sábado, 17 de fevereiro de 2018

A decadência da Nova Era que os "espíritas" não conseguem explicar


A chamada Nova Era foi um grande fiasco. A ideia de uma sociedade "evoluída", sob o prisma do misticismo e da religiosidade, não fez sentido e o mundo se torna bastante complexo e complicado, principalmente em regiões de forte inclinação religiosa, que se tornam palcos de incidentes trágicos, conflitos, confusões e atos desonestos, entre outros crimes.

A retomada ultraconservadora de 2016 - que trouxe o Brexit britânico, o empresário Donald Trump à Presidência dos EUA, a queda de Dilma Rousseff e a ascensão de Michel Temer e focos de manifestações neo-fascistas no mundo inteiro, inclusive no Brasil - deu o sinal, e nas vésperas de 2019, o prazo final da "profecia" de Francisco Cândido Xavier, simplesmente nada aconteceu de profundamente melhor na nossa humanidade.

Sabe-se que a "profecia", divulgada por Geraldo Lemos Neto em 1986 após uma conversa com Chico Xavier, se deu com base num sonho que o "médium" disse ter tido em 1969, depois de 20 de julho daquele ano, data em que uma equipe de astronautas dos EUA viajaram para a Lua.

No sonho, Chico Xavier, Emmanuel, autoridades dos planetas do Sistema Solar (?!) e Jesus Cristo (?!?!) se reuniram, debatendo os riscos de uma Terceira Guerra Mundial. Teriam decidido, em consenso, que haveria um prazo de 50 anos para a humanidade se evoluir, caso contrário haveria catástrofes que dizimariam o Hemisfério Norte até tornarem ele inabitável e abririam espaço para o Brasil dominar a humanidade na Terra.

A tese é risível e cheia de falhas de caráter geológico e sociológico. Por exemplo, a "profecia" alega que o Chile seria um dos países poupados no caso de uma catástrofe geológica (como erupções vulcânicas e terremotos, além de tsunamis e furacões). Impossível. O Chile faz parte do Círculo de Fogo do Pacífico e, no caso de ocorrer explosões vulcânicas, maremotos e terremotos que dizimariam o Japão e o Estado da Califórnia, nos EUA, o Chile teria o mesmo destino de desaparecimento.

Outro dado errôneo é a migração de populações eslavas para o Nordeste brasileiro e da de estadunidenses para a Amazônia. No primeiro caso, o Nordeste é muito quente para as condições térmicas dos eslavos. O próprio Chico se esqueceu que, quando os eslavos vieram ao Brasil, eles escolheram como locais de colonização o interior de São Paulo e a Região Sul do país.

No segundo caso, a tese é inconcebível. Estadunidenses só vão à Amazônia para atividade econômica ocasional, no caso o desmatamento ilegal que está a serviço de grandes empresas madeireiras, concorrendo com as empresas dos "tigres asiáticos" (como China, Coreia do Sul e Tailândia), que fazem atividade semelhante. Para fixar residência, o povo dos EUA sente maior identificação, pela natureza social e cultural, com cidades como Rio de Janeiro e São Paulo.

"ESPÍRITAS" INDECISOS

O que se observa é que, se aproximando o fim da "data-limite", os "espíritas" não conseguem explicar se haverá ou não a "Nova Era" que eles tanto prometeram no auge dessa religião (atualmente o "espiritismo" brasileiro sofre uma séria decadência).

Os "espíritas" se perdem em explicações que se contradizem. Numa, dizem que a humanidade "está se evoluindo" e a mídia é que "não mostra". Através dessa tese, tentam dizer que em 20 de julho de 2019 "será chegada a hora".

Mas em outra explicação, eles dizem que "será um período de dificuldades". Divaldo Franco, na sua presunção, se apressou e colocou duas datas para a "regeneração plena": 2052, ano de centenário da Mansão do Caminho e, a título de bajulação, 2057, ano de dois séculos de lançamento da primeira edição da obra seminal O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.

O mais ridículo é que o "espiritismo" trabalha com várias hipóteses de "fim do mundo" ou "regeneração" há muito tempo. Pelo menos desde 1952 se estabelecem datas "decisivas" aqui e ali, promovendo divertimento entre as lideranças "espíritas" às custas da crendice popular, criando um gancho para lotar as "casas espíritas".

Essa prática foi reprovada por Allan Kardec, que daria um grande puxão de orelha em Chico e Divaldo, porque o Codificador reprova o estabelecimento de datas prévias de evoluções planetárias, atitude que o pedagogo francês claramente definiu como "indício de mistificação".

Além disso, pretensos profetismos só servem para vender livros e fazer enriquecer os falsos profetas, e vemos o quanto o "espiritismo", apesar de suas atividades "gratuitas", é bastante mercenário. Seus "médiuns" e palestrantes se enriquecem fazendo palestras para a alta sociedade, produzindo filmes sensacionalistas e livros mistificadores, e usam a "profecia" para alarmar a sociedade, criando um misto de expectativa e pânico que fazem lotar as "casas espíritas".

Isso é terrível e a realidade prova que essas "profecias" são um fiasco. 2019 será um grande fiasco e, se houver um pouco mais de bom senso, o "espiritismo" brasileiro poderá ser finalmente contestado e os deturpadores, que, pelo menos por quatro décadas (desde a "fase dúbia" - bajular Kardec e seguir Roustaing - dos anos 1970), tinham em suas mãos a "posse da verdade", serão duramente questionados, pelo fracasso de suas predições fantásticas e sensacionalistas.

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