GERALDO LEMOS NETO COM FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Muito se fala da suposta "profecia" de Chico Xavier, e observa-se uma porção de equívocos que simplesmente desqualificam o relato do sonho que o anti-médium mineiro teve em 1969 e que foi relatado por Geraldo Lemos Neto que o divulgou a partir de 1986.
No entanto, há também uma outra hipótese que aumenta ainda mais o rol de confusões causadas por esse relato, que resultou no livro Não Será em 2012 e no documentário Data-Limite Segundo Chico Xavier. A de que a suposta "profecia" ter sido uma mentira.
E de onde teria partido essa mentira? De Geraldo Lemos Neto querendo se autopromover com tamanho sensacionalismo? Por que ele levou 17 anos para divulgar as supostas previsões? E com que finalidade ele queria com isso?
Ou o relato do sonho teria sido uma mentira contada pelo esperto Francisco Cândido Xavier? Ele era conhecido plagiador de livros, católico fervoroso e ideologicamente ultraconservador - ele seria alinhado entre os religiosos de direita - que se apropriou da fachada "espírita" para jogar Allan Kardec no lixo das boas ideias nunca devidamente aproveitadas no Brasil.
A nosso ver, não acreditamos que Geraldinho, como era conhecido o homem que recebeu os relatos oníricos de Xavier, tenha inventado tamanhos desvario. Acredita-se que ele, amigo e entusiasmado fã do anti-médium, tenha agido em total respeito e admiração à sua figura.
Se Geraldo Lemos Neto exagerou em alguma coisa, foi na idolatria e no seu desejo em ver Chico Xavier visto como "cientista" e "estrategista político", conduzindo toda a sua interpretação do tal sonho para este sentido.
Um desses exageros seria Geraldo atribuir, equivocadamente, relatos de militares sobre naves extraterrestres em 1964 e 1967 como uma "confirmação" da suposta "profecia" de Chico Xavier. Nunca fatos passados antes iriam confirmar uma profecia, porque a profecia se dirige ao futuro, nunca se destinando a comprovar o que já ocorreu e que foi comprovado pelos fatos em si.
O que provavelmente podemos inferir é que, se há alguma mentira, ela partiu de Chico Xavier, um homem supostamente frágil mas que, de acordo com as conveniências, era capaz de fazer julgamentos ferinos, fraudes e outros tipos de espertezas.
Se usarmos a hipótese de que a "profecia" da "data-limite" teria sido uma mentira, então ela se constituiu quando Chico Xavier, ao relatar o sonho, inventou com base em algumas crendices suas e em alguns devaneios de ordem política, geológica e humanitária para causar impressão ao jovem Geraldinho e seduzi-lo na sua boa-fé, atraindo sua confiança.
O sonho é complexo demais para render uma "profecia" tão minuciosa, sobretudo em se tratando de um relato de um católico fervoroso, dotada de pedantismo geopolítico-científico, o que pode fazer sentido na hipótese de muita coisa ter sido inventada por Chico Xavier sem que ele tivesse sonhado com boa parte de seus relatos.
Em todo caso, é muito estranha a atribuição como "profecia" de um sonho que os "espíritas" definem como "desdobramento da alma". Para a maioria dos chiquistas, Chico Xavier "não" sonhava, mas se "transportava" para o mundo espiritual, como figura "especial" que atribuem até hoje a ele.
As contradições, equívocos e exageros do sonho, em si, já põem em xeque o caráter de "profecia". Sem falar que o próprio Allan Kardec reprovava com muita firmeza a ideia de determinar datas fixas para acontecimentos futuros. Para ele, a ideia de "Data-Limite" é, por si mesma, natimorta.
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