domingo, 4 de junho de 2017

Brasileiros surdos aos apelos de Erasto


Até agora, os questionamentos quanto à deturpação da Doutrina Espírita paravam no meio do caminho. Quando eles chegavam aos tais "médiuns", apontando-lhes táticas oportunistas como Ad Passiones, Assistencialismo e viviam do culto à personalidade, vinha logo a turma do "não é bem assim" que, embora diga "também questionar certos problemas do Espiritismo no Brasil", mais parecem zelar pelos deturpadores do que questionar a deturpação.

A crise vivida pelo "movimento espírita" se torna mais aguda porque a sujeira toda acumulada em mais de 130 anos foi toda revelada na Internet. E, como sempre, é o faxineiro que se torna o culpado pela sujeira que tira, e os questionadores da deturpação ainda são alvos de duras críticas ou simplesmente não são levados a sério.

O "espiritismo" brasileiro criou problemas que o seu aparato de respeitabilidade - é a única religião que goza dessa aparência - não consegue resolver. A série de confusões e contradições e a fingida apreciação do pensamento de Allan Kardec, acrescido de uma aparente filantropia que não traz resultados profundos, praticamente deixa a doutrina brasileira em maus lençóis.

Já não se trata mais de deixar para lá as irregularidades ou pôr debaixo do tapete personalidades incômodas dos dois lados, como o francês Jean-Baptiste Roustaing (primeiro deturpador da Doutrina Espírita), Antônio Wantuil de Freitas (que "vaticanizou" o Espiritismo no Brasil) e o misteriosamente falecido Amauri Xavier, sobrinho de Francisco Cândido Xavier, sabendo que Amauri pretendia denunciar os bastidores do "movimento espírita" com muitos detalhes.

Tudo isso sempre volta à tona. No primeiro momento, se esquecem as divergências diversas e graves, se ignoram as irregularidades e todos viram "irmãos" em torno da promessa de "entender melhor Kardec" e tudo vive na "santa paz". Mas depois as mesmas divergências voltam, com os mesmos atritos e confusões, que a gente pergunta se vale a pena ignorar um problema que sempre volta.

Mesmo os brasileiros que questionam a deturpação do Espiritismo subestimam os avisos de Erasto, contidos em O Livro dos Médiuns na sua devida tradução por José Herculano Pires publicada pela editora LAKE. Os questionadores da deturpação não vão adiante e praticamente empacam quando os "médiuns" mistificadores apelam para imagens de coraçõezinhos e de crianças pobre sorrindo.

Erasto pedia para que se questionasse com rigor a deturpação do Espiritismo e não cair em armadilhas discursivas como "amor, caridade e Deus", sob pena de sucumbir às mistificações dos espíritos inferiores. Embora Erasto falasse sobre a relação dos espíritos inferiores com os médiuns, os avisos valem, seguramente, para todo tipo de pessoa que se sujeitar às seduções maliciosas dos deturpadores do Espiritismo em geral, mesmo entre médiuns e seus admiradores.

Erasto havia dito que, às vezes, os deturpadores podem falar ou fazer "coisas boas", e aí ele recomendou maior cautela, porque as "coisas boas" podem parecer agradáveis, mas servem de isca para a dominação de pessoas ingênuas e invigilantes. Um exemplo disso é o aparato de "caridade" e as "belas palavras" dos "médiuns" brasileiros, apenas ganchos para mistificações que praticamente desfiguram o legado de Kardec.

Ignoramos esse aviso e as pessoas acabam se revelando não só ingênuas, mas também complacentes, em relação à sordidez a que se tornou o "espiritismo" nos bastidores, desmentindo toda a embalagem que se apresenta aos leigos, como religião "despretensiosa" e supostamente marcada pelas mais elevadas qualidades humanas.

Pior: o estereótipo dado a Chico Xavier, do "velhinho frágil, humilde mas triunfante", acaba ocultando a perversidade e o egoísmo de seus seguidores, que precisam de um "símbolo" de suposta fraternidade para que pessoas comuns não sejam responsabilizadas para atuar de maneira profunda no combate às desigualdades sociais, mas apenas se limitando a serem reles colaboradoras de um Assistencialismo que só serve para a promoção pessoal dos "médiuns".

A crise do "espiritismo" vai sempre revelar escândalos que, provisoriamente, aparecem adormecidos num pretenso ambiente de concórdia e esquecimento momentâneo de desavenças. Mas em dado momento sempre aparecem mentiras, fraudes, dissimulações, traições e intrigas, vindas até mesmo de quem muitos consideram "tarimbado" e "acima de qualquer suspeita", que ferem o legado de Kardec mais uma vez e causam confusões e conflitos que pegam os desavisados de surpresa.

E assim nada se resolve e os problemas são mais uma vez escondidos debaixo do tapete. Mas a repetição dessa mesma postura confortável e falsamente "harmoniosa" e "equilibrada" só mascara as irregularidades e falsidades do "movimento espírita", acumulando uma sujeira de décadas e décadas que só revelará uma podridão que não pode mais ser mascarada pelo bálsamo das retóricas "fraternas". A crise no "movimento espírita" só tende a aumentar, surdo estão os brasileiros aos avisos de Erasto.

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