sábado, 6 de fevereiro de 2016
Foto de Chico Xavier olhando de frente mostra semblante "pesado"
Quando as Organizações Globo tratavam Francisco Cândido Xavier como um exótico paranormal, na década de 1930, pouco antes da hostilidade do jornal O Globo nos anos 1950 e da adoração atual por parte do mesmo jornal, mas também e, mais ainda, da Rede Globo de Televisão e da Globo Filmes, um dado chama muito a atenção.
Numa reportagem de 1935, Chico Xavier é fotografado olhando de frente, e evitamos publicar esta foto porque o semblante é simplesmente assustador. Mas a foto está disponível na busca do Google. O "homem chamado amor", embora aparentemente tranquilo e dando um leve sorriso, parece sugerir um olhar maligno e traiçoeiro.
Não, não é desaforo. Está na Internet. Evitamos a reprodução desta foto, porque o olhar é bastante assustador. O que mostra a influência de espíritos traiçoeiros na mente do anti-médium mineiro, que muitos imaginam ser a "bondade personificada" mas se tornou um dos maiores deturpadores e usurpadores da história da Doutrina Espírita.
Chico Xavier personificou muito bem o "inimigo interno" que o espírito Erasto advertiu, preocupado, para as pessoas no tempo de Allan Kardec. Prevenido, Erasto avisou até mesmo do cuidado que temos que tomar com o aparato de "bondade" e de "boas mensagens" que os inimigos do Espiritismo iriam trazer para convencer as pessoas.
Chico Xavier tornou-se o astuto funcionário que até desempenhava honestamente seu serviço. No entanto, usou sua limitada paranormalidade para se ascender socialmente, e, vendo sua "mediunidade" como um trampolim social, afastou do seu convívio os espíritos de boa moral que, de início, cercaram ele e ficaram horrorizados com a farsa de Parnaso de Além-Túmulo.
O ambicioso deturpador da Doutrina Espírita, promovido pela mistificadora e roustanguista Federação "Espírita" Brasileira a um "Rei Midas" do "movimento espírita", tinha um grande projeto traiçoeiro de apropriação espiritual, além de fazer o primeiro remendo de Parnaso, pondo em xeque a "boa reputação" do livro poético como "obra acabada da espiritualidade superior" (se assim fosse, o livro não necessitaria de tantas revisões).
Esse plano maligno foi a revanche que Chico Xavier queria fazer contra o escritor Humberto de Campos. Em 1932, o escritor maranhense escreveu uma resenha em duas partes, no Diário Carioca, sobre Parnaso de Além-Túmulo, na qual o autor de O Brasil Anedótico mostrava sua habitual ironia.
Em princípio, Humberto "reconhecia" as semelhanças entre os poemas do livro "mediúnico" e o legado que os autores alegados deixaram em vida. Mas isso pode parecer uma ironia, ou o relato de uma "primeira impressão".
Mas o que pode ter irritado Chico Xavier é que o desfecho da resenha, em vez de "evocar" as "mensagens positivas da espiritualidade superior", dentro dos apelos de "fraternidade cristã", era que Humberto reclamava da concorrência das "obras do além" sobre o trabalho literário dos vivos.
Nesta época, Humberto estava lançando o livro O Monstro e Outros Contos, em que um dos contos, intitulado "Jesus", não tinha evocação religiosa, mas uma alegoria, baseada em crenças católicas, de um menino Jesus que não queria ser considerado "Deus", mas apenas desejava viver como criança comum.
Daí que Humberto morreu, dois anos depois, e aí Chico Xavier inventou um sonho no qual alega ter sido procurado por um grupo de pessoas, dentre elas Humberto de Campos, que teria dito: "Você é o menino do Párnaso? Prazer, sou Humberto de Campos". Era a desculpa dada para a suposta parceria espiritual.
Só que essa "parceria" era uma farsa muito fácil de ser diagnosticada. É só ler os livros que Humberto de Campos deixou em vida e comparar com as obras "espirituais" que levam o seu nome. Os estilos são completamente diferentes e, evidentemente, não há um traço da personalidade de Humberto que esteja presente nos livros "mediúnicos", nem os que levam o codinome "Irmão X" (paródia de um dos pseudônimos que Humberto lançou em vida, "Conselheiro XX").
A farsa foi iniciada em 1935 e teve como motivo embarcar na comoção popular com a morte, prematura, do escritor (Humberto morreu aos 48 anos), e assim se iniciou a obsessão de Chico Xavier com Humberto de Campos, algo mais insólito e surreal que se viu na História do Brasil.
Afinal, Chico Xavier virou "dono" de Humberto de Campos num único caso em que a apropriação indébita de um estranho por alguém morto é não só beneficiada pela impunidade da Justiça, mas abertamente estimulada e apoiada por setores influentes da sociedade.
Torna-se, portanto, o caso de impunidade social, em que um delito não só fica dispensado de sofrer qualquer punição judicial de acordo com a lei, como passa a ser visto como uma "atitude positiva" por amplos setores da sociedade.
Nem mesmo o processo judicial movido pelos herdeiros de Humberto de Campos conseguiu barrar o pernicioso caminho de Chico Xavier, liberado "de graça" pelos juízes porque não entenderam a proposta do ato processual movido, apesar do advogado dos familiares, Milton Barbosa, ter apontado fraudes grotescas nas obras "mediúnicas", que Humberto teria sido incapaz de escrever.
Pior: Chico Xavier, que na verdade queria se promover às custas de Humberto de Campos, acabou sendo visto como "humilde psicógrafo que só lançava livros por caridade", e os familiares de Humberto, que queriam apenas verificar a autenticidade da obra, é que levaram injustamente a má fama de "mercenários" e "usurpadores" do legado do seu próprio ente querido.
Foi algo muito traiçoeiro. Na fase final do julgamento, ainda foi lançada uma suposta mensagem de Humberto de Campos que, como se sabe aqui, foi na verdade escrita por Chico Xavier e Antônio Wantuil de Freitas, presidente da FEB, naquele ano de 1944. E a farsa se seguiu tranquilamente, sob a condição de, "para evitar mais dissabores", usar o pseudônimo de "Irmão X".
Foi aí que Chico Xavier se tornou uma das pessoas mais espertas e mais beneficiadas pela impunidade na História do Brasil. Um realizador de pastiches literários e católico ortodoxo com alguma paranormalidade, que se transformou no "homem mais perfeito do mundo" sob o patrocínio tendencioso da FEB e, depois, de políticos, juristas, empresários da grande mídia e outros poderosos.
Daí o sentido do semblante pesado de alguém que parecia tramar alguma coisa, e que olhava para a frente das câmeras com um olhar assustador e maquiavélico, embora aparentemente tranquilo. A má energia trazida por Chico Xavier prenunciava uma série de armadilhas, várias delas valendo até hoje, mesmo depois de morto o "médium". Faltou cautela do Brasil diante de espertalhões assim.
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