terça-feira, 30 de junho de 2015

A incompetência dos "grandes" no Brasil


O Brasil, como país emergente, tem como um dos graves problemas a prevalência da incompetência. Na política, nos meios acadêmicos e intelectuais, na tecnocracia e até no show business, para não dizer o mercado de trabalho, predominam líderes que demonstram serem desprovidos de talento e adotam sérias distorções de conduta nos seus trabalhos.

São pessoas que agem contra o interesse público e a favor de interesses pessoais. Prejudicam a sociedade com decisões que se mostram arbitrárias. Fazem malabarismo discursivo para dizer que seus atos egoístas são um primor de altruísmo. Não assumem um compromisso real de melhorias sociais.

Para piorar, o mercado de trabalho está tomado de desempregados que possuem um grande talento para desenvolver alguma profissão, mas que não conseguem emprego simplesmente porque os "de cima" têm medo de contratar alguém que pode ser mais inteligente e ousado do que eles.

Todos os mecanismos de seleção para emprego ou cursos, pela incompetência de seus líderes e seu julgamento de valor que envolve algum moralismo e muita burocracia, acabam permitindo o acesso às profissões por parte daqueles que não têm sequer vocação para este ou aquele trabalho.

Daí a predominância da incompetência. As funções são dadas a quem não sabe exercê-las. Aos incompetentes cabe apenas criar um arremedo de profissionalismo, uma retórica para justificar "com categoria" qualquer besteira, e caprichar na publicidade para criar vínculo permanente da função àquele que nada tem a ver com ela.

E isso cria uma elite de incompetentes, gente que tem até diploma, visibilidade, prestígio político e outros tipos de status elevados, mas não sabem desenvolver o trabalho que dizem assumir e não raro agem em prejuízo à sociedade, mas sempre apresentam alguma desculpa para este ou aquele ato arbitrário, ou para alguma omissão ou atitude ilícita.

Eles apenas usam a habilidade discursiva para darem a impressão de que suas ilegalidades são sempre autorizadas por lei. Desviam vírgulas, acentos e travessões para seus próprios interesses, e acham que os privilégios que acumulam para si são "justos" e "merecidos".

Eles formam uma "panela" (grupo fechado movido por ambições comuns), que acabam criando barreiras para outras pessoas, sobretudo de talento verdadeiro para o respectivo trabalho, entrarem no mercado de trabalho ou em postos de comando e liderança estratégicos.

PADRÃO ESQUIZOFRÊNICO

O que se observa é que o mercado de trabalho ou o mundo da fama e do prestígio de qualquer natureza acabam criando um padrão muito esquisito, bastante esquizofrênico, de um profissional, intelectual ou celebridade emergente.

Esse padrão de pessoa consiste num verdadeiro malabarista ideológico, alguém que é relativamente jovem mas é veterano em alguma coisa, um indivíduo que é ao mesmo tempo submisso e criativo, que quer ser levado a sério pela sociedade mas é um piadista (e um fanático torcedor de futebol, em muitos casos), um ignorante que precisa bancar o especialista no cargo que assumiu.

Esse quadro se deu a partir de um esquema que vem desde a ditadura militar e os governos marcados pelo "fisiologismo político" (Sarney, Collor, FHC). Envolve troca de favores, expressão de prestígio social, poderio tecnocrático justificado pelo diploma (que deixa de ser atestado do saber para ser uma moeda corrente para autorizar decisões arbitrárias), jogo de cintura e outras manobras.

Isso causa um grave prejuízo para o país, porque, da cultura à mobilidade urbana, da economia à ecologia, predominam as decisões e os interesses de pessoas sem qualquer visão autêntica sobre a causa abraçada, gente sem visão de mundo e que só pensa com seus umbigos.

Com a supremacia da incompetência, a falta de visão de mundo, o medo das responsabilidades pesadas e a ambição de um status social maior fazem com que não raro focos de corrupção surjam e cresçam, delitos quase sempre abafados quando existe um acordo para compartilhar todos os privilégios e vantagens obtidos pela "quadrilha".

SEM-TETO INTELIGENTÍSSIMOS

Enquanto os privilegiados exercem incompetência e corrupção nos altos postos de comando ou no espetáculo da visibilidade e do prestígio acadêmico, há casos de moradores de rua que são pessoas inteligentíssimas e até com formação universitária. No entanto, eles são sem-teto porque não possuem dinheiro sequer para pagar uma diária num hotel mais fuleiro.

Há um medo de empregadores contratarem pessoas muito inteligentes, que passariam os privilegiados que estão no poder para trás. Por isso existe hesitações, manobras mil, que envolvem até concursos públicos que exigem de tudo do candidato a um cargo público, menos a especialidade real desse cargo.

Aí usam artifícios e alegações moralistas, sobrecarregando programas de estudos pela ilusão de que é estudando demais que se aprende melhor as coisas, e aí os organizadores de concursos "esquecem" - ou descartaram de propósito? - os assuntos referentes ao próprio cargo específico, ou então os colocam em segundo ou terceiro plano.

Essas distorções sociais prejudicam o país, seja na corrupção política, seja no provincianismo cultural, já que prevalecem jornalistas culturais, cientistas sociais e até DJs que são desprovidos de uma visão amplamente cultural, preferindo ficarem restritos à mentalidade dos "grandes sucessos" comerciais ou de tolices veiculadas no YouTube e outras mídias sociais.

O Brasil não irá para a frente com a prevalência de incompetentes de todo tipo, protegidos seja pelo status político, pela visibilidade, pelo diploma, e por aí vai. São pessoas sem qualquer vocação natural e sem qualquer compromisso com a causa pública - como os políticos que governam o Rio de Janeiro - , que acabam criando malefícios para o país.

Em diversos aspectos, o Brasil torna-se mais atrasado, retrógrado, injusto. e muito longe do verdadeiro desenvolvimento social, cultural, econômico e político. Daí ser cada vez mais difícil o Brasil se tornar o tão sonhado líder da comunidade das nações.

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