quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

"Espíritas" se perdem: afinal, umbral existe ou não existe?

CENA DO FILME NOSSO LAR, MOSTRANDO O UMBRAL.

Diante da grave crise no "movimento espírita", eles tentam de todo jeito desmentir ou explicar suas posturas. Cheios de contradições, ora recorrendo a Allan Kardec, ora recorrendo a Divaldo Franco e Francisco Cândido Xavier, eles se perdem até diante de suas próprias posturas.

Sem saberem dizer se o umbral é uma construção material ou uma alegoria imaginária de espíritos perturbados, eles, ao falar nas consequências funestas do suicídio, tentam desmentir qualquer comparação do que entendem como umbral e o Inferno católico.

Aliás, eles nem sabem explicar se o umbral é permanente ou provisório, ou quantas orações são necessárias para que um ente querido saia dessas zonas, ou se o sujeito, ao sair de tais áreas, se evolui rapidamente ou não. Tentando tomar o incerto como certo, se perdem em incertezas.

Uma mensagem de uma falsa Cássia Eller, que chegou a dizer que no umbral haviam "monstros" e "dragões cuspindo fogo", chegou também a dizer que o "umbral não fora criado por Deus; ele é de autoria dos espíritos que necessitam de um autêntico e genuíno estágio educativo em zonas inferiores, onde poderão se depurar de suas construções aleijadas no campo dos sentimentos e dos pensamentos disformes, mal estruturados e mal conduzidos por nossa irresponsabilidade, de mãos dadas com a imensa ignorância que nos faz seres infelizes e distantes da tão sonhada paz de consciência".

Ideia materialista, associada a julgamentos moralistas e um padrão de aprendizado submetido a esse mesmo moralismo. Afinal, se o umbral não é uma criação divina, mas uma zona "de aprendizado" criada por espíritos, a definição dessa zona inferior se torna mais confusa, porque é um Inferno ou um Purgatório.

Nem as entidades que se dedicam a adolescentes infratores chegam a confusão tão grande, eles que costumam transformar projetos de alojamentos de menores que cometem delitos e crimes em verdadeiras prisões.

O umbral que se torna pior do que filmes de terror, como na mensagem da suposta Cássia Eller divulgada no Lar Frei Luiz, no Rio de Janeiro - onde um suposto médium, que chegou a fazer parte de uma farra da falsa materialização de médicos árabes, com trajes carnavalescos, em 1969, foi assassinado - , não poderia ser ao mesmo tempo considerado Inferno e Purgatório.

Um ideólogo "espírita" chegou a citar o livro O Céu e o Inferno, de Allan Kardec - evidentemente, não na tradução de José Herculano Pires - ao afirmar que as penas eternas não existem. Tudo bem. Mas o pesadelo do umbral, que contraria a análise contida no referente livro, espécie de condenação prolongada que só faria sentido na materialidade terrena, "existe" para os "espíritas".

Quer dizer: "existe" e "não existe". Contraditoriamente, os "espíritas", eventualmente afeitos a bajular Allan Kardec, tentam argumentar que o "umbral" é fruto da consciência pesada do homem corrompido pela falta de amor e pelo ódio.

Depois os mesmos "espíritas" vão correndo, felizes da vida, para os braços de Chico Xavier e dizer que o "umbral" é uma zona material, semelhante a uma caverna, espécie de cracolândia do além-túmulo. Uma grande contradição fruto da desonestidade doutrinária que desvia os "espíritas" para longe da bússola kardeciana.

Acreditando piamente na existência do "umbral", chegam às vezes a dizer que ele "não existe" e que não passa de fruto de consciências atormentadas. Acreditando na Teologia do Sofrimento de forma um tanto envergonhada, mas felizes em ouvir Chico Xavier dizer para "sofrermos amando", eles vão fazer palestras "espíritas" dizendo que "nós não viemos para sofrer".

Com tudo isso, o "espiritismo" não consegue ser um porto seguro para pessoas que sofrem problemas morais e pedem ajuda para entidades assistencialistas de alguma espécie. Perdido em contradições, a doutrina brasileira é a última a cogitar em ajudar a resolver os problemas, com sua desonestidade doutrinária que influi nas energias confusas e maléficas que envolvem seus integrantes, mesmo os mais gabaritados.

Por isso é que torna-se ruim recorrer a uma religião que prega para que "sofrêssemos amando" para resolver os problemas, se nos tratamentos espirituais, em vez de resolver tais transtornos, contraímos outros ainda mais graves. Se o umbral existe, é o próprio "espiritismo" brasileiro em sua essência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.