SEPARADOS POR UM "MÉDIUM" MINEIRO - O administrador Frederick Taylor e o jesuíta Emmanuel compartilham das mesmas ideias.
O "espiritismo" brasileiro está mais próximo de Frederick Taylor, administrador e escritor norte-americano, do que de Allan Kardec. Taylor, que faleceu há 100 anos, foi o sistematizador de um conjunto de ideias para o Capitalismo que foram depois conhecidas como Taylorismo.
Engenheiro e ex-operário, Taylor, que viveu apenas 59 anos, é considerado pelos adeptos do Capitalismo o precursor da Administração Científica, embora seus conceitos de eficiência no trabalho encontrem uma racionalidade excessiva que hoje mostra seus malefícios, em consequência da rotina opressiva dos trabalhadores e os abusos nas funções hierárquicas de seus chefes.
O Taylorismo se baseava, numa análise mais rasteira, no cumprimento rigoroso das obrigações empresariais por parte de seus empregados mediante a obtenção de vantagens financeiras ou profissionais (como a promoção de cargos), levando em conta a relação entre a redução do tempo e o aumento da produtividade.
Taylor pensava numa divisão racional de funções em uma empresa e no estabelecimento de rotinas profissionais que menos exijam gastos e mais garantam lucros, com a realização de um maior número de atividades em menos tempo,
E o que isso representa? Mais sobrecarga no trabalho, dentro de um esquema que, nos padrões do Capitalismo na época de Taylor, os trabalhadores não podiam reivindicar aumentos salariais e não tinham qualquer garantia de proteção para a saúde e para a integridade física.
Se um operário sofreu um acidente de trabalho, era considerado um idiota. Se a operária pedia licença porque estava grávida e, após o parto, queria curtir o filho, ela era vista como vagabunda. Essas coisas mudaram, mas a opressão taylorista foi atualizada pelo neoliberalismo de hoje.
Existe até variações como o toyotismo, que amplia os conceitos tayloristas acrescentando, à tirania do tempo sobre a produtividade, uma diversidade de funções e atributos que sobrecarregam a já precária função do trabalhador, obrigando ele a, com pouca formação profissional e baixos salários, assumir atributos diversos sem ter competência para tal.
Afinal, o trabalhador não tem dinheiro suficiente para pagar um curso que lhe dê a amplitude necessária das funções que terá que assumir. E também sua bagagem profissional é insuficiente para que ele seja bombardeado com uma quantidade enorme de informações para diversificar e ampliar seus conhecimentos e habilidades em menor tempo.
Daí que o toyotismo (nome surgido por causa de um modelo de trabalho adotado na fábrica japonesa Toyota), o taylorismo redivivo da era tecnocrática, causou, no Brasil, episódios trágicos como a explosão, em 2001, na plataforma da Petrobras em Campos, de número P-36, causada por um erro técnico cometido por um funcionário sobrecarregado profissionalmente. Onze pessoas morreram.
Era a época da mentalidade "competitiva" trazida pelo neoliberalismo do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Mais trabalho, menos tempo, maiores aptidões, menores salários. Mais exigências para os trabalhadores, todavia com restrição de benefícios para os sucessivos limites do básico, que de básico em básico torna-se abaixo do básico necessário.
E O "ESPIRITISMO" BRASILEIRO?
O exemplo de Francisco Cândido Xavier revela o taylorismo religioso que seu "mentor" (na verdade obsessor), o tirânico jesuíta Emmanuel, impunha a seu subordinado, com a sobrecarga de compromissos e atividades que o anti-médium mineiro era capaz de obter.
Usando como desculpa o conceito moralista das pessoas se submeterem a sacrifícios e viverem coisas piores hoje para obter supostos benefícios futuros é um equivalente da máxima taylorista de trabalhar mais em menos tempo.
A desculpa da "vida futura", da "garantia" do incerto, de sofrer hoje para obter uma vantagem que ninguém sabe como será nem quando virá, é uma das mais explícitas heranças do Catolicismo medieval adotada pelo "espiritismo" brasileiro.
Essa crença das "bênçãos futuras", que alimenta o falso otimismo aceitas com submissão bovina pelos "espíritas", que sofrem sem reclamar, é o equivalente dos "prêmios" que a tirania do trabalho taylorista no "espiritismo" brasileiro.
A ideia dessa doutrina é a pessoa sofrer mais, com base no conceito de "quanto pior, melhor". O mito taylorista se encaixa na ideia "espírita" de que, quanto mais a pessoa sofrer infortúnios e malefícios, mais trabalhará sua evolução espiritual, através da paciência, da abnegação e da resignação.
O prazer é criminalizado, e mesmo quando o altruísmo é mais audacioso, principalmente por parte de artistas e intelectuais de personalidade diferenciada, ou de entes familiares comuns com alguma índole mais atuante e requintada, há uma maior chance de abreviação dessas vidas, como se transformar a sociedade fosse uma "maldade", sendo "crueldade" romper os limites do conformismo e da mediocridade.
Enquanto isso, pessoas que cometem erros graves são mais protegidas, embora sua única missão seja a de "limpar" apenas a reputação material de seus nomes e de seus atributos terrenos, quando a morte prematura dessas pessoas talvez lhes poupasse do envaidecimento e apego prolongado a seus nomes e atributos corrompidos pelo crime ou pela desonestidade extrema.
O taylorismo também poupa as autoridades e o patronato que cometem seus abusos e crimes, estes nem de longe são destinados a sofrer qualquer restrição ou imposição. Afinal, são eles que estão autorizados a reduzir salários e, não fossem as pressões dos movimentos operários de hoje, eles sonegariam até mesmo as mais essenciais garantias à saúde e ao bem-estar dos empregados.
Daí a afinidade de Frederick Taylor com Emmanuel e, por conseguinte, por Joana de Angelis. Esses espíritos, de maneira tirânica, sempre ordenaram seus subordinados, Chico Xavier e Divaldo Franco, a trabalharem até quando estavam doentes e cansados. Adotavam desculpas moralistas para convencê-los, o que deixaria Frederick Taylor bastante orgulhoso.
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