OS SECRETÁRIOS ESTADUAL E MUNICIPAL DE TRANSPORTES DO RIO DE JANEIRO, CARLOS ROBERTO OSÓRIO E RAFAEL PICCIANI - Eles nunca andaram de ônibus e no entanto decidem pelo seu direito de ir e vir na ex-Cidade Maravilhosa.
Você acataria uma decisão de alguém porque ele tem diploma? Você o apoiaria porque ele é dotado da mais ampla visibilidade? Você daria razão a ele por causa de sua situação de poder? Você entregaria sua alma aos desígnios de alguém que se apoia numa imagem de bom-mocismo tramada pelos detentores do poder?
Se você imagina que as necessidades naturais que você possui na vida não têm valor e que você se entrega aos arbítrios de estranhos que se supõe dotados de algum status quo de âmbito acadêmico, político, mercadológico e midiático, então você está com um problema sério de auto-estima e está muito alienado, porque sua vida atua em função do que outros lhe impõem, e não pelo que você deseja de melhor para si.
No Sul e Sudeste, em particular no Estado do Rio de Janeiro, os retrocessos ocorrem porque o status quo virou determinante, por si só, para todo tipo de decisão. Daí os retrocessos violentos, que acontecem porque uma minoria de políticos, técnicos, empresários e promotores culturais assim quis.
As pessoas acabam se submetendo a arbítrios, retrocessos e transtornos diversos, muitos além da conta e acima do suportável, A qualidade de vida cai porque várias medidas nocivas foram vistas como "urgentes" por conta de algum suposto benefício, geralmente supérfluo, mas defendido até com certo radicalismo pelas pessoas por alguns motivos bastante óbvios.
Em primeiro lugar, é por causa de quem partiu tais decisões. Empresários, políticos, acadêmicos, promotores culturais e outros poderosos envolvidos são vistos como "sábios" em suas decisões que, no fundo, são equivocadas, desnecessárias e até mesmo prejudiciais, mas que o status quo define como "essenciais" porque "motivos de ordem técnica e financeira" foram levados em conta.
Em segundo, é por causa das promessas mirabolantes que falam em benefícios supérfluos, porém espetaculares. Se aceita um sistema de ônibus no Rio de Janeiro, que impôs pintura padronizada, dupla função do motorista-cobrador e trajetos reduzidos para forçar baldeação, em troca de espetaculares ônibus BRT que, depois, demonstraram ser pouco funcionais.
Alguém pensou uma vez na vida se os políticos que assumiram as secretarias de Transporte, como Alexandre Sansão, Carlos Roberto Osório e Rafael Picciani, andaram de ônibus na vida? Eles realmente viveram a realidade do passageiro de ônibus? Eles têm competência para decidir pelo transporte coletivo?
Os fatos comprovam que eles são incompetentes, mas suas decisões, de caráter arbitrário e antidemocrático, são aceitas confortavelmente porque eles combinam um status quo que envolve o poder político e o poder tecnocrático. Ninguém questiona coisa alguma, aceita-se porque atribui-se a eles uma habilidade e uma objetividade que não possuem.
Imagine se um flanelinha tiver diploma de doutorado e for tomado de mais plena visibilidade. Você entregaria a chave do carro a ele? Você daria o seu aparelho celular para ele cuidar, sem saber se ele poderá furtar?
O Rio de Janeiro decai completamente, seguindo o caminho de São Paulo nos anos 1990 e 2000, A crise se deu pela ilusão de que a aparente superioridade do status quo traria respostas positivas para a sociedade, o que não passou de uma fantasia.
Em São Paulo, políticos e jornalistas acabam decaindo pelas posições antissociais. O PSDB, apoiado por uma reputação tecnocrática, não conseguiu sequer garantir o abastecimento de água. A imprensa paulistana, apoiada por uma reputação de inteligência e conhecimento de causa, sucumbiu ao reacionarismo mais retrógrado e atrapalhado, o que faz com que veículos midiáticos que mantém colunistas deste nível comecem a sofrer prejuízos comerciais pela queda nas vendas.
A ilusão de que a modernidade se faz com a subordinação ao status quo, ignorando que muita gente se ascende através do clientelismo, do compadrio e das trocas de favores, sem ter competência alguma para uma causa que abraça, ainda intriga muitos brasileiros que vivem no Sul e Sudeste, sobretudo no Estado do Rio de Janeiro, crentes na superioridade dos poderosos e influentes.
Com isso, cria-se uma postura surreal que contamina a sociedade, das pessoas comuns aos produtores cinematográficos, dos executivos de televisão aos internautas das mídias sociais, que é a regra de se ficar calado para garantir o desenvolvimento econômico e a prosperidade social.
Daí a recusa de acadêmicos em investir nos candidatos a mestrado que apresentam algum questionamento mais arrojado. Daí a recusa de patrocinadores para quem pretende fazer filmes documentários mais contestadores. Daí, também, a trolagem que é feita por internautas violentos que são "cães de guarda" de valores estabelecidos, sejam modismos, decisões vigentes ou mesmo preconceitos sociais.
A submissão aos poderosos e influentes contamina a todos, e, no "movimento espírita", resulta nas aberrações que conhecemos, que é a chocante desonestidade doutrinária e intelectual de seus membros, que a todo custo tentam se proteger pela falsa reputação do pretenso bom-mocismo.
As fraudes constrangedoras causadas pelos anti-médiuns, que já são um equívoco por não assumirem a postura intermediária da mediunidade, mas se converterem em astros do espetáculo e centros das atenções, também são respaldadas pela pretensão de pseudo-sábios que possuem Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco, tidos como "filósofos" num país sem grandes filósofos.
O fanatismo e a complacência, que nos âmbitos considerados comuns geram atitudes como a trolagem na Internet, o boicote social dos próprios amigos e o boicote profissional sob o pretexto de afastar pessoas incômodas ao "sistema", no "espiritismo" se manifesta pela "fé raciocinada" que nada tem de racional, mas de cegamente emocional e, não raro, exaltada e irracional.
Daí que as pessoas que acreditam em alguém de maior status - a "elevação espiritual", por ser um status quo religioso e terreno, é apenas uma qualidade simbólica que se soma às da riqueza, do poder político, da fama e da tecnocracia, com todas suas paixões e vaidades - se prendem a sentimentos confusos de submissão, fanatismo, complacência e ignorância que pode gerar sérios danos.
Esses danos correspondem, sobretudo, aos prejuízos que as pessoas sofrem na vida, sem perceber, em todos os aspectos. Suas vidas se tornam cada vez mais miseráveis, ainda que não lhe falte dinheiro e bens, mas a qualidade de vida lhes foge aos poucos, já que a submissão costuma ter o preço das limitações de diversas naturezas.
Por isso é que a submissão a alguém com maior status, seja ele político, midiático, mercadológico, tecnocrático e até religioso pode gerar prejuízos, se a própria pessoa não for vigilante e questionadora a respeito do privilégio deste ou daquele poderoso ou influente. Acaba, a pessoa, se tornando escrava de sua baixa auto-estima, que a faz serva e subordinada do arbítrio dos poderosos e influentes.
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