quarta-feira, 19 de agosto de 2015
Por que Divaldo Franco é um falso sábio?
Podemos definir Divaldo Franco seguramente como um charlatão e um pseudo-sábio, graças às mistificações e manobras discursivas que ele faz, a exemplo das práticas confusas de Francisco Cândido Xavier, embora de forma mais sutil que este.
Afinal, diferente de Chico Xavier, que se alimenta de um discurso de contrastes ideológicos que fazem um jogo de ideias e conceitos "admiráveis", Divaldo Franco tenta apelar através da aparente sobriedade e de estereótipos academicistas antiquados, como a figura douta e moralista do antigo professor, dotado de elegância, falsa modéstia e muito pedantismo "ilustrado".
Divaldo tenta, portanto, evitar cair nas mesmas encrencas de seu amigo. Lamenta pelas confusões que vitimam Chico Xavier mediante tantos incidentes causados por ele, ao mesmo tempo em que o anti-médium baiano tenta adotar posturas comedidas que o evitem cair em semelhantes escândalos.
Por isso Divaldo tenta se passar por "correto seguidor" de Allan Kardec, mesmo adotando o mesmo igrejismo chiquista e acreditando em delírios como as "crianças-índigo", ideias que o pedagogo francês rejeitaria sem um milésimo de hesitação.
Divaldo tenta bajular não só Kardec, mas o Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos, os alertas de Erasto e outras manifestações do Espiritismo autêntico. Bajula como forma de tentar fugir do desmascaramento, já que, como deturpador da Doutrina Espírita, Divaldo tenta usar um discurso que tentasse fazer crer o contrário.
E só mesmo um país ainda marcado por valores ultraconservadores, aliados a um saudosismo moralista e à crise educacional que há décadas atinge o país, que Divaldo Franco é visto como "sábio" e "filósofo" por brasileiros sem hábito de leitura a ponto de, durante algumas semanas, livros para colorir estivessem entre os mais vendidos no nosso mercado literário.
Divaldo não é considerado "sábio" e "filósofo" - isso quando não se atrevem a defini-lo como "cientista" e "professor" - por causa das ideias, já que seus seguidores, quando muito, leem livros às pressas, sem desenvolver a disposição para discernir e entender os textos lidos. Ele é considerado em tais qualidades por causa de poses e estereótipos, devido à "embalagem", não ao "conteúdo".
É uma questão de falta de discernimento que não é difícil de ser entendida. Afinal, Divaldo Franco segue os mesmos procedimentos dos falsos sábios dos tempos de Jesus de Nazaré. É conhecido da vida de Jesus que o ativista judeu condenava severamente a falsa modéstia e a pose aristocrática dos fariseus e saduceus que se gabavam em ser pessoas "iluminadas" por suas crenças.
A postura de falsa humildade, a pretensão de superioridade através da falsa modéstia e a pretensão de saber tudo se observa em Divaldo Franco, que seria reprovado tranquilamente por Jesus de Nazaré e por Allan Kardec.
Jesus reprovaria Divaldo por causa da pretensa humildade e sabedoria que tenta expressar, à maneira dos falsos sábios dos tempos do Império Romano, mesmo o pré-medieval. Kardec reprovaria Divaldo pelos deslizes que este cometeu em relação à Doutrina Espírita.
"Tem certeza, Divaldo, que o senhor não teria lido Jean-Baptiste Roustaing?", perguntaria Kardec ao anti-médium baiano, se tivesse havido oportunidade. "Sinceramente, vejo em suas ideias uma proximidade maior ao advogado que escreveu Os Quatro Evangelhos do que aos livros que procurei escrever", é o que provavelmente concluiria o professor francês.
Um aspecto de pseudo-sábio que as pessoas não admitem é a pretensão de saber tudo, que faz com que Divaldo Franco pareça ter respostas prontas para todos os temas. Dentro da complexidade da vida, isso é impossível, e quem age assim age contra o processo natural de busca da sabedoria, até porque se recusa a buscá-la, porque presume que "a achou".
Isso é bem diferente de, por exemplo, um intelectual como o saudoso Eric Hobsbawm. Sendo um dos mais renomados pensadores do século XX, Eric nunca teve a pretensão de saber tudo, e mesmo em seus brilhantes livros ele admitia "tentar dar uma compreensão pertinente" aos assuntos abordados, sem esconder que tinha dúvidas e consultava outras pessoas para obter informações.
O verdadeiro sábio é aquele que busca o saber, sem possui-lo como se fosse uma grande reserva de ouro. O verdadeiro sábio é aquele que pesquisa, questiona, duvida, pergunta, busca respostas e procura dar uma compreensão coerente das coisas, procurando esclarecer e explicar, mas sem que se arrogue em oferecer uma ideia "pronta" e "acabada" das coisas.
Divaldo, porém, parece querer oferecer o "saber" pronto, sem que possamos analisar nem questionar. Pelo contrário, a confusão, típica de um Brasil de pretensiosos, entre deslumbramento religioso e apreciação científica, faz com que muitos acreditem em Divaldo Franco e tudo o que ele diz, numa reação claramente devota mas (muito mal) disfarçada de apreciação científica e intelectual.
E aí o comércio de frases prontas e ideias acabadas, servidas como se fossem jantar de festas de gala, se movimenta com as duvidosas séries Divaldo Responde, que só servem para alimentar e adoçar a fé religiosa às custas de pretensas respostas para todas as questões. E, o que é pior, as pessoas acabam deixando de lado verdadeiros pensadores para ficar só com as "dicas de Divaldo".
Isso é muito grave. E essa ilusão corrompe a busca de conhecimento, acomodando as pessoas que são incapazes de buscar respostas por conta própria e pelo desenvolvimento do raciocínio. Se apoiam num pretenso sábio, só pelo pretexto de que ele traz as coisas prontas para serem resolvidas na vida, algo que nem sempre funciona para muitas individualidades.
E assim o "espiritismo" se alimenta de seus totens e falsos sábios. Se muitos ainda consideram o confuso Chico Xavier um "filósofo", eles podem se irritar ao ver alguém denunciando a imagem de falso sábio de Divaldo Franco.
Mas a verdade é que a lógica não permite que pessoas venham com tudo pronto, se o mundo dá voltas e as questões exigem mais análise de coerência do que a presunção da "verdade adquirida". E isso sabendo que Divaldo Franco levaria um ZERO irrecuperável do professor Allan Kardec.
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