terça-feira, 5 de maio de 2015
Segundo Chico Xavier, ETs iriam compensar destruição do Hemisfério Norte
A "profecia" de Francisco Cândido Xavier é um relato cheio de estranhezas. Não bastassem erros de abordagens, que sugerem, por exemplo, que os eslavos deixariam seus países frios para viverem no calor do Nordeste, o anti-médium mineiro superestimava a missão de extraterrestres na Terra.
Segundo o relato de seu sonho de 1969, Chico Xavier dizia que, no século XX, a Terra teria recebido o aumento de visitas de naves extraterrestres, supondo que um breve contato com ETs iria influir diretamente no progresso da humanidade.
Juntando os diversos pontos de seus devaneios oníricos, Xavier, que acreditava que o Hemisfério Norte se tornaria uma região inabitável depois de 2019 e que o mundo remanescente entraria em contato com civilizações de outros planetas, que trariam conhecimentos úteis para o progresso da humanidade, então podemos fazer uma análise a respeito.
Segundo Chico Xavier, a destruição do "velho mundo", conhecido pelos avanços de caráter científico, cultural e intelectual - a próspera Escandinávia estaria incluída nessa "zona" - , seria compensada pela contribuição "valiosa" não só dos imigrantes remanescentes de áreas destruídas, como dos seres de outros planetas que visitariam a Terra.
Quer dizer, acreditava o católico caipira que o progresso da humanidade se daria através de algo que não conhecemos - a religião sempre toma o incerto como "certeza absoluta" - , o contato com extraterrestres, tão enigmático quanto o contato com espíritos do além.
Os "espíritas" têm essa certeza de que algo que não conhecemos ditará o nosso futuro, sem que possamos sequer prever algo mais consistente do que especulações de caráter místico e moralista, quando sabemos que sua religião, que no fundo desconhece completamente a Ciência Espírita, conhece ainda menos de Ufologia.
Além do mais, para um "espiritismo" inspirado nos dogmas católicos medievais - só descartou os aspectos mais coercitivos - tanto faz o "velho mundo" ser exterminado por completo, como a Antiguidade Clássica quase foi totalmente perdida com as guerras que depois constituíram o poderio do Império Romano.
O progresso intelectual, cultural e científico, que trabalhosamente era desenvolvido pela Grécia e Roma antigas, foi praticamente comprometido e só penosamente recuperado mais de mil anos depois. E, quando o "velho mundo" começa a pensar suas crises e seus dilemas, eis que um caipira mineiro roga o fim desse mundo experiente.
E aí ele aponta como solução o parcial legado do "velho mundo", através de réplicas existentes ou difundidas em países como Brasil e Austrália, incluindo traduções, ou da colaboração de remanescentes que imigrariam nos países do Hemisfério Sul.
Não se fala como se daria a Internet no caso, embora essa tecnologia tenha sido implantada justamente no mesmo ano da "profecia" de Chico Xavier, então conhecida como Arpanet, e restrita ao âmbito militar.
Ela salvaria o legado do "velho mundo"? Até que ponto haverá arquivos protegidos? Perderemos, por exemplo, documentos sobre a fundação de Paris e Londres, tal como se perderam os de Roma? E o armazenamento desses documentos, haverá tempo de todos serem carregados pelos "povos do Sul"?
Tudo isso acaba complicando a "profecia" de Chico Xavier, que costura moralismo religioso com delírios alienófilos, que fazem com que a ideologia chiquista sempre aposte no progresso de fora, enquanto a nós cabe sofrermos calados e conformados, e fazermos a tal "reforma íntima" para aceitar os absurdos e barbaridades que acontecem em nossas vidas.
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