quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Espíritos autoritários não são superiores, são inferiores


Muitos "espíritas" ficam felizes quando veem que Emmanuel e Joana de Angelis são autoritários e que seus subordinados, Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco, estabelecem sua servidão a esses espíritos, como se a submissão fosse uma qualidade das mais elevadas.

O contraste entre a prepotência de uns e a submissão de outros não é manifestação de superioridade, mas de desequilíbrio entre aqueles que mandam demais e outros que obedecem demais, os primeiros perdendo a noção de responsabilidade e dever, os segundos perdendo a noção de seus anseios e necessidades.

Que contradição é essa em que se delega superioridade moral a Emmanuel e Joana de Angelis, por mandarem demais, da mesma forma que se delega superioridade moral a Chico Xavier e Divaldo Franco por obedecerem demais? E ainda falam em coerência e equilíbrio?

Emmanuel, em várias ocasiões, demonstrou oprimir Chico Xavier, empurrando-o para uma sobrecarga dos livros, mesmo quando estava cansado e doente. Joana de Angelis fazia a mesma coisa com Divaldo Franco, com o autoritarismo peculiar de uma madame megera.

Devemos fazer uma ressalva quanto a Joana de Angelis. Lembremos que, apesar de Emmanuel poder ter sido o Padre Manuel da Nóbrega, não se pode atribuir a mesma condição de Joana de Angelis quanto à soror Joana Angélica.

Do contrário de Manuel da Nóbrega, cujos registros históricos apontam caraterísticas que se encaixam no mentor de Chico Xavier, eles nunca indicaram em Joana Angélica a mesma índole ferrenha e reacionária da madame do além-túmulo que tornou-se mentora de Divaldo Franco.

Consta-se que Joana Angélica, embora enérgica, era mais tolerante e menos grosseira. Joana Angélica tinha um dom maternal e podia ser tenra conforme a situação. Já Joana de Angelis mais parecia uma aristocrata extravagante mesclada a trejeitos de governanta de mansão (Mansão do Caminho?) e de tirânica diretora de conventos.

Esclarecidos esses detalhes, citamos o caso dos espíritos autoritários, aos quais o moralismo "espírita" atribui uma estranha superioridade espiritual, sem explicar-nos direito se quem merece mais elevação espiritual é quem manda demais ou quem obedece demais.

Essa atribuição de superioridade espiritual a espíritos autoritários, além de ir contra princípios morais de direito e dever, nos quais os que ordenam e obedecem não seguem princípios de hierarquia, mas de habilidades para desenvolver uma tarefa ou fazer alguma decisão, segue o próprio equívoco da natureza de tais espíritos.

Allan Kardec, com sua habitual coerência, citou em O Livro dos Médiuns que os espíritos superiores não são autoritários. Os espíritos de elevação moral não dão ordens, apenas dão conselhos e, se eles tentam impedir o encarnado de fazer alguma coisa, é através da tentativa de intui-lo a não tomar uma decisão arriscada, mas mesmo assim sem imposições.

Para quem duvida de tal postura, cabe aqui reproduzir, na tradução de José Herculano Pires, um dos itens descritos na pergunta 267, referente à necessidade de verificar a qualidade dos espíritos manifestantes. O item 10 não pode ser mais esclarecedor do que mostram suas palavras diretas:

10º) Os Espíritos bons jamais dão ordens: não querem impor-se, apenas aconselham e se não forem ouvidos se retiram. Os maus são autoritários, dão ordens, querem ser obedecidos e não se afastam facilmente. Todo Espírito que se impõe trai a sua condição.

São exclusivistas e absolutos nas suas opiniões e pretendem possuir o privilégio da verdade. Exigem a crença cega e nunca apelam para a razão, pois sabem que a razão lhes tiraria a máscara.

Diante disso, Emmanuel e Joana de Angelis são desmascarados. Só o seu autoritarismo já os derruba e os enquadra na posição de espíritos maus e levianos, algo que é desagradável e traz desconforto para os seguidores do "espiritismo" brasileiro.

Eles querem ser obedecidos, fazem ameaças, impõem tarefas. Emmanuel ameaçou Chico Xavier de ter sua vida abreviada, se caso este abrisse mão da produção de livros. Os dois espíritos não aceitavam sequer ver seus subordinados descansarem, e impunham trabalho até nos momentos de exaustão e doença grave.

Os dois manifestam ideias que, dotadas de incoerência e falta de bom senso, se impõem como "verdade indiscutível". Emmanuel, sobretudo, rejeitava o questionamento e o raciocínio crítico, exigindo que se "acredite" nas ideias por ele defendidas. Sabemos muito bem que o verbo "acreditar" soa como mel na boca para os "espíritas" brasileiros. Uma "fé raciocinada" que nunca raciocina.

Daí as mistificações, mitificações, incoerências, invencionices, fantasias maliciosas que se impõem como se fosse "realidade". E isso deslumbra tanto os "espíritas" brasileiros que o nosso país é o único em que as pessoas reclamam do rigor científico, sob a alegação absurda do "excesso de lógica" e da "overdose de ciência". E reclamam um lugar cativo para a fantasia e a falta de lógica!

Mais surreal é quando surgem as pessoas que clamam por "fidelidade absoluta" a Allan Kardec e "rigoroso respeito" ao seu pensamento científico que, no entanto, exaltam Chico Xavier e Divaldo Franco, além de seus mentores. Contradizem-se, esses "espíritas", ao se apoiarem em deturpadores sob o pretexto de valorizarem as lições do professor lionês.

E assim O Livro dos Médiuns, mais uma vez, derruba Chico Xavier e Divaldo Franco, tal como seus mentores espirituais. A precisão e a simplicidade das ideias kardecianas denuncia a fraude em palavras diretas, e uma simples leitura desse pequeno item mostra o quanto os espíritos envolvidos ainda estão muito longe de serem considerados elevados.

Resta esperar Divaldo Franco conhecer a decepção que encontrará ao retornar ao mundo espiritual. Emmanuel, Joana de Angelis e Chico Xavier já conhecem os amargores que a ilusão terrena de "superioridade espiritual" dada a ídolos religiosos falsamente espíritas.

Ver que, no retorno à "pátria espiritual", não há Nosso Lar nem amiguinhos esperando como que no desembarque num aeroporto, é uma experiência chocante, assim como a noção de que o caminho evolutivo dessas figuras religiosas ainda está nos seus estágios rudimentares.

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