio de criar o clima de auxilio entre todos, para a glória de fraternidade legitima na terra.

Não deixes, assim, que a indiferença pelos problemas alheios te cerceie a misericordiosa concessão. 

Na mesma razão que a negligência é enfermidade da alma a beneficio da preguiça que aniquila a atividade espiritual, a indiferença é flagelo cruel a favor da inutilidade perniciosa que destrói a vida. 

Não há veneno de ingratidão que resista aos anseios do perdão. 

Desse modo, não acredites nas vozes que se erguem revoltadas, batidas pela tormenta do desespero, preconizando vindítas e ódios. 

Se a má vontade te sitia, ama ajudando e converterás a frieza dos corações em sementeira de esperança. 

Se a ofensa te perturba, ama ajudando e transformarás o caluniador em amigo na retaguarda. 

Se a cólera te segue, ama ajudando e modificarás o clima de ódio em primavera de alegria. 

Se o desejo de posse te atormenta, ama ajudando e retificarás as inclinações inferiores, libertando-te da angustia. 

Se o remorso caminha contigo, ama ajudando e repara o erro cometido, enquanto é tempo, acendendo luz na consciência. 

Se a maldade te injuria, ama ajudando e a suspeita morrerá sem comprovação. 

Se o ultraje te ofende, ama ajudando e a dor se vestirá de luz no teu coração. 

Oferece as tuas horas ao amor infatigável e embora seja necessário rechaçar as víboras da animalidade nos seus redutos, permanece imperturbável sem desfalecimento e prosseguindo sem receio. Pelo amor desculparás a ignorância e pelo auxílio que movimentares em favor de todos, far-te-ás respeitado pelos que te cercam, porquanto, 

através do serviço constante aumentarás o patrimônio do saber e a experiência dilatar-te-á a visão, oferecendo soluções para os problemas que atormentam as almas. 

Convém registrar, porém, que o amor está igualmente nas Esferas Superiores do mundo, organizando a vida. Força dinâmica poderosa é movimento que liberta, atração que felicita e vibração que vitaliza. No entanto, nem todos o recebem na mesma intensidade…

O avaro ama o dinheiro aumentando a própria tortura. 

O ególatra ama a si mesmo caminhando em solidão. 

O vândalo ama a anarquia cavando abismo sob os pés. 

O rebelde ama o crime vitalizando a desdita em volta de si. 

O dissoluto ama os prazeres aumentando o rio da lama no qual se afoga lentamente. 

O colérico ama a desforra que lhe avinagra a existência. 

O viciado ama o gozo desequilibrante bebendo a cicuta que o vitimará. 

O medroso ama a treva onde se esconde aguardando a loucura. 

Todos esses desventurados das aflições da alma refletem a sintonia com as inteligências vingadoras do Além-Túmulo, perdidos na concha sinistra do personalismo destruidor.  

Apesar disso, o amor daqueles que te ajudam amando pode ser denominado de compaixão e misericórdia, esquecimento do mal e perdão, piedade e socorro, fazendo-se senda luminosa de Caridade e caminho do Senhor que venceu o mundo servindo e continua amoroso aguardando por nós. 

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