domingo, 27 de março de 2016

A "bondade" e a incompetência doutrinária do "movimento espírita"

MAIS FÁCIL ENCHER DE CORAÇÕEZINHOS UMA DOUTRINA RELIGIOSA QUE NADA TEM A DIZER DE COERENTE.

Sabemos que a coerência não é uma palavra praticada pelo "movimento espírita". Ter coerência não é aceitar uma série de contradições e equívocos doutrinários em prol de um falso equilíbrio da "bondade" e da "aceitação".

A coerência é mais ferina, e se observarmos bem, o "movimento espírita" traduz todos aqueles perigos alertados no próprio tempo de Allan Kardec, já que os inimigos internos da Doutrina Espírita, os piores deles, floresceram no Brasil e cresceram de maneira descontrolada.

Hoje, num momento considerado tarde demais, se denuncia com larga escala as deturpações doutrinárias, relembrando esforços anteriores e exercendo novos. Porém, é tarde demais porque a doutrina brasileira cresceu demais, criou um lobby fortíssimo e usa de vários artifícios para resistir e estar acima da lógica, do bom senso e de todo tipo de adversidade a esse movimento.

Um dos pretextos usados é a "bondade". Como se maus espíritas podem ser "bons espíritas" por serem "bonzinhos". O bom-mocismo "espírita", ilustrado de imagens de coraçõezinhos, crianças sorridentes, uso abusivo da palavra "amor" e outras manobras, é algo que preocupa, e é mais preocupante porque durante muito tempo essa farsa tranquilizou muita gente.

A "bondade" sempre foi usada pelos "espíritas" como um freio para desarmar seus contestadores. Em um dado momento, os escândalos eram abafados porque o "espiritismo" brasileiro era "bondoso". Francisco Cândido Xavier foi o exemplo mais típico disso, todo esforço de investigação esbarrava no seu sedutor estereótipo de "caipira bonzinho", mais tarde somado pelo de "velhinho frágil".

É ilustrativo que o Brasil se deixe levar pelo jogo das aparências e o estereótipo do "bom velhinho" de Chico Xavier seja aceito pelas mesmas pessoas que se horrorizam pela aparência rústica e robusta do ex-presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, um dos bodes expiatórios da temporada.

Lula está associado a escândalos de corrupção que não são devidamente esclarecidos, a acusações confusas que são feitas em tom exageradamente emocional, sem analisar as coisas. Mesmo assim, ele é odiado por uma boa parcela da população como se fosse o "pior bandido do Brasil".

Chico Xavier está associado a fraudes comprovadas e farsas de fácil identificação, como os pastiches literários em que o exemplo dos livros que usam o nome de Humberto de Campos demonstra bem esse embuste. Xavier ainda participou, com muito gosto, da armação de Otília Diogo. No entanto, ele é tratado como se fosse a "perfeição personificada" e adorado com a mais absoluta cegueira.

Não é preciso analisar que muitos dos que veem Chico Xavier como uma "pessoa iluminada" e Lula como um "crápula" são as mesmíssimas pessoas, e isso mostra o quanto o "espiritismo" brasileiro busca promover o jogo das aparências para dissimular as sérias deturpações doutrinárias.

O bom-mocismo "espírita" torna-se então uma armadilha, um processo pernicioso de manipulação ideológica, de sedução da opinião pública, na qual tenta-se neutralizar todos os esforços de desmascarar a deturpação doutrinária e seus responsáveis diretos e indiretos.

Isso cria problemas, porque, enquanto os livros investigativos - como O Enigma Chico Xavier Posto à Clara Luz do Dia, fundamental obra de Attila Paes Barreto de 1944 - , são deixados de lado e condenados ao esquecimento, obras mistificadoras se multiplicam e dominam as seções "espíritas" das livrarias comuns, tirando de escanteio até os livros de Allan Kardec!

Enquanto se espera uma bibliografia imparcial do médico Adolfo Bezerra de Menezes, mostrando também aspectos sombrios e deixando de lado o deslumbramento religioso, lançam-se livros sobre "lindos relatos" sobre ele, vários deles invenções fictícias e fabulosas que, como em contos-de-fadas, narram fantasiosas aventuras do espírito do ex-presidente da Federação "Espírita" Brasileira.

Enquanto se espera reaparecer ou aparecer livros investigativos sobre as fraudes de Chico Xavier, há uma pilha de livros com verdadeiras asneiras que inventam qualidades surreais do anti-médium mineiro, promovido a "filósofo", "cientista", "analista político" e outras invencionices.

Tudo isso é respaldado pelo pretexto da "bondade". Deste modo, a ideia de "bondade" se torna perigosa, porque ela é a desculpa que os "espíritas" usam para que se consinta e se permita todo tipo de deturpação doutrinária, confundindo contradição com equilíbrio, só por causa das "boas palavras" e dos "atos em favor do próximo".

Isto é terrível. Afinal, é essa desculpa da "bondade" que freou todo tipo de esforço em desmascarar a farsa do "movimento espírita", o inimigo interno tão alertado pelo espírito Erasto, em alertas corroborados por Allan Kardec, porque toda discussão "morria" com essa desculpa esfarrapada.

Isso é reflexo do complexo de inferioridade brasileiro, que aceita qualquer coisa que pareça "melhor do que nada" ou que se apoie na desculpa de "ajudar em alguma coisa". Canastrões, canalhas, demagogos se apoiam nisso, e é isso que mentirosos fazem para obter credibilidade.

Daí que o tempo passa e a gente vê uma porção de mentirosos, canalhas e farsantes ocupando os altos postos da sociedade, controlando a mídia, o entretenimento, o Poder Judiciário, o mercado cultural e, é claro, os movimentos espiritualistas, usando o bom-mocismo como meio de disfarçar a incompetência que, no caso dos "espíritas", se reflete no conteúdo de sua doutrina.

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