quinta-feira, 28 de janeiro de 2016
Rio de Janeiro é um dos maiores redutos de trolagem no país
A decadência que existe no Rio de Janeiro não é só ligada à Economia e Segurança. Ela ocorre, acima de tudo, pela intensa crise de valores que acontece nos últimos anos, pelo declínio que parecia ser apenas parcial e de fácil solução até dez anos atrás, mas que, depois disso, se tornou uma queda vertiginosa.
O Rio de Janeiro está em "queda livre" entre as cidades que são tidas como "referências nacionais". Na cultura, a própria futilidade do "funk carioca", que no recheio traz as "musas populares", com seus glúteos e bustos aberrantemente siliconados, vendendo sua imagem de mercadorias sexuais de maneira obsessiva, forçada, feita "na marra" para atender aos desejos de libido de uns tarados digitais.
A intolerância social dos cariocas e fluminenses tornou-se notável, e nas mídias sociais muitos encrenqueiros não conseguiam enxergar a diversidade cultural, de pessoas que pensam diferente do "estabelecido", o que faz esses vândalos digitais reagirem com trolagens e blogues ofensivos.
São pessoas que acreditavam nos papéis lineares que cabem numa sociedade conservadora. Atribuem o poder de decisão de qualquer coisa, mesmo a popularização de uma gíria, a quem é dotado de fama, de muito dinheiro, de diplomas e de poder político. Pode ser uma decisão nociva, mas se ela é "garantida" por diplomas, ela é aceita de maneira firme, qualquer contestação a ela pode ser ridicularizada ao extremo.
Enquanto isso, as classes populares que rompem com estereótipos são humilhadas sem piedade. Se mulheres negras não se limitam a fazer os papéis de faxineiras, lavadeiras, cozinheiras de locais miseráveis ou mesmo a função machista de funqueiras e se tornam atrizes de TV, apresentam quadros de telejornais e se tornam professoras, advogadas e intelectuais renomadas, os encrenqueiros digitais logo lhes disparam comentários racistas.
Recentemente, um portal de ônibus mostrou uma foto de um micro-ônibus do Rio de Janeiro. De repente, uma enxurrada de comentários ofensivos é despejada na Internet, com trocas violentas de acusações e desaforos.
A busologia mostrou-se o reduto da intolerância, do radicalismo e do desrespeito. Recentemente, busólogos que apoiavam o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e defendiam a pintura padronizada nos ônibus - uma das medidas implantadas pelo político carioca - faziam uma campanha difamatória contra busólogos discordantes, chegando a criar blogue de ofensas e "comentários críticos" (página que foi desativada depois de denunciada ao SaferNet, entidade voltada a receber denúncias de crimes na Internet).
A trolagem é um efeito do espírito de intolerância e da mania de "pensamento único" do Rio de Janeiro, que faz o Estado se tornar um dos maiores redutos de trolagem do país, provavelmente o maior, estando acima até de São Paulo, segundo maior reduto de ofensas pessoais na Internet.
A intolerância social no Rio de Janeiro, que envolve não apenas as classes mais abastadas mas mesmo pessoas de classe média, nos subúrbios e na Baixada Fluminense, que "endeusam" as elites, é um sério problema que, mais do que qualquer crise nos cofres públicos que anda cortando despesas aqui e ali nos serviços públicos, provoca a grave crise no Estado da região Sudeste.
A divinização de autoridades, empresários, celebridades e políticos, de um lado, e a intolerância com pessoas que pensam diferente da "visão oficial" de qualquer espécie, criam uma perspectiva radical num Estado em que torcer por futebol também é alvo de radicalismo e fanatismos extremos.
A intolerância faz, no fanatismo do futebol, com que um simples fato de torcer pelos quatro times de futebol (Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo) seja ponto crucial de medida nas relações sociais. Diz-se que muitos cariocas perguntam primeiro de que time as pessoas torcem para depois lhes perguntarem os nomes.
Espera-se, neste caso, que torcer por futebol e, de preferência, por um dos quatro times, seja unanimidade de todos. A ilusão de "diversidade", só por uma questão de aparências, está em um patrão flamenguista que aceita que seu funcionário seja tricolor, botafoguense ou vascaíno.
No entanto, se alguém diz que não torce por esses times e nem curte futebol, os cariocas e fluminenses reagem com algum alarmismo, e, embora não demonstrem abertamente, passam a agir com discriminação contra o amigo "problemático", tanto que não torcer por qualquer um dos quatro times cariocas pode ser fator de assédio moral ou demissão no emprego.
O Rio de Janeiro é poluído tanto pela indústria quanto pelo narcisismo ostensivo dos fumantes. Superou São Paulo no posto de capital mais poluída do país. A vaidade de empresários e gerentes prejudica a logística e o reabastecimeno de produtos nos mercados, que geralmente levam duas semanas para a renovação dos estoques nas prateleiras.
O próprio cenário politico problemático que, em parte, atinge o país, é fruto dos preconceitos e narcisismos do Estado do Rio de Janeiro. A prepotência moralista de Eduardo Cunha e Jair Bolsonaro, com seu obscurantismo político, e do grupo político de Eduardo Paes (com seus Cabral, Pezão, Picciani, Osório, Sansão e os Picciani), com sua demagogia populista, são também de responsabilidade dos preconceitos e narcisismos dos cariocas e fluminenses.
A crise é feita por essa combinação de arrogância, intolerância, acomodação, atraso mental e outros defeitos que fazem do Estado do Rio de Janeiro um dos mais atrasados do país e cujo retrocesso chega a ser pior do que o da Bahia de Antônio Carlos Magalhães.
Nem o udenista Carlos Lacerda, que aliás, havia sido um bom governador da Guanabara, seria capaz de tantos retrocessos político-administrativos. Nem a ditadura militar viu um Rio de Janeiro combinando atraso e reacionarismo.
É por isso que a já conhecida crise do Estado do Rio de Janeiro vai além de aspectos econômicos, políticos ou policiais. É uma crise generalizada, como numa infecção generalizada. É algo que deve ser visto com cautela, porque a decadência tem que ser vista como um problema, e não como um "modelo" de valores a serem seguidos pelo resto do país.
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