terça-feira, 9 de junho de 2015

Chico Xavier e seu exército de palavras


Usando o nome de Humberto de Campos, na mensagem final sobre o caso do escritor maranhense que, postumamente, foi envolvido em processo judicial contra Francisco Cândido Xavier e a Federação "Espírita" Brasileira, o anti-médium mineiro lamentou o "exército de parágrafos" que significou a ação judicial dos herdeiros do escritor e membro da Academia Brasileira de Letras.

Pois que moral tem Chico Xavier para falar no "exército de parágrafos que atormenta(va)m os juízes" do texto divulgado em 1944? Suas obras foram um grande "exército de palavras" ditas de forma doce mas que promoveram, de forma irresponsável, a mistificação e deturpação da Doutrina Espírita e a manipulação de corações e mentes da gente desavisada.

A confusa trajetória de Chico Xavier, cheia de mistificações piegas que adoçam os corações de seus seguidores e envenenam suas vidas, é marcada de tantas irregularidades que é preocupante que eles acreditem que o anti-médium é a "pessoa mais purificada que passou pela face da Terra".

Pois uma coisa é errar, outra é errar de propósito, excessivas vezes e de forma frequentemente mais grave. Este segundo caso é o de Chico Xavier, que com seus 418 livros atribuídos à sua autoria como "médium" praticamente rasgou todos os ensinamentos trazidos trabalhosamente por Allan Kardec.

A quantidade é comemorada pelos "espíritas" brasileiros como uma espécie de "expressão máxima de caridade". No entanto, a leitura cautelosa da bibliografia de Chico Xavier é um grande engodo, no qual nada é aproveitável, porque até as ideias que parecem apreciáveis podem ser obtidas por outras fontes de maior confiabilidade.

Tudo é muito confuso na obra de Chico Xavier, em que se misturam propaganda religiosa com pedantismo científico, interpretações contraditórias de seus próprios seguidores, frases dóceis que glamourizam o sofrimento humano e tantas coisas duvidosas e arriscadas. Coerência, lógica e bom senso nunca existiram no dicionário de Chico Xavier.

Ele nem esteve por trás de boa parte dos livros, já que sua sobrecarga de compromissos o impedia de participar rigorosamente de todos os livros que levam o seu nome como "médium". Em muitos casos, os editores da FEB, como verdadeiros ghost writers vivos, produziam, imitando o estilo de discurso de Chico, e depois ele autorizava o uso de seu nome no crédito da obra.

São detalhes nebulosos, aos quais a polêmica já desqualifica a reputação de Xavier, porque não há como alguém se sustentar com segurança numa reputação superior se ela é recheada de tantos aspectos sombrios.

Afinal, que "luz" é essa que não passa de uma selva trevosa de tantas sombras? É possível relativizar erros, mas os erros de Chico Xavier são extremamente graves e os aspectos de sua vida são tão confusos e contraditórios que ele seria reprovado mediante uma avaliação final de sua obra.

A coerência, a firmeza e a lógica deveriam falar alto sobre a bondade. Afinal, a verdadeira bondade é, acima de tudo, coerência, firmeza, lógica, e não um véu confuso coberto de palavras dóceis e mistificações de suposta filantropia.

Chico Xavier nunca foi coerente, agiu sem firmeza em alguns momentos, em outros errou de propósito ou apoiou atitudes errôneas abertamente. E uma pessoa que escreve para "sofrermos amando", como se fosse bom ver as coisas dando errado na vida, não merece o status de "mais elevada pessoa que passou pela face da Terra".

O engodo que o "exército de palavras" dos livros chiquistas e das frases dóceis colecionadas nas mídias sociais foi muito ruim. Aliás, Chico Xavier fez mais coisas ruins do que boas, e mesmo algumas atividades tidas como "caridade" não passam de crueldades traiçoeiras.

Como as mensagens apócrifas atribuídas falsamente a espíritos de entes falecidos, que expunham as famílias à ostentação desnecessária de suas tragédias pessoais, prolongando as tristezas e exibindo sem necessidade alguma suas lágrimas e gestos de tristeza e comoção, que soam patéticos diante da exploração sensacionalista de dramas que poderiam ser guardados na privacidade.

A confusão de ideias sem pé nem cabeça, de grotescos erros históricos, de retrógrada pregação moralista, de mistificação religiosa extrema, tudo isso só permite a Chico Xavier ser visto como "espírito puro da mais superior elevação moral" diante das paixões terrenas de seus seguidores.

Isso porque eles, tomados de fé cega, aceitam erros e contradições, apoiados em estereótipos de filantropia, bondade e humildade que os fazem adorar a imagem de um velhinho frágil, logo as pessoas que não dão o mesmo valor para os idosos que estão em suas casas, como mães, pais, tios, tias, avôs, avós, sogros, sogras ou mesmo esposas, colegas de trabalho e amigos.

Tudo é confuso em Chico Xavier e sua obra é um amontoado de contradições. A mistificação e as luzes artificialmente produzidas em torno de sua pessoa não conseguem sustentar firmemente a sua imagem, porque a verdadeira bondade não sobrevive nesse pântano de mistificação, deturpação, erros, contradições e controvérsias que é a obra chiquista.

Bondade é, acima de tudo, lógica, coerência, honestidade, e o mínimo de erros possível, pelo menos erros sem gravidade. Não há como ver perfeição, bondade e humildade em pântanos de controvérsias e contradições. Daí ser compreensível que, quando alguém tenta apagar a "luz" de Chico Xavier, os chiquistas reagem com ódio e fúria. Nessa confusão toda, não há amor que se sustente em pé.

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