domingo, 31 de dezembro de 2017

Você e a Paz, Ecumênico? Ou uma propaganda pessoal de Divaldo Franco?

EVENTO VOCÊ E A PAZ É UM ATENTADO AO LEGADO ORIGINAL DO ESPIRITISMO.

O evento Você e a Paz é uma boa oportunidade para observarmos as armadilhas existentes em atividades que envolvem um forte apelo emocional, um aparato que soa bastante suspeito pelo excesso de elementos belos e comoventes, que geram uma catarse emotiva que é confundida com vibrações elevadas e alegria verdadeira, mas são apenas sensações emocionais motivadas pelo deslumbramento religioso.

O evento, em si, já é um atentado ao legado original do Espiritismo de Allan Kardec, não pela mistura de religiões, mas, antes, pelo desvirtuamento do sentido da palavra "médium", No tempo do pedagogo francês, a figura do médium era apenas serviçal, quase anônima, na qual só se reconhecia praticamente pelo sobrenome e tinha uma reputação de mero intermediário, sem pretensões de suposta filantropia nem de arrivismos pseudo-intelectuais.

No Brasil, o sentido original de médium foi derrubado. Ele deixou de ser o intermediário para ser o centro das atenções e, além do sobrenome, o "médium" brasileiro tem prenome e nome do meio. Tornou-se anti-médium, porque, até para buscar mensagens dos mortos, o "médium" passou a ser uma grife, contrariando as lições originais do Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos.

Como no Brasil existe desinformação e emotividade frágil, os "médiuns espíritas", mesmo sendo abertamente traidores dos ensinamentos espíritas originais, são acolhidos até por muitos incautos que creem que os próprios deturpadores, "aprendendo a lição", vão recuperar os postulados kardecianos originais, como raposas que prometem reconstruir o galinheiro.

Mas tudo isso foi em vão. E o que se viu foi praticamente uma "privatização" das virtudes humanas, que se tornaram apenas marcas centrais dos "médiuns espíritas", tidos como "símbolos máximos de amor e caridade".

Há artifícios que comprovam isso, embora se fale que essas virtudes estão "no alcance de qualquer um". Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco tornaram-se exemplos disso, e, se eles são vistos como "símbolos máximos" das virtudes humanas, é porque eles, simbolicamente, tornaram-se "donos" delas, como se ninguém pudesse ser bondoso se não passar por eles.

Chico Xavier virou "dono" da palavra "amor", obtendo uma espécie de copyright simbólico em relação a essa palavra. Divaldo Franco escolheu a palavra "paz" para obter seu copyright simbólico que, a exemplo do outro, é "de livre uso para todo tipo de pessoa e de todo tipo de crença", mas seu vínculo ideológico tem que passar inevitavelmente pelos "médiuns".

O VOCÊ E A PAZ DEIXA CLARO: CULTO DA PERSONALIDADE DE UM "MÉDIUM"

O evento Você e a Paz deveria ser investigado pela imprensa progressista, que adota uma abordagem bem diferente da mídia hegemônica, que protege os "médiuns espíritas" e os transformam em mitos às custas de muito sensacionalismo, pieguice, fascinação e proselitismo religioso.

O caso da "farinata", lançada durante o evento, surpreendeu não pela gravidade do ato em si, pois o alimento gerou um escândalo que provocou seu cancelamento pelo próprio prefeito de São Paulo, João Dória Jr., mas pelo surreal silêncio da imprensa progressista quanto ao envolvimento de Divaldo Franco como anfitrião do evento que lançou oficialmente a constrangedora "ração humana".

Os "médiuns" já são mais blindados que os políticos do PSDB, e sabe-se muito bem que o "médium" Divaldo Franco foi o anfitrião que saiu pela porta dos fundos, pois o lançamento da "farinata" se deu num evento comandado por ele e, no entanto, ele nunca foi responsabilizado por tal equívoco. Se ao menos um Diário do Centro do Mundo, um Brasil 247 ou um Jornal GGN indagasse sobre a participação de Divaldo nessa roubada, seria razoável. Mas o silêncio foi geral.

Isso porque há uma coisa surreal que beneficia os "médiuns". Quando eles fazem algo de positivo ou agradável, eles "têm decisão própria", são pessoas "de coragem" e agem "com muita lucidez e coerência". Quando os "médiuns" fazem coisa errada, ainda que comprovadamente por decisão própria e consciência dos riscos, fala-se que eles "foram manipulados", "não sabiam das coisas", "foram enganados" etc.

Isso traz muitas contradições. Mas o que é contradição no "espiritismo" brasileiro, que jogou no lixo a racionalidade original da doutrina francesa, e preferiu ficar imerso nas tentações da emotividade cega? Afinal, os "médiuns", ao serem atribuídos, nos seus erros, como "enganados" ou "desinformados", põem em xeque sua alegada postura de "mestres" e "sábios".

O Você e a Paz é um evento de Divaldo Franco. Isso é claro. A imprensa progressista tentou inventar que a edição paulista era de responsabilidade da católica Arquidiocese de São Paulo, que apenas atuou como parceira e patrocinadora. Mas o "médium espírita" é que é responsável pelo evento, e isso se torna claro quando ele é divulgado em suas edições no Brasil e no mundo.

Embora seja um evento "ecumênico", no qual participam representantes de diversas correntes religiosas - da Seicho-No-Iê à umbanda - , o evento mostra claramente quem é que é o centro das atenções. Divaldo Franco é quem idealizou, comanda e se destaca no evento.

E aí vemos a derrubada do sentido original do médium da Doutrina Espírita. Há o culto à personalidade em torno de Divaldo, que é o único a ser entrevistado em nome do evento, o que contraria as atribuições subliminares de certos esquerdistas de vontade débil, que no caso da "farinata" fizeram crer que o Você e a Paz era um evento do arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer.

Divaldo Franco é o maior deturpador vivo da História do Espiritismo. Apesar do tom professoral e de poses de falso intelectual e pretenso sábio, ele transmite ideias igrejeiras bastante explícitas e foi definido como seguidor de Jean-Baptiste Roustaing por ninguém menos que José Herculano Pires, jornalista espírita e o melhor tradutor da obra original de Allan Kardec.

O Você e a Paz, que muitos acreditam ser um "evento pacifista sério", mas não passa de uma turnê de missas multi-religiosas com Divaldo comandando o sermão final, demonstra claramente que é um evento de propaganda pessoal do "médium" baiano, que, recebendo o culto à personalidade, se destaca como um suposto líder pacifista que não foi capaz de combater uma "farinata".

Ele se beneficia pelos vícios que os brasileiros possuem, que os levam a aderir facilmente a ídolos religiosos que fazem apelos emotivos fortes, manipulando corações e mentes. Se os neopentecostais, com seu pretenso profetismo e seu discurso de "indignação", manipulam as pessoas mesmo com seus apelos mais grosseiros e agressivos, um "médium" espírita se passa por "confiável" com um discurso adocicado e cheio de pieguices.

Fazer o quê, o Brasil anda muito brega nas últimas décadas a ponto de permitir que os deturpadores Chico Xavier e Divaldo Franco sejam vistos como pretensas unanimidades e se deixe que eles se tornem os "donos" das virtudes humanas como o "amor" e a "paz", que não podem ser livremente apreciadas sem passar pelo culto à personalidade dos dois "médiuns"!

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