segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Superinteressante e a inútil polêmica em torno de Chico Xavier


Uma polêmica desnecessária acontece em relação ao caso de Francisco Cândido Xavier e a cobertura da revista Superinteressante, a respeito de sua suposta mediunidade. Tanta celeuma se faz para legitimar a duvidosa atividade de Chico Xavier, com base nos clichês de caridade associados ao anti-médium mineiro.

Desde há uns cinco ou seis anos, a Superinteressante tenta abordar Chico Xavier de forma ainda mais confusa, como um leigo que tenta se aventurar num assunto que não é de sua especialidade. Há muito disso na imprensa brasileira, pessoas fazendo coberturas de forma despreparada, o que dá na baixa qualidade de nosso jornalismo.

Mas essas questões param aí se não percebermos que Chico Xavier também não entendia de Doutrina Espírita, já que ele foi o maior deturpador do sistema de pensamentos cuidadosamente elaborado e estudado por Allan Kardec. Tido como o "homem mais bondoso do Brasil", para não dizer do "mundo" e do "universo", Chico no entanto cometeu uma crueldade aberrante com Kardec.

Afinal, deturpar e depois associar-se ao mestre cujas lições deturpou de maneira leviana e fútil, é uma crueldade. Seja por influência de outrem ou por decisão própria, Chico Xavier simplesmente rasgou as lições de Allan Kardec e sonegou os mais preciosos conselhos, preferindo criar uma outra doutrina, alucinada, delirante, moralista e piegas, que só o lobby que o cercou conseguiu consagrar como "Espiritismo".

As reportagens de Superinteressante não põem em xeque a suposta mediunidade de Xavier, até a legitimam dentro da perspectiva desejada pelo "movimento espírita". Mas o que se observa é que a revista não aborda o anti-médium com o "cuidado" que as lideranças "espíritas" esperavam.

Não há um cuidado, sob o ponto de vista do "movimento espírita", da revista evitar o sensacionalismo  e as frases irônicas - a revista trabalha com textos bastante informais e usa sacadas humorísticas, metáforas e ironias - e tratar Chico Xavier como uma excêntrica figura, o que desagrada as lideranças, assim como a evocação dos pontos polêmicos, como a acusação de que Chico teria fraudado as cartas.

O "movimento espírita" precisa manter um aparato. Eles seguem a mistificação e deturpam a doutrina de Allan Kardec, mas precisam manter um aparato de "fidelidade" ao pedagogo francês. Precisam explicar as coisas "à luz da ciência" dentro de uma construção de discurso que é tendenciosa e confusa, mas feita de forma mais verossímil possível.

Esse é o problema da polêmica em torno de Superinteressante e suas diversas reportagens e artigos sobre Chico Xavier, e que se torna desnecessária porque o anti-médium mineiro, o maior deturpador da Doutrina Espírita e o maior inimigo interno da Doutrina Espírita, pior até do que Jean-Baptiste Roustaing, não merece a menor credibilidade.

A gente observa que não dá para dar crédito a cartas que mostram sempre o mesmo estilo do anti-médium e cujos dados teriam sido trazidos pela "leitura fria", que o presidente da Rádio Rio de Janeiro, o dirigente "espírita" Gerson Simões Monteiro, declara "ofensiva".

Ofensiva? A confusão que a pretensa psicografia de Chico Xavier causou já é suficiente para desconfiar de sua prática. Se existe confusão demais, a coerência não encontra morada. Sabemos que dói nos "espíritas" essa questão de cobrar lógica, e eles, posando de vítimas, não aceitam a lógica quando ela vai contra seus interesses.

Observa-se isso mesmo. Cartas com o mesmo estilo igrejista e que, quando tentam mudar o estilo, soam grotescas. O caso Jair Presente é ilustrativo. A primeira carta do falecido jovem apresentava o mesmo estilo igrejista de Chico Xavier. As cartas posteriores, no entanto, soam como uma espécie de paródia grosseira de um jovem transtornado e nervoso que acabou de "cheirar pó".

Chico Xavier já realizou pastiches literários fáceis de serem identificados. E isso não é ofensivo. É só comparar, com o máximo de isenção possível, os livros que os espíritos alegados fizeram em vida e os que são atribuídos a eles por Chico Xavier e se verá uma diferença gritante.

Humberto de Campos voltaria a nos comunicar com a linguagem de um sacerdote católico? De jeito nenhum! E Auta de Souza perderia aquele jeito de jovem menina escrever poemas, com sua delicadeza feminina, para dar lugar à linguagem típica de Chico Xavier?

Como é que notar essas coisas é considerado ofensivo e desrespeitoso? E isso partindo de um radialista, Gerson Monteiro, que inventou a bobagem de que Chico Xavier previu vida em Marte nos anos 1930 quando, mais de meio século antes, o assunto era fartamente debatido e analisado, com todos os elementos que se supôs "pioneiros" em Chico Xavier!

Ficar entre a postura hesitante e leiga de Superinteressante e a defesa apaixonada dos "espíritas" em torno de Chico Xavier se revela uma inutilidade, porque nenhum dos dois lados está de acordo com a coerência e o bom senso de Allan Kardec, que, sem a menor hesitação, teria reprovado Chico Xavier por definitivo, por este ter sido um péssimo aluno da Doutrina Espírita.

Isso não é ofensa, é fato. É só verificar os livros de Allan Kardec e verá o quanto o anti-médium mineiro contrariou o pensamento do pedagogo francês. Isso não é um ato de calúnia, mas de observação criteriosa e honesta.

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