segunda-feira, 8 de junho de 2015

O que a lição da FIFA traz para o "espiritismo" brasileiro?

LOGOTIPO DA FEDERAÇÃO "ESPÍRITA" BRASILEIRA E A MARCA DA COPA DE 2014 "INSPIRADA" EM FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER.

Nos últimos dias, o mundo do futebol está sofrendo uma grande devassa por causa das prisões de membros da alta cúpula da FIFA (Federação Internacional de Football Association) e das investigações que prometem ir adiante e revelar novos culpados.

Segundo o jornalista investigativo Andrew Jennings, hostilizado pelos antigos "superiores" da FIFA, a entidade esportiva internacional é um "corpo morto" e precisa ressurgir do zero, já que sua trajetória nos últimos anos é marcada por um intenso e articulado esquema de corrupção.

Evidentemente, a interpretação oficial do "movimento espírita" brasileiro é das mais simplórias, algo como acreditar-se que os dirigentes esportivos se aproveitam de uma alegria como o futebol para se desviarem dos princípios cristãos e sucumbir à tentação do acúmulo financeiro sem controle.

Só que o próprio "espiritismo" brasileiro está corrompido, pelas duas razões maiores que puxaram outras bem menores: a opção pelo conservadorismo religioso do Catolicismo medieval português e o improviso de práticas mediúnicas e de análise da vida espiritual, já que não houve coragem nem interesse em estudar com rigor cirúrgico a Ciência Espírita.

Acumularam-se muitos anos e esses dois maiores erros cometidos pela Federação "Espírita" Brasileira deram origem a muitos outros e eles, em vez de unir em prol de uma "doutrina espírita", criaram dissidências diversas, mesmo não exatamente ruptoras de seus princípios, pois há espiritólicos que romperam com a FEB e mantiveram a mesma essência de pensamento.

O Brasil não tem contato com os espíritos do além-túmulo, salvo em raríssimas exceções, tão raras que não constituem regra alguma. Fora isso, o Brasil está praticamente incomunicável com as vozes do além, porque quase tudo que se considera "mediúnico" não passam se fraudes bem-sucedidas, embora com falhas facilmente identificáveis.

Em primeiro lugar, ninguém vira igrejista quando vai para o mundo espiritual. Isso é uma grande ilusão. Pode ser duvidoso que o mundo espiritual seja parecido com o que vemos na Terra, mas o que é certo é que ele é laico, e se os que vivem lá têm uma opção religiosa, é porque na Terra já tiveram essa escolha.

É constrangedor supor que as pessoas, quando vão para o mundo espiritual, viram propagandistas religiosos, teorizam demais sobre ensinamentos cristãos e passam a adotar conhecimentos bíblicos com a fluência oposta à ignorância terrena.

Vide o caso Humberto de Campos, que foi a pior e mais grave obsessão que se pode ter em um espírito desencarnado. Chico Xavier se apropriou dele de tal forma que, quando começou a escrever usando o nome do falecido escritor, inverteu a descontraída prosa laica do autor maranhense e inseriu uma prosa tristonha que mais parece a de um líder severamente religioso.

CORRUPÇÃO "PADRÃO FIFA" DO "ESPIRITISMO" BRASILEIRO

A partir de Chico Xavier - uma das pessoas mais nefastas que surgiram no Brasil, pelo rol de fraudes e outros equívocos que cometeu e fez para o Espiritismo - , a corrupção "espírita" tornou-se uma prática corrente, apoiada sob a desculpa da "caridade" e da "filantropia", últimas alegações trazidas quando não há mais como explicar as fraudes mediúnicas e os erros ideológicos da doutrina.

De alusões racistas até mesmo a apologias sutis ao homicídio - visto como um "mal menor", atribuído a "resgates espirituais" da vítima (a vítima é que é a culpada) - , passando por erros históricos grosseiros, plágios menos sutis e outros equívocos, o "espiritismo", que se julgava a vanguarda dos movimentos espiritualistas, se rebaixou ao pior dos neo-pentecostais.

A própria mediunidade virou uma prática irregular e corrompida. completamente desmoralizada. O grande problema é que, no Brasil, quem questiona essas fraudes não têm muita visibilidade, e não há, por exemplo, como produzirmos documentários desmascarando Chico Xavier, como lá nos EUA se faz contra a Cientologia, por exemplo.

Lá se desmascaram charlatães, bastando um esforço de lançar documentários para informar a opinião pública e acionar a Justiça para investigar suas irregularidades. Aqui, porém, se alguém for qualificar como charlatães os ídolos do "movimento espírita", surgem reações chorosas de indignação.

As pessoas, às lágrimas, chegam mesmo a dizer "charlatanismo não, isso é uma acusação muito pesada" e a Justiça, intimidada com a choradeira e seduzida pela aparente benevolência de nomes como Chico Xavier e Divaldo Franco, torna-se impotente para investigá-los e julgá-los.

Quanto muito, há "investigações científicas" por parte de uma "panelinha" de acadêmicos que se revelam ligados ao "movimento espírita", como Alexander Moreira-Almeida, Jorge Cecílio Daher Jr. e outros, alguns classificados como "imparciais", que não passam de simulações "analíticas" para tão somente corroborar as mentiras trazidas por Chico Xavier.

E isso aparece de forma intensa, e, por vezes, em série, de forma que o "espiritismo" brasileiro mantenha seu projeto de supremacia, mesmo sendo a terceira força religiosa do país, depois da evangélica e da católica, e numa postura ainda mais inferior do que as duas concorrentes.

A corrupção "padrão FIFA" da FEB se ampliou se se multiplicou, mesmo nas suas dissidências, que a temática do Espiritismo, tão trabalhosamente estudada por Allan Kardec, saiu completamente desmoralizada. Hoje o Espiritismo teria que começar do zero, sem qualquer complacência com Chico Xavier, Divaldo Franco etc. Para certas coisas, é preciso ter sangue frio, mesmo.

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