quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Realidade do Brasil contradiz "previsões" de Chico Xavier e Divaldo Franco

ASSALTO OCORRIDO EM UM SHOPPING DE SÃO PAULO, HÁ POUCOS DIAS.

O Brasil entraria em regeneração em 2012 e desde então rumaria para um processo de progressos culturais e espirituais, conforme garantia em suas palestras Divaldo Franco. E, em se tratando de um ano próximo a 2019, a "data-limite" de Francisco Cândido Xavier, era para haver um preparativo para a transformação do país no "coração do mundo" tão prometido em seus textos e relatos.

A realidade turbulenta do Brasil de hoje contraria as duas "profecias", e mesmo a desculpa tardia, alegada pelos "espíritas", de que eles "na verdade" estariam falando de um começo de um "longo processo" que encerraria em 2057, não valida as duas predições, já que elas não passam de arremedos de messianismo, de brincadeira de ser profeta, prática condenada por Allan Kardec.

É só ver, por exemplo, o livro A Gênese, na tradução de José Herculano Pires, e verá que Allan Kardec, com a máxima segurança e certeza, diz ser impossível fazer profecias. Pode-se fazer previsões a curto prazo, se baseando em relações de interesses e contextos, mas não há garantia absoluta que algo rigorosamente acontecerá e, quanto mais distante o prazo, mais distante a probabilidade de alguma "aposta futura".

Na verdade, não existe certeza alguma de fatos futuros. Pode haver uma tendência provável, a curto prazo, com base nas relações de interesses, procedimentos e conflitos existentes, que podem ser anunciadas como prováveis, mas nunca absolutamente realizáveis.

Além disso, imaginar que 2057, só porque será o ano em que completará dois séculos de publicação de O Livro dos Espíritos, será a conclusão dessa fase de regeneração, é de uma arrogância elementar. Allan Kardec teria dado risadas e, com sua habitual gentileza, teria dito a Chico e Divaldo: "Meus caros senhores, vocês estão brincando, pois não é bem isso que acontece".

REALIDADE TURBULENTA

A ocorrência de atos violentos que ocupam os noticiários, a prepotência de uma mídia decadente - como os programas policialescos, como Cidade Alerta (Rede Record) e Brasil Urgente (Rede Bandeirantes), que alimentam essa violência - e o estímulo aos assaltos e assassinatos à luz do dia, mostram um contexto turbulento que o país vive nos últimos anos.

Isso também culmina com a influência de jornalistas e intelectuais de direita, como Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino e Rachel Sheherazade, que estimulam o ódio social de uma parcela da sociedade, que confunde o direito democrático de se opor às figuras políticas de Dilma Rousseff, Luís Inácio Lula da Silva ou o Partido dos Trabalhadores (PT) em geral com intolerância.

Esses porta-vozes da direita mobilizam setores de classe média que defendem valores elitistas - não raro contrários à natureza dessa mesma classe - , sem medir escrúpulos em se subordinar ao poder empresarial dominante.

Por causa dessas qualidades, essa facção da classe média é chamada de "coxinha", símbolo de um salgado considerado "alimento menor" oferecido em festas elitistas, sendo também o lanche que policiais sem tempo para um almoço de uma ou duas horas fazem em pleno meio-dia.

Esses setores sociais se preparam para mais uma passeata pedindo a saída de Dilma Rousseff da presidência da República, sob o pretexto da corrupção. Apoiadas até mesmo por grupos nazistas, tais mobilizações também costumam reivindicar a intervenção militar no Brasil, a cassação do registro do PT no Tribunal Superior Eleitoral e a prisão perpétua ou pena de morte para "corruptos".

Quanto aos crimes, episódios envolvendo tiroteios, assaltos e assassinatos, ocorridos à luz do dia nas ruas de Niterói, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, diante de multidões que ficam assustadas com tais fatos, mostram o quanto o país está turbulento e tenso.

É verdade que o reacionarismo festivo que havia antes, seja na grande imprensa, seja nas mídias sociais - em que encrenqueiros combinam com seus seguidores campanhas de difamação contra desafetos pessoais - , não ocorrem mais com a impunidade de antes e hoje os encrenqueiros digitais correm risco até de sofrer represálias violentas, como ser baleado por alguém na rua.

Mesmo assim, o Brasil sofreu profundos retrocessos e ainda por cima há a figura prepotente do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que com suas chamadas "pautas-bomba", quer destruir muitas conquistas sociais históricas e fazer o país mergulhar num obscurantismo e numa perda drástica de qualidade de vida, para não dizer o sacrifício da própria democracia.

Se observarmos que o "espiritismo" brasileiro prende suas perspectivas em abordagens meramente religiosas, tanto faz o país estar decadente ou não. Mesmo quando existem quedas bruscas, drásticas e dramáticas de qualidade de vida, apenas o fato de pessoas "se darem as mãos" em "centros espíritas" lotados já é, para os "espíritas", um sinal de "progresso espiritual".

As "profecias" de Chico Xavier e Divaldo Franco sobre a "humanidade feliz" do futuro apresentam inúmeras contradições, falhas de análise e de abordagem, além de muitos aspectos fantasiosos que qualquer calouro de uma faculdade de Sociologia desmontaria sem muito esforço.

Isso sem falar que a pretensão de profecia era condenada firmemente por Allan Kardec, o mesmo que Chico e Divaldo fizeram tudo para se passarem por seus discípulos. E isso mostra o quanto dizer que é "rigorosamente fiel" ao pensamento kardeciano é insuficiente para provar tal fidelidade, e os traidores são os que mais apelam para a pretensão de fidelidade.

Afinal, é como diz o ditado popular, tão conhecido. Quem se preocupa demais em dizer que é, demonstra, na verdade, que não é aquilo que diz ser.

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