sábado, 2 de maio de 2015

Parte dos chiquistas não aceita tese da "Data-Limite"

UMA CORRENTE DE CHIQUISTAS NÃO LEGITIMA RELATOS DIVULGADOS POR GERALDO LEMOS NETO (FOTO).

Outro problema que complica a situação da suposta "profecia" de Francisco Cândido Xavier é o fato de que o relato teria sido dado por outra pessoa, aparentemente sem registro do que o próprio anti-médium mineiro havia dito de sua própria voz.

Existe uma corrente dos chamados "chiquistas" - seguidores e adeptos de Chico Xavier - que mantém o que eles acreditam de "rigor realista" de sua pessoa. Essa corrente se limita a ver o anti-médium como uma figura "bondosa" e restrita apenas ao que ele havia dito ou feito de forma supostamente mais evidente.

Segundo essa corrente, a dos "chiquistas puros", Chico Xavier não pode ser usado para atribuições além de sua função de "médium" e "filantropo". Ele estaria limitado apenas a atos de caridade, divulgação de mensagens e ao que ele disse ou escreveu de maneira mais evidente.

Isso significa que essa corrente não admite que Xavier seja usado para virtudes além das mais evidentes, não aceitando qualquer tipo de mensagem subliminar, seja ela de caráter positivo ou negativo, e mesmo aquelas que exaltassem a sua figura em prol de qualidades "excepcionais".

A tese que eles defendem é a de que Chico Xavier seria uma figura ao mesmo tempo "inocente e pura", "simples e humilde", e definem sua imagem aos limites de sua origem humilde e sua missão aparentemente filantrópica.

Com isso, eles não aceitam que Chico Xavier seja definido através de interpretações de terceiros, da mesma forma que se recusam a interpretá-lo fora do seu discurso aparente, mesmo que seja para colocá-lo no clube de grandes cientistas.

Eles são capazes de questionar tanto o suposto milagre da "estátua que chora", como se atribuiu ao busto em homenagem ao anti-médium no seu mausoléu em Uberaba, que exagera na sua reputação religiosa, como nas alegações de "antecipação científica" das obras atribuídas a "André Luiz".

Da mesma maneira, os "chiquistas puros" acham ofensivo dizer que Chico Xavier apoiou fraudes de materialização, fez plágios literários, cometeu "leitura fria" para colher dados para supostas psicografias e fez julgamentos cruéis como no caso das vítimas da tragédia do circo de Niterói, acusadas de terem sido "cidadãos sanguinários" que viveram na Gália (atual França).

CONTRADIÇÕES

Os "chiquistas puros" afirmam que só defendem uma imagem "mais realista e coerente" de Chico Xavier, e, embora eles acertem ao se recusarem a reconhecer no anti-médium qualidades que nunca lhe existiram, como de "cientista" e "analista político", erram pelo fato de ignorarem que mesmo os aspectos mais "realistas" de seu ídolo também são mistificação.

Em primeiro lugar, eles se sentem ofendidos quando veem terceiros afirmarem "Chico Xavier disse", "segundo Chico Xavier", quando não há registro do anti-médium dizendo tais ideias pelas próprias palavras. Como no caso de Geraldo Lemos Neto atribuir ao religioso de Pedro Leopoldo a ideia de que seríamos salvos por extraterrestres, que os "chiquistas puros" acham "um absurdo".

Mas eles não fazem o menor questionamento sobre, por exemplo, os livros atribuídos ao espírito de Humberto de Campos, que uma observação cautelosa reconheceria disparates em relação à obra que o autor maranhense produziu em vida. Eles não questionam que Chico Xavier pusesse sob a responsabilidade de Humberto ideias e narrativas que o escritor e acadêmico nunca escreveria.

Um livro como Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, para citar o mais famoso livro dos que se atribuem oficialmente ao espírito de Humberto de Campos, nunca teria sido escrito pelo autor maranhense, pelos constantes erros históricos, pela narrativa confusa e fabulosa e pelo tom melancólico que Chico Xavier produziu para o "espírito Humberto".

Essas pessoas ficam ofendidas quando outros "falam por Chico Xavier", mas não se cuidam que Chico Xavier também usou outros nomes para lançar suas ideias, sobretudo Humberto de Campos, mas também Olavo Bilac, Castro Alves e até Auta de Souza, os quais se notam aberrantes contradições de estilo e ideias nos supostos poemas espirituais.

Será que não ficariam ofendidas quando Chico Xavier vinha com "Humberto de Campos disse", "segundo Olavo Bilac", "como dizia Auta de Souza" e coisa parecida? Com lágrimas, reclamam que Chico Xavier "não está aí para reclamar", quando veem terceiros falando em nome do anti-médium.

Mas essas mesmas pessoas agem com profunda indiferença quando também se fala que Humberto de Campos, Auta de Souza, Olavo Bilac e tantos outros não estão aí para reclamar o uso leviano de seus nomes pela pena tendenciosa de Chico Xavier.

Achando que estão defendendo a visão de Chico Xavier "fiel" à realidade, os "chiquistas puros" na verdade defendem um mito e uma fantasia. Isso porque a trajetória de Chico Xavier não passou disso mesmo: sua mistificação e mitificação, como propaganda para o religiosismo do "movimento espírita" de herança católica-medieval.

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