EMMA WATSON APARECE NUM DOS FILMES DA SAGA HARRY POTTER AO LADO DO ATOR ALAN RICKMAN, FALECIDO POR CÂNCER.
A sociedade atual, nesta era pós-moderna, costuma divinizar pessoas fúteis, indignas ou mesmo criminosas, enquanto tenta desqualificar pessoas que procuram defender um mínimo de dignidade para a espécie humana.
Desta forma, numa época marcada pela mediocridade e estupidez, pessoas de personalidade mais fútil são vistas como "autênticas". Nivela-se os valores por baixo e quem demonstra ser fútil, frívola, canalha ou cafajeste sempre tem mais chances de ser admirado e respeitado.
Daí que um mal-entendido acabou vitimando a atriz inglesa Emma Watson. Ela, que participou da saga Harry Potter, série de longas-metragens infanto-juvenis inspiradas nos livros da escritora J. W. Rowling, estava apenas homenageando o colega Alan Rickman, veterano ator que faleceu há poucos dias de câncer, e que fazia o professor Snape. Emma fez o papel de uma de suas alunas, Hermione.
Pois Emma, na sua conta do Twitter, ao mencionar uma frase feminista de Alan Rickman, foi chamada de oportunista com a causa que ela defende, o novo feminismo através da palavra-chave #HeForShe.
Rickman teria dito, antes: "Nada há de errado em um homem ser feminista, eu penso que isso é para nossa vantagem mútua". Muitos internautas acusaram Emma de empurrar sua causa ao utilizar uma frase de Rickman sobre o feminismo, quando apenas lembrou que o saudoso colega apoiaria a causa.
Nada demais. Emma é militante da causa #HeForShe e ela citou a frase do colega por curiosidade, não como uma forma de empurrar sua causa. Mas ela "paga o preço" de procurar ser correto num mundo onde o "correto" é agir errado.
No Brasil, mulheres que fazem o papel de objetos sexuais, transformando seus corpos em verdadeiras mercadorias de consumo simbólico de homens com impulsos sexuais desenfreados, são até elogiadas pela mídia do entretenimento.
Ninguém acusou, pelo menos por meio de comentários difundidos em grande quantidade, a funqueira Renata Frisson, a Mulher Melão, de ter empurrado sua "sensualidade" num evento como um toplesszaço no Rio de Janeiro, feito para alertar sobre problemas como a violência doméstica e o câncer de mama.
O evento, que aparentemente investe na exibição de seios nus, era uma forma de um grupo de feministas em chamar a atenção para o corpo feminino, sem fazer apelos eróticos baratos. No entanto, a Mulher Melão, que é empresariada por um machista, invadiu o evento e desviou a atenção de jornalistas, inclusive estrangeiros, por conta de seu grotesco sensacionalismo.
Para piorar, a Mulher Melão tentou fazer um discurso infeliz se autoproclamando "feminista", quando se sabe que ela simboliza a exploração machista da mulher, reduzida a um objeto de desejo de machos tomados de excitações sexuais desenfreadas.
Mas a funqueira é "sincera" e "autêntica" e até "corajosa" em se destacar num evento como aquele, enquanto as verdadeiras manifestantes se sentiram lesadas em ver a causa ser empastelada por uma funqueira oportunista que não sabe o que é o melhor papel que a mulher merece exercer na sociedade.
Isso faz sentido para uma sociedade onde o "correto" é ser errado, uma deturpação grosseira do termo "gente como a gente" que apela para a apologia do erro, das imperfeições e dos defeitos, confundindo simplicidade com inferioridade social, moral e cultural.
Infelizmente, a balança sempre pesa no lado mais digno, e se vê Emma Watson sendo criticada num esforço dela em promover uma nova visão de feminismo. Pessoas têm coragem de chamá-la de oportunista e impostora, só porque ela tenta ser diferente da mesmice fútil que domina o entretenimento nesses tempos caóticos de hoje. Infelizmente, os valores andam muito invertidos.
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