quinta-feira, 28 de maio de 2015

Brincadeira do "Desafio Charlie" expressa nova "tábua Ouija"


Uma nova prática perigosa de evocação de espíritos virou mania entre os jovens, conforme vídeos divulgados nas mídias sociais. É o "Desafio Charlie" ("Charlie Challenge") ou simplesmente a brincadeira do "Charlie, Charlie", que se torna a nova "tábua Ouija" da vez.

A brincadeira consiste em colocar uma folha de papel e nela escrever as palavras "sim" e "não" em posições diagonais, formando uma quadrinha de quatro opções. Dois lápis são colocados em posição transversal, formando uma cruz.

Uma pergunta, qualquer que seja, é feita para um suposto espírito, denominado Charlie. O lápis que está posicionado acima do outro se movimenta e a resposta que alcançar, seja "sim" ou "não", é atribuída ao espírito.

Muitas pessoas ficaram impressionadas e até assustadas com o jogo, mas há quem ache isso ridículo, não o vendo mais do que uma brincadeira, uma simulação de contato espiritual. O grande problema é que mesmo nessas simulações a influência de espíritos brincalhões pode se tornar perigosa. Eles se divertem mesmo quando a brincadeira não seja necessariamente uma evocação espiritual.

Desde o Egito Antigo, práticas desse tipo eram feitas, e consistem na chamada necromancia, que é evocar os espíritos dos mortos para oferecerem uma resposta pronta sobre qualquer fato ou sobre o futuro de uma pessoa.

Em muitos casos, é um ritual místico, em outros uma brincadeira sobrenatural, mas a verdade é que se trata de uma prática sem a menor confiabilidade, que pode trazer impressões enganosas ou danos para a vida de cada pessoa.

E A "TÁBUA OUIJA" DO "ESPIRITISMO"?

O "movimento espírita", através dos comentários de seus líderes e palestrantes, julgam o fenômeno do "Desafio Charlie" como uma perigosa brincadeira que faria com que a ingenuidade dos instintos juvenis se deixassem levar por espíritos obsessores que participam desse jogo de perguntas e respostas.

Segundo a interpretação deles, o "movimento espírita" usa de forma "responsável" os dons mediúnicos, e que os "médiuns" Chico Xavier e Divaldo Franco tiveram suas trajetórias marcadas de "muita disciplina", feita com "precisão e rigor cirúrgicos".

Mas a realidade mostra que não é bem assim que acontece. Mesmo os "renomados" Chico e Divaldo estão associados a práticas tão perigosas e fúteis quanto o "Desafio Charlie", e, mesmo com Chico já falecido e Divaldo se aposentando da prática, eles não deixam de serem alvos de questionamentos severos.

Afinal, os dois, católicos fervorosos e discípulos de Jean-Baptiste Roustaing (apesar de Divaldo dizer que "pouco conhece" da obra do advogado francês), nunca estudaram a Ciência Espírita e nem quiseram desenvolver, a sério, a limitada mediunidade que tinham.

Em vez disso, a relativa mediunidade que os fazia falar com os espíritos do além - sobretudo seus respectivos mentores católicos, Emmanuel (que foi o Padre Manuel da Nóbrega) e Joana de Angelis (que NÃO foi Joana Angélica, porque a autoritária "orientadora" de Divaldo destoava em personalidade da sóror do Convento da Lapa) - e psicografar pereceu e se corrompeu.

Dessa forma, Chico Xavier preferiu escrever mensagens da sua própria mente e atribui-las aos espíritos do além. As mensagens apresentavam apenas sua caligrafia e seus textos eram muito semelhantes entre si. Divaldo foi na carona, mas depois resolveu, com seus falsetes, inventar que também fazia psicofonia.

E tudo isso era feito com os dois anti-médiuns fazendo propaganda do "espiritismo" que já nasceu deturpado no Brasil e tomado da mais absoluta irresponsabilidade. Só que todo um jogo de aparências, envolvendo um arremedo de filantropia e um simulacro de moralidade foi feito pelo movimento religioso e toda uma propaganda fez Chico e Divaldo virarem grandes mitos.

Tudo isso era feito com a astúcia e a pretensa serenidade dos líderes "espíritas". Algo que não se vê no comportamento impulsivo dos jovens que fazem o "Desafio Charlie" ou dos "leigos" que faziam a "tábua Ouija" e outras brincadeiras do tipo.

Só que aí a coisa é mais grave, porque os piores erros vêm sob a máscara dos falsos acertos, pretensamente grandiosos. A grandiloquência e a simulação de elevação moral faz com que as brincadeiras puxadas por Chico Xavier e Divaldo Franco tornassem muito mais perigosas do que a evocação espiritual forjada pelas brincadeiras juvenis.

Isso porque é muito mais fácil combater o "Desafio Charlie". Uma boa bronca dos pais e uma campanha na Internet podem desfazer a brincadeira com alguma eficiência. Já as brincadeiras de Chico e Divaldo vestem a capa da "moralidade plena" e da "caridade pura", o que torna suas práticas ainda mais traiçoeiras. Nestas práticas, os espíritos zombeteiros se divertem mais ainda.

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