segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

O "espiritismo" que não ajuda pede para que se ajude o próximo no Carnaval

EMMANUEL - Ele mesmo sintonizado com as orgias momescas, usando sua fantasia de senador romano.

O "espiritismo" é uma doutrina igrejista cheia de contradições, que comprova aspectos contrários à doutrina de Allan Kardec, devido à combinação de moralismo católico medieval e práticas hereges ocultistas e também da Idade Média, que compensam o desconhecimento dos "espíritas" sobre o verdadeiro rigor científico do pensamento kardeciano.

Com uma pregação igrejista, o esperto padre jesuíta Manuel da Nóbrega cai em contradição quando condena o sensualismo do carnaval, do qual atribui um período de "intensificação das más energias espirituais" - o que é um exagero, pois más energias independem de períodos e lugares e mesmo no Natal ocorrem também chacinas e atos terroristas e o "alegre" Reveillon brasileiro teve até tragédia num barco turístico em 1988, o Bateau Mouche, - e pede para que "ajudemos o próximo".

O "espiritismo" é uma das religiões da Teologia do Sofrimento, ideologia que faz apologia das desgraças humanas, que recomenda aos sofredores a aceitação de seus infortúnios em troca de "graças no além", e que os "espíritas" chegam a defender com mais entusiasmo que os católicos (que geralmente se dividem quanto à ideologia, que é defendida por correntes mais conservadoras).

O texto que reproduziremos, divulgado por Francisco Cândido Xavier (ele mesmo defensor da Teologia do Sofrimento) e de autoria de Emmanuel (ele mesmo afeito à recreação momesca, ao se fantasiar de senador romano que não entende latim, como o falso índio que quer apito), reflete esse igrejismo e a noção moralista de "caridade"

O estereótipo "espírita" da caridade, que geralmente não previne, se limita apenas a remediar quando a desgraça já ocorre, e serve apenas como recurso de evitar os efeitos extremos do sofrimento. Como reflexo da Teoria do Sofrimento, o "espiritismo" acaba aceitando as desigualdades sociais, apenas combatendo para evitar que elas fossem "longe demais".

Geralmente o recado se dirige à classe média. É a classe média que socorre os miseráveis, enquanto os privilegiados ficam no seu conforto. Quem está entorpecido no luxo e na luxúria não costuma ajudar, e também os apelos para que não questionemos coisa alguma permite que os privilégios dos confortáveis sejam mais mantidos do que combatidos, apesar de reconhecidos como "um mal".

Quem tem demais que se mantenha com o que tem. Que "erre" e "cometa seus pecados" sossegado, enquanto nós oramos em silêncio para que os "bacanas" olhem para os necessitados. Enquanto isso, os custos da miséria extrema são financiados sempre pela classe média, pois aqueles que mal conseguem ter "um pouco mais" é que precisam financiar a redução da miséria, reduzindo seu "meio-conforto" diante de caridades paliativas.

E de que adianta Emmanuel dizer para "reprovar a loucura generalizada que adormece as consciências", se é de praxe, nas confusas energias "espíritas", que mais se estimule que combata as energias fúteis, pois o país influenciado pela "boa vibração espírita" deixou abrir caminho para as futilidades mais extremas, como um mercado popularesco que estimula que mulheres façam suas carreiras mostrando seus corpos como se fossem mercadorias de consumo.

Portanto, o texto que vamos ler é de uma hipocrisia tal, pois se trata de um igrejismo barato que em nada contribui para resolver os verdadeiros sofrimentos humanos, estudar seus motivos e os fatores de desigualdade que influem em tantas injustiças. Emmanuel limita-se apenas a deixarmos a folia de lado para "ajudar os necessitados", dentro daquela metodologia paliativa que se conhece, fazendo uma caridade que nem de longe ameace os privilégios dos privilegiados.

Eles continuam lá na sua folia, com suas bebedeiras, drogas, ou mesmo bailes de gala em que a formalidade se torna não só um luxo, mas uma luxúria à parte com seus homens parecendo pinguins aos se vestirem de smoking. E, fora do grande monde, mulheres siliconadas insistem em mostrar o óbvio de seus glúteos e bustos enormes em fotos forçadamente sensuais repetidas à exaustão.

Portanto, a mensagem nada diz em torno de transformações sociais de qualquer espécie, sendo mais um apelo católico para uma caridade que muito pouco ajuda de verdade, e que mais parece um desfile de palavras moralistas vindos de um jesuíta que pedia para as pessoas nunca questionarem. Até porque, se questionar, o próprio Emmanuel e Chico Xavier seriam desmascarados.

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SOBRE O CARNAVAL

Emmanuel - Ditado para Francisco Cândido Xavier em Julho de 1939, publicado na revista O Reformador, da Federação "Espírita" Brasileira.

Nenhum espírito equilibrado em face do bom senso, que deve presidir a existência das criaturas, pode fazer a apologia da loucura generalizada que adormece as consciências, nas festas carnavalescas.

É lamentável que, na época atual, quando os conhecimentos novos felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhe a chave maravilhosa dos seus elevados destinos, descerrando-lhe as belezas e os objetivos sagrados da Vida, se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com o título de civilização.

Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas, geralmente incompreendidos pelos homens, lhes burilam o caráter e os sentimentos, prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do progresso espiritual, a licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas almas indecisas e necessitadas do amparo moral dos outros espíritos mais esclarecidos, a revivescência de animalidades que só os longos aprendizados fazem desaparecer.

Há nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso das forças da treva nos corações e, às vezes, toda uma existência não basta para realizar os reparos precisos de uma hora de insânia e de esquecimento do dever.

Enquanto há miseráveis que estendem as mãos súplices, cheios de necessidade e de fome, sobram as fartas contribuições para que os salões se enfeitem e se intensifiquem o olvido de obrigações sagradas por parte das almas cuja evolução depende do cumprimento austero dos deveres sociais e divinos.

Ação altamente meritória seria a de empregar todas as verbas consumidas em semelhantes festejos, na assistência social aos necessitados de um pão e de um carinho.

Ao lado dos mascarados da pseudo-alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mães aflitas e sofredoras.

Por que protelar essa ação necessária das forças conjuntas dos que se preocupam com os problemas nobres da vida, a fim de que se transforme o supérfluo na migalha abençoada de pão e de carinho que será a esperança dos que choram e sofrem? Que os nossos irmãos espíritas compreendam semelhantes objetivos de nossas despretensiosas opiniões, colaborando conosco, dentro das suas possibilidades, para que possamos reconstruir e reedificar os costumes para o bem de todas as almas.

É incontestável que a sociedade pode, com o seu livre-arbítrio coletivo, exibir superfluidades e luxos nababescos, mas, enquanto houver um mendigo abandonado junto de seu fastígio e de sua grandeza, ela só poderá fornecer com isso um eloquente atestado de sua miséria moral.

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