terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Mediunidade no Brasil é dominada pelo faz-de-conta

O MELHOR QUE A IDEIA DE MEDIUNIDADE TEM, NO BRASIL, SÃO ILUSTRAÇÕES BONITINHAS COMO ESTA. JÁ A PRÁTICA...

Infelizmente, o que se entende no Brasil como mediunidade é, em sua quase totalidade, uma grande fraude. Quase nada é feito de maneira honesta ou confiável, e dá para perceber o quanto os "espíritas" precisam promover seu "bom-mocismo" para que tais práticas, altamente duvidosas, tenham alguma "credibilidade".

A história do "movimento espírita" revela uma grave sonegação dos seus seguidores aos ensinamentos originais de Allan Kardec. A preferência à mistificação barata de Jean-Baptiste Roustaing marcou o movimento e envolveu até pessoas que depois tentaram renegar as raízes roustanguistas, inclusive Francisco Cândido Xavier.

Diante desse quadro grave, obras "substitutas" tiveram que ser feitas para evitar o cientificismo de Allan Kardec. Nos Domínios da Mediunidade, por exemplo, era um livro lançado em 1955 por Chico Xavier para desviar os brasileiros do conteúdo de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, que em muitas passagens inclui dados que desmascarariam os "espíritas" brasileiros.

Só bem mais tarde o "movimento espírita" passou a ter uma tendência dúbia, forjando uma tardia, tendenciosa, oportunista e falsa "fidelidade a Allan Kardec", enquanto se mantinha o habitual igrejismo de raiz roustanguista.

Mas de uma forma ou de outra os simulacros de prática dos ensinamentos kardecianos já norteavam o "movimento espírita" desde há muito tempo, e isso incluiu um pseudo-cientificismo que era adotado para dissimular ideias igrejistas e conceitos moralistas.

A partir dessa atitude dúbia, mascarando o obscurantismo da fé pelo verniz do esclarecimento científico, os "espíritas" forjaram um padrão de mediunidade que envolve um "pacote" de procedimentos que se tornaram clichês, não por serem realmente verídicos, embora se impusessem falsamente como tais, mas porque se popularizaram com o apoio da grande mídia.

Vemos o desconhecimento total do pensamento de Franz Anton Mesmer, cientista alemão que analisou o Magnetismo (base dos primeiros estudos do professor Rivail, antes deste adotar o codinome Allan Kardec), que só chega ao público brasileiro em segunda ou terceira mão, em obras de terceiros que não necessariamente compreendem com honestidade o pensamento mesmeriano.

E aí, com essa ignorância proposital e o desprezo às fontes originais, os "espíritas" criaram uma "mediunidade" de forma improvisada, como crianças que brincam de médico ou de caubói. Sem ter noção de coisa alguma, fez-se algo de qualquer jeito, sem saber. E aí a coisa se complicou, quando tais práticas começaram a se tornar populares e famosas.

E aí, o que vemos? Passes que não passam de um ato ridículo de pessoas sacudindo mãos sobre as cabeças de outras. Psicografias que são mensagens forjadas pelos "médiuns" e que refletem o estilo pessoal deles. Psicopictografias (pinturas mediúnicas) que não passam de paródias grotescas e malfeitas dos estilos de pintores falecidos. Psicofonias que são mero show de falsetes, como nas imitações feitas pelos comediantes. Materializações que na verdade consistem em modelos vestidos de roupa branca usando fotos impressas de personalidades falecidas. Cirurgias espirituais de procedimento duvidoso e feitas de forma irregular e à revelia do conhecimento científico.

E tudo isso é considerado "mediunidade verdadeira". Há, pasmem, artigos considerados "sérios" descrevendo tudo isso como se fosse "prática autêntica". A sisudez dos acadêmicos que endossam essas fraudes, aliada ao poder das instituições "espíritas" e ao estereótipo de "bondade" trazida por "médiuns-estrelas", ou anti-médiuns, como Chico Xavier e Divaldo Franco, acabam fazendo com que a "brincadeira perigosa" se propagasse e consolidasse de maneira muito preocupante.

Escândalos ligados a fraudes de materialização, denunciando práticas de ilusionismo circense, de psicografias que não refletem caraterísticas pessoais dos falecidos, de pinturas "mediúnicas" que indicam contrastes grotescos com os estilos originais dos autores alegados, são efeitos de tantas práticas fraudulentas causadas pelos "espíritas". Ou cirurgias "espirituais" cujos "médiuns" de repente são vítimas de alguma tragédia vinda do nada.

É ingênuo demais acreditar que esses escândalos e confusões acontecem porque opositores do "bondoso espiritismo" reagem com fúria insólita ao "trabalho do bem", até porque seria fútil imaginar que pessoas reagiriam a esses atos assim por nada. Ninguém se enfurece porque fulano é bom. Se enfurece porque, no caso que relatamos, são fenômenos que se tentam legitimar através de práticas que tão claramente mostram fraudes e irregularidades diversas.

No referido processo judicial do caso Humberto de Campos, os juristas se sentiram intimidados diante da figura de "caipira bonzinho" de Chico Xavier. Acharam que a ação judicial era "improcedente" e houve um empate jurídico que favoreceu o anti-médium mineiro, primeira amostra do exemplo de como posar de "bonzinho" pode convencer e seduzir muita gente.

Ninguém percebeu, naquela época, o ano de 1944, que Chico Xavier realmente cometeu uma fraude, se apropriando indevidamente do nome de Humberto de Campos, para fazer sua fraude literária. A esperteza de Xavier foi tal que ele evitou usar o nome de Machado de Assis, por ver que isso seria ir longe demais nos seus pastiches literários.

Lendo os livros do suposto espírito "Humberto de Campos" com as obras que o autor maranhense deixou em vida, nota-se claramente o disparate extremo, grotesco e preocupante, das obras aqui publicadas e da suposta "obra espiritual", em que o saudoso membro da Academia Brasileira de Letras "regressou" escrevendo como se fosse um tristonho e rebuscado padre católico.

Infelizmente, centenas de milhares de famílias acabaram seduzidas por esse ritual de faz-de-conta e muito sensacionalismo que se tornou a "mediunidade" brasileira. E, em vez de repetir o caráter discreto e quase anônimo dos médiuns autênticos que viveram no tempo de Kardec, observa-se o estrelismo associado a Chico Xavier e Divaldo Franco, que foram promovidos a arremedos de "filósofos", falsa atribuição garantida num Brasil que nunca teve grandes filósofos.

Tudo virou um espetáculo circense que ilude e engana as pessoas, mas que é tratado como se fosse uma prática séria e transparente. Infelizmente, praticamente tudo que se conhece popularmente como mediunidade é apenas faz-de-conta, simulacro, fraude, Mas as pessoas deixam passar porque tudo isso é feito sob o pretexto da "caridade".

Daí que o tema mediunidade se torna prejudicado no Brasil. Mediunidade virou uma prática desmoralizada, sem confiabilidade, se o pessoal acredita é porque há credulidade, não confiabilidade. E o desprezo aos ensinamentos de Allan Kardec é notório pelo "movimento espírita", e isso cria uma péssima escola de "médiuns", a partir dos lamentáveis casos de Zíbia Gasparetto, Chico e Divaldo, que espalharam uma prática de simulacro que hoje é tido como "verdade". Mas não é.

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