segunda-feira, 29 de junho de 2015

A falta de controle dos "centros espíritas"


O "espiritismo" brasileiro não estabeleceu seu controle de ensinamentos, porque se distanciou de Allan Kardec e preferiu se expressar como uma fusão entre moralismo católico-medieval e improvisação místico-paranormal.

Com isso, a doutrina brasileira que de "kardecista" só tem o nome consiste não apenas numa prática de "espiritismo à moda da casa" como, usando o pretexto do livre-arbítrio, deixar que os "centros espíritas" se percam em disputas de egos e tantos outros dissabores.

Não bastassem a corrupção feita pelos anti-médiuns Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco, que venderam muitos pastiches literários como se fossem "psicografia honesta" e ainda usurparam, em causa própria, o prestígio do professor Kardec, os "centros espíritas" tornam-se ambientes pouco confiáveis de conseguir assistência espiritual e equilíbrio moral.

Pelo contrário, o que se observa é que nos "centros espíritas" as pessoas acabam fazendo suas vidas travarem depois que assistem às doutrinárias e, para piorar, os tratamentos espirituais acabam causando mais malefícios do que benefícios às pessoas.

Muitas palestras "espíritas" tornam-se maçantes, ocas, vazias, eventualmente trazendo preconceitos moralistas, fora os raciais, e outras coisas. Boa parte delas é desanimadora, tediosa e pedante, mas mesmo os "melhores" palestrantes apenas têm a habilidade de pregar a mística espiritólica como se fosse um misto de guru de autoajuda e astro da neurolinguística espetacularizada.

Nos bastidores, notam-se disputas de egos, divergências, formações de grupos dissidentes, rupturas diversas. Não há um norte que conduzisse a Doutrina Espírita para o bom caminho, até porque a desordem dos centros tem como raiz a própria linha da Federação "Espírita" Brasileira.

A FEB briga com as entidades regionais. As federações regionais fluminense e paulista disputam sua supremacia na FEB. Dissidências se formam sem que aqueles que deixam a FEB se tornassem fiéis a Kardec, até porque tornam-se espiritólicos do mesmo jeito, só que de forma "independente".

De Carlos Baccelli a Jardel Gonçalves, de Zíbia Gasparetto a Alamar Régis Carvalho, de Robson Pinheiro a Waldo Vieira, dissidências diversas tornam o "espiritismo" brasileiro ainda mais confuso e caótico, porque os dissidentes nem de longe querem recuperar as bases de Allan Kardec. Nem uma vírgula sequer eles querem assimilar do professor francês.

Pelo contrário, muitas dessas dissidências se devem ao conflito de interesses, a disputas pessoais ou a traições de algum outro motivo. Mas a base de Jean-Baptiste Roustaing se mantém, e o religiosismo de herança católico-medieval do "movimento espírita", de grupos "espiritualistas independentes" ou de outros que de um modo ou de outro seguem seus métodos, continua valendo.

E os "centros espíritas" são apenas reflexos microcósmicos dessa realidade. E tudo isso mostra que a religião que "só prega a união" só causa divisões por conta de sua inclinação retrógrada ao Catolicismo medieval, apenas descontando os aspectos mais coercitivos. Divisões que apenas continuam unidas pelo desprezo que se tem ao pensamento científico do professor Kardec.

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