quinta-feira, 23 de abril de 2015
Erupção vulcânica no Chile contraria "profecia" de Chico Xavier
Parece um cenário infernal, prenunciando o fim do mundo e anunciando um território a se tornar inabitável, diante da explosão de um vulcão soltando lavas e fumaça, comprometendo até mesmo viagens aéreas.
Japão? Havaí? Itália? Algum despertar vulcânico na Costa Oeste do solo dos EUA? Não, trata-se do Chile, país sul-americano que não é vizinho do Brasil, mas é relativamente próximo e descrito por Francisco Cândido Xavier como uma das áreas "protegidas" pelas catástrofes violentas que atingiriam o planeta depois de 2019.
Nem é preciso dizer que estamos ainda antes de 2019. Mas o fato de estarmos a quatro anos da dita "data-limite" pode nos fazer inferir e avaliar tantas coisas, questionando a validade da onírica predição de Chico Xavier já bem antes da conclusão do prazo de 50 anos após o sonho de 1969.
Chico Xavier se baseou em critérios religiosos e algumas avaliações primárias, como mapas cartográficos, e criou uma "geopolítica de papel" para julgar o que ele imaginaria ser as transformações que a Terra supostamente sofreria nos próximos anos.
São critérios assim, em que um mapa-mundi, por si só, bastava para Chico Xavier predizer o futuro da humanidade, que mostram seus diversos e graves erros de abordagem, tanto de ordem geológica e geográfica, quanto de ordem sociológica.
Por exemplo, o que fariam os norte-americanos vivendo no Acre? E os eslavos, vindos de países frios, enfrentando o calor do Nordeste? Se fosse assim, com essa "geopolítica de mapa-mundi", os brasileiros, em vez de viajarem para Miami, Los Angeles e Nova York, iriam para o Tennessee ou para o Alabama. Se bem que os reacionários "coxinhas" brasileiros achariam uma boa ideia viverem no ultraconservador Alabama.
O Chile, que já enfrentou várias ocorrências sísmicas e vulcânicas trágicas - uma das piores ocorreu em 22 de maio de 1960, quando um terremoto e um maremoto dizimou milhares de pessoas e deixou outros milhares de desabrigados e feridos - , faz parte do Círculo de Fogo do Pacífico, região de intensa atividade vulcânica e sísmica no planeta.
Na tragédia de 1960, houve um terremoto de 9,5 pontos da escala Richter, considerado um dos maiores, que resultou num gigantesco maremoto que atingiu sobretudo as cidades de Valdívia e Concepción, e a erupção do vulcão Puyehue. Cerca de 5700 pessoas morreram e 2 milhões saíram feridos. As ocorrências chegaram a ameaçar a realização da Copa do Mundo de 1962.
Nos últimos dias, dois vulcões, Villarica e Calbuco, entraram em erupção, causando alertas em várias regiões do país. Só a erupção do Calbuco, cuja única grande erupção ocorreu em 1961, um ano após a tragédia do maremoto e do terremoto no país, comprometeu várias regiões e cancelou os voos para Puerto Montt e Bariloche, importantes polos turísticos do Chile e da Argentina, respectivamente.
O vulcão Calbuco, em pouco mais de dez minutos após a erupção, soltou uma grande fumaça que tomou conta do céu, juntando uma nuvem de cinzas que gerou também relâmpagos. Um montanhista que percorria o lugar está desaparecido. As escolas das cidades da região, onde 4 mil pessoas tiveram que abandonar suas casas, tiveram suas aulas suspensas.
Se levássemos em conta o teor da violência das catástrofes que Chico Xavier narrou para Geraldo Lemos Neto, e que resultou no livro Não Será em 2012, deste e de Marlene Nobre, e no documentário Data-Limite Segundo Chico Xavier, de Fábio Medeiros, o Chile teria sido, sem dúvida, uma das regiões a serem destruídas ou tornadas inabitáveis no planeta.
A Terra não se comporta de forma maniqueísta em dois hemisférios. Além disso, quando há atividades vulcânicas e sísmicas em países como Japão e Itália, frequentemente também ocorrem fenômenos semelhantes em países como Chile e Argentina, que têm áreas integrantes do mesmo Círculo de Fogo do Pacífico que envolve áreas como Japão, México, Filipinas e o Estado da Califórnia, nos EUA.
O Círculo de Fogo do Pacífico e áreas localizadas na Europa, África e parte da Ásia ainda apresentam estruturas geológicas consideradas recentes, o que significam atividades vulcânicas e sísmicas intensas, que não necessariamente se medem pelos limites da linha do Equador, o traço imaginário que divide a Terra em dois hemisférios.
O que poucos sabem é que foi justamente um terremoto que se tornou a raiz do "espiritismo cristão", uma vez que o terremoto e maremoto em Portugal, em 1755, que arrasaram Lisboa e outras áreas, gerou um prejuízo incalculável que fez o Marquês de Pombal, primeiro-ministro português, cancelar investimentos, entre eles os das atividades da Companhia de Jesus no Brasil.
O "espiritismo" teria surgido como uma revanche de algumas correntes católicas pelo fim das atividades jesuítas no Brasil. Daí a deturpação da doutrina de Allan Kardec através de toda uma importação de valores jesuíticos de herança medieval, incluindo alguns que, depois, nem a Igreja Católica se interessou mais em manter.
A ocorrência de grandes erupções vulcânicas no Chile mostra o quanto a "geologia de papel" de Chico Xavier está errada, já que o mundo não é a junção de duas fatias diferentes. Mais uma vez a "profecia" da "data-limite" caiu por terra, diante de tamanhos erros de geologia.
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