terça-feira, 15 de março de 2016

Por que os críticos da deturpação espírita são poucos e em boa parte hesitantes?


Apesar do crescimento das críticas da deturpação igrejista feita contra a Doutrina Espírita, elas ainda são poucas e os críticos em geral, salvo exceções, costumam ser hesitantes ou não irem muito adiante nas críticas, já que no meio do caminho a tentação da complacência se torna sedutora.

A maioria dos críticos da deturpação se concentra demais na forma como os textos de Allan Kardec são compreendidos e abordados. Criticam-se os deslizes cometidos por diversas traduções, sobretudo a de Guillon Ribeiro, que em dado momento substituiu "sua (de Jesus) doutrina" por "Doutrina do Salvador", numa clara inserção católica nos livros do pedagogo francês.

Evidentemente os críticos são bastante bem intencionados, e apontam deslizes diversos da bibliografia de Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, além de outros autores derivados, que frontalmente contrariam as ideias kardecianas, apresentando até provas consistentes de tamanho disparate.

Todavia, eles param no meio do caminho, deixam de ir adiante com seus blogues questionadores, estacionam nos limites de certas abordagens e, da parte de alguns deles, a tentação da complacência se torna um canto-de-sereia que interrompe o caminho.

É o caso da pretensa bondade de Chico Xavier e Divaldo Franco, que revelamos uma farsa. A "bondade" de Chico Xavier não realizou transformação alguma na sociedade e até cometeu maldades como expor, de forma sensacionalista, as tragédias familiares. A de Divaldo não conseguiu ajudar 1% da população de Salvador e não impediu que Pau da Lima, onde fica a Mansão do Caminho, seja considerado um dos bairros mais violentos de Salvador.

Há complacências aqui e ali, o que, a princípio, parece verossímil, pelo fato de muitos críticos da deturpação espírita terem recebido educação católica na infância e aprendido paradigmas conservadores de caridade, bondade, amor e respeito humanos que hoje soam antiquados e pouco eficazes, e até mesmo bastante perigosos.

Afinal, a complacência pode comprometer a crítica à deturpação, na medida em que existe omissão para práticas irregulares de mediunidade, apenas pelo fato de que supostos médiuns, como Chico Xavier, Divaldo Franco, João de Deus, José Medrado e outros gozam de alta reputação social e aparecem ao lado de membros da alta sociedade.

"ESPÍRITAS" UNIDOS PELA DETURPAÇÃO

Esse é o perigo da complacência, ainda mais quando dois dos críticos mais corajosos da deturpação, como José Manoel Barbosa e Jorge Murta, já faleceram. E o caminho se torna ainda mais perigoso quando a atual fase do "movimento espírita" alega "fidelidade absoluta" e "respeito rigoroso" a Allan Kardec, mantendo um jogo de aparências que dissimula a deturpação igrejista.

Os críticos acabam permitindo que deturpadores posem de "kardecianos genuínos", citando Erasto, bajulando José Herculano Pires, adular cientistas, até mesmo fingir que condena a "vaticanização do Espiritismo". E assim permite que lobos vistam peles de cordeiros para defender o "bom espiritismo".

É preocupante que, numa certa altura, os críticos da deturpação espírita vão dormir tranquilos achando que a luta acabou e acreditando que alguns deturpadores vão tomar jeito só porque prometem ler com atenção os textos de Kardec na tradução de Herculano Pires.

A boa teoria é fácil, e o que os maus praticantes mais querem é se respaldarem da boa teoria e manobrá-la para justificar suas más práticas. O problema é que os deturpadores usarão Erasto de maneira leviana e distorcida para combater quem realmente questiona a deturpação espírita.

Eles armam a pior armadilha para os verdadeiros espíritas; a união pela deturpação. No princípio, usam Kardec, Erasto, citam até Albert Einstein, exaltam as mais elevadas manifestações culturais, produzem filmes e outros documentos nos quais "sequestram" para si a melhor música brasileira, seja Noel Rosa ou Villa-Lobos, sejam os recentes e vivos Egberto Gismonti e Flávio Venturini, ou o estrangeiro Philip Glass, três coitados que foram fazer trilhas sonoras para filmes "espíritas".

No segundo momento, porém, despejam ideias deturpadoras de Chico Xavier, Divaldo Franco e companhia, evocando a suposta bondade dos mesmos, e usam a falácia de que, "de fato eles inserem conceitos católicos na Doutrina Espírita, mas pelo menos sua caridade é indiscutível".

Sabemos que, todavia, a caridade dos dois anti-médiuns é ALTAMENTE DISCUTÍVEL. Eles simplesmente não transformaram coisa alguma pois, se transformassem, o Brasil estaria num patamar de qualidade de vida comparável ao dos países escandinavos. Chico e Divaldo nada ajudaram de concreto, e tantas palavras pacifistas de Divaldo não evitam que banhos de sangue aconteçam diariamente no bairro de Pau da Lima, onde fica a "revolucionária" Mansão do Caminho.

Esses pontos os críticos da deturpação não conseguem enxergar. Houve um que, mesmo bem intencionado, se sentiu ofendido quando alguém disse que a "mediunidade" de Chico e Divaldo eram duvidosas. O crítico, lúcido em muitos momentos, escorregou feio quando disse "a mediunidade de Chico e Divaldo é 100% confiável". Pisou no tomate e levou tombo.

É isso que os deturpadores querem. E é isso que fez os deturpadores abafarem as sucessivas crises no "movimento espírita". Quando a crise se torna séria, vão falando em "bondade" e "fraternidade" e as pessoas voltam a se unir em torno dos deturpadores que usam a "bondade" como desculpa para cometer seus abusos, e, sobretudo, os abusos cometidos por Chico e Divaldo ao longo do tempo.

As críticas se tornam frouxas e "morrem" no meio do caminho. Não há perseverança na luta e os deturpadores comemoram, porque basta só falar em bom-mocismo para as críticas murcharem. E aí o "espiritismo" brasileiro continua sendo o engodo igrejeiro que foi desde 1884, tornando-se apenas mais astuto, mais traiçoeiro, mais sutil e dissimulador com o passar dos anos.

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