sexta-feira, 25 de março de 2016
Passagem fictícia da vida de Jesus é corroborada por Chico Xavier
Quer conhecer a história do Império Romano, os fatos da Antiguidade ocorridos na Roma Antiga e no seu vasto império que envolveu territórios da Europa e da Ásia? Então, é necessário se afastar do livro Há Dois Mil Anos, de Francisco Cândido Xavier, ditado pelo espírito Emmanuel.
O livro mostra aberrantes erros de informação, a partir do suposto personagem que Emmanuel diz ter sido nos tempos de Jesus: o suposto senador Públio Lentulus, o "senador romano que não entendia de latim", e que teria sido inspirado numa carta apócrifa publicada na Idade Média, mas uma narrativa tão fictícia que nem a própria Igreja Católica medieval aceitava como autêntica.
É claro que houve políticos romanos com este nome, mas as informações correspondentes ao suposto Lentulus de Emmanuel nunca encontraram registros nos vestígios históricos que chegaram até nós. Além do mais, houve até erros de castas religiosas em informações descritas pelo pesquisador José Carlos Ferreira Fernandes, intitulado "Livro Há Dois Mil Anos: Uma Fraude Completa". O historiador Lair Amaro também analisa outros erros históricos do livro e outras obras chiquistas.
O ponto mais trivial dessa obra é que a obra de Chico Xavier e Emmanuel legitima uma abordagem fictícia, que é tida como o ponto máximo das encenações da Paixão de Cristo: o demorado julgamento de Pôncio Pilatos ao condenado Jesus Cristo.
O episódio, de tons bastante dramáticos e que fazem a festa dos atores que querem fazer o papel de Pilatos, que exige atuação cênica mais complexa e até o cantor David Bowie exerceu esse papel no cinema (em A Última Tentação de Cristo, de Martin Scorcese), simplesmente NUNCA EXISTIU.
O suposto julgamento de Pilatos não passou de uma invenção medieval, para tentar inocentar o Império Romano (que introduziu a Igreja Católica) e culpar os judeus. Dessa forma, criou-se um Pilatos "misericordioso", mas que foi pressionado pelos judeus a crucificar Jesus.
Isso nunca existiu porque nenhum registro histórico comprovou nem sequer cogitou tal hipótese. E essa suposta atitude de Pilatos contraria a própria natureza dos poderosos romanos, que eram bastante diretos e cruéis quanto à condenação de criminosos ou outras pessoas consideradas desobedientes a seu poder.
Só para se ter uma ideia, pessoas inadimplentes com os impostos do governo eram crucificadas. E Pilatos, conforme registrou o filósofo judeu Filo de Alexandria, um mês após a deposição do político romano, era descrito como um homem extremamente cruel, que condenava à morte seus prisioneiros, sem fazer julgamento algum e nem cogitar qual sentença aplicar.
Em outras palavras, Pilatos era curto e grosso na hora de condenar seus prisioneiros. Simplesmente os mandava matar, sem pensar duas vezes. Era a lógica dos poderosos romanos da época, imprudentes, impiedosos mas imediatos nas sentenças fatais.
Portanto, Jesus, uma vez detido, foi condenado à morte, de forma rápida e rasteira. Sem julgamento, sem diálogo, sem Pilatos dando pausa aqui e ali para olhar a plateia ou ficar cabisbaixo pensando. Daí que o suposto julgamento nunca passou de uma invenção, literalmente uma obra de ficção.
Para piorar, Chico Xavier é acusado de ter plagiado o livro A Vida de Jesus, de Ernest Renan, um historiador antissemita, o que também faz com que os que duvidam até da psicografia de Emmanuel venham à tona nos questionamentos. E, mais grave ainda, faz com que o "bondoso médium" também seja acusado de antissemitismo. Neste caso, corroborar uma ficção tida como realista causou mais problemas do que se pode imaginar.
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