terça-feira, 21 de abril de 2015
Com "senha", Chico Xavier ridiculariza critérios do C.U.E.E.
Conta-se que, no final da vida, Francisco Cândido Xavier comunicou a três pessoas uma espécie de "senha" ou "código secreto" que verificaria a "veracidade" de suas mensagens assim que retomar a comunicação no mundo espiritual.
Junto a ele estavam dois Eurípedes, o Eurípedes Higino, filho adotivo de Chico Xavier, o médico Eurípedes Tahan e Kátia Maria, esta já falecida. Chico teria revelado a eles o código que eles deveriam identificar para reconhecer a veracidade de sua mensagem.
A "senha", que nenhum dos três revelou - sobretudo Kátia, por razões óbvias - , é cheia de irregularidades e ela, em si, é um dos episódios mais ridículos e hilários que envolvem o anti-médium mineiro, o suposto "profeta" da "data-limite".
Os dois remanescentes ficam cheios de dedos ao explicar se vão ou não revelar a senha, diante do impasse de analisar as supostas mensagens que vieram usando o nome de Chico Xavier depois que ele morreu, em 2002. Eles temem que as supostas mensagens pudessem trazer repercussões bastante arriscadas ou perigosas.
Eles preferem dizer que "não há necessidade" de divulgar o suposto código secreto, já que o "código maior" de Chico Xavier foi "seu trabalho para o bem". Uma coisa vaga e que não diz muito sobre a necessidade ou não de saber que códigos são esses e quais mensagens poderiam ou não ser de Chico Xavier.
UMA SÉRIE DE EQUÍVOCOS
A história da "senha" é, portanto, um episódio surreal. Nela se reúnem os mais diversos absurdos, que à luz do raciocínio lógico seriam facilmente desmentidas, e que fazem o caso apenas mais uma das histórias feitas para mistificar Chico Xavier.
Para começar, não existe segredo no mundo espiritual, e a senha nem de longe é uma opção confiável para reconhecer a veracidade de uma mensagem. Muitos espíritos farsantes poderão se servir dessas mesmas senhas para escrever mensagens com o devido capricho de tornar tudo verossímil, se esforçando para apresentar todos os elementos descritos por Chico Xavier.
O próprio anti-médium mineiro, pelo que ele fez se apropriando da memória dos mortos e usurpando seus nomes, seria alvo de um "troco", porque brincadeira puxa brincadeira e se Chico Xavier brincava de ser "Humberto de Campos" fazendo um discurso igrejista só para sacanear o escritor maranhense, que era ateu e associado a uma prosa laica, alguém vai brincar de ser "Chico Xavier".
O próprio anti-médium mineiro criou um método fraudulento de forjar psicografias, criando um padrão de mensagens de puro panfletarismo religioso, que servem muito bem para supostos médiuns incapazes de se comunicarem com os espíritos do além e que, por isso, precisam inventar mensagens "fraternais" e usar os nomes dos mortos para ludibriar seus familiares com "categoria".
Se Chico Xavier foi o primeiro que praticou essa bagunça, fazendo mensagens apócrifas vindas de sua própria imaginação, mandando seus colaboradores colher informações dos familiares dos mortos - fraude nem sempre admitida pelos colaboradores do anti-médium - e pondo tudo na autoria dos espíritos, mesmo que irregularidades evidentes sejam apresentadas.
RINDO DA CARA DE ALLAN KARDEC
Chico Xavier, que nunca foi simpático à obra de Allan Kardec, por ela apresentar um cientificismo que contraria severamente o religiosismo devoto do anti-médium, praticamente riu da cara do professor lionês quando decidiu anunciar a sua "senha" para três amigos seus.
Isso porque Kardec, para preservar seu caminho de abordagem científica e prepará-lo para os novos tempos, criou o Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos (C.U.E.E.) que, diz uma piada picante, os "espíritas" valorizam pela metade, aproveitando apenas as duas primeiras letras.
Esse controle se baseava no que Allan Kardec escreveu não apenas em seus livros mais conhecidos, mas em todo um sistema de conhecimentos paciente e trabalhosamente escritos na Revista Espírita, e ele estabeleceu formas que permitam condicionar esses conhecimentos para novas tecnologias e para outros processos de transformação social no planeta.
Kardec temia pela deturpação que "aventureiros da fé" tendiam a fazer, e fizeram, como se vê no caso brasileiro. E o Brasil, o país do "jeitinho", no começo preferiu Jean-Baptiste Roustaing a Allan Kardec, mas teve a "doce" hipocrisia de tentar dar a impressão contrária.
E aí temos a máscara de "Allan Kardec" usada para um roustanguismo enrustido e mal-assumido, do qual Chico Xavier deu um tempero brasileiro, tirando os "criptógamos carnudos" ("vermes" com almas humanas) e colocando os "animais domésticos do além" no lugar.
Isso porque o "espiritismo" brasileiro nem de longe seguiu os rígidos critérios do C.U.E.E., O próprio vale-tudo da falsa mediunidade é uma prova disso. E como é que Chico Xavier vai usar uma "senha" para ter controle de suas mensagens? Ele mesmo, responsável por tantas fraudes, iria ter controle sobre suas supostas mensagens espirituais? Não.
É até surpreendente o medo dos "espíritas" em verificar as supostas mensagens de Chico Xavier, falando dos "riscos" que elas podem causar, quando o anti-médium mineiro, "dono dos mortos", tão famoso por sua pretensa mediunidade, "não pode mais" se expressar.
Quem deve, teme, e o que está em jogo são as consequências que, num efeito bumerangue, se voltam contra quem transformou a atividade mediúnica numa fraude. Talvez a "senha maior" fosse que espíritos zombeteiros se aproveitassem do mito de Chico Xavier para usarem seu nome em pastiches literários ou missivistas, ou então usando supostos médiuns para sugeri-los a escrever suas mensagens.
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