terça-feira, 20 de junho de 2017

"Médiuns" e palestrantes "espíritas" repetem orgulho dos fariseus

A PRETENSÃO DE QUERER TER RESPOSTAS PARA TUDO - O "MÉDIUM" DIVALDO FRANCO E SUA EXTRAVAGÂNCIA DE QUERER POSSUIR A VERDADE.

O "espiritismo" brasileiro repete práticas, crenças e procedimentos que não apenas causaram vergonha e constrangimento ao pedagogo Allan Kardec como refletem os mesmos vícios dos antigos sacerdotes fariseus que viveram nos tempos de Jesus de Nazaré.

A extravagância da pose "ilustrada", o discurso verborrágico, a falsa humildade, a pretensão de sabedoria absoluta, a pressa em estar mais perto de Deus, tudo isso Jesus reprovava, com muita energia, dos antigos sacerdotes em sua época.

Pode parecer chocante aos brasileiros, desinformados de tudo hoje em dia, verificar esse vício nos oradores e escritores do "movimento espírita", mas eles demonstram, até com certa evidência, esses vícios bastante extravagantes, que só não causam constrangimento às pessoas porque elas estão entorpecidas e seduzidas pelo apelo emotivo das paixões religiosas.

Mas um texto, extraídi de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec (tradução de José Herculano Pires), do Capítulo 07, Bem-Aventurados os Pobres de Espírito, no texto Quem Se Elevar Será Rebaixado, um trecho retirado do Novo Testamento nos alerta para a presunção de encurtar o caminho para o céu, que domina as ambições de muitos palavreadores "espíritas", mesmo aqueles que buscam o tempo todo simular o máximo de humildade nas poses, gestos e palavras:

 "Então se chegou a ele a mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, adorando-o e pedindo-lhe alguma coisa. Ele lhe disse: Que queres? Respondeu ela: Dize a estes meus dois filhos que se assentem no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda. E respondendo Jesus, disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu hei de beber? Disseram-lhe eles: Podemos. Ele lhes disse: É verdade que haveis de beber o meu cálice; mas, pelo que toca a terdes assento à minha direita ou à minha esquerda, não me pertence conceder-vos, mas isso é para aqueles a quem meu Pai o tem preparado. E quando os dez ouviram isto, indignaram-se contra os dois irmãos. Mas Jesus os chamou a si e lhes disse: Sabeis que os príncipes das nações dominam os seus vassalos, e que os maiores exercitam sobre eles o seu poder. Não será assim entre vós; mas aquele que quiser ser o maior, esse seja o vosso servidor, e o que entre vós quiser ser o primeiro, seja o vosso escravo; assim como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em redenção de muitos. (Mateus, XX: 20-28)".

Os "espíritas", em vez de servir, querem ser servidos. Eles falam tanto que as pessoas aguentem o sofrimento, mudem seus pensamentos, abram mão de suas habilidades e se submetam a sacrifícios extremos. Falam tanto em defesa da servidão dos outros, mas eles mesmos, os "espíritas", nem de longe querem ajudar os sofredores, apenas criando um discurso prolixo cuja mensagem poderia se resumir a poucas palavras: "Se vira!".

Os sofredores, evidentemente, fazem sua parte. Tudo o que os "espíritas" pedem aos sofredores, estes já o fizeram. Tiveram jogo de cintura, meteram a cara, mudaram seus pensamentos, forjaram sorriso e alegria em momentos tristes, perdoaram algozes, ampliaram a paciência, tiveram perseverança e até oraram, oraram e oraram muitas preces. Assumiram arrependimentos, reconheceram erros e tudo o mais. Fizeram o inimaginável para vencerem na vida e não venceram.

Quando os sofredores reclamam da falta de sorte, não é por estarem de braços cruzados. Eles fizeram sua parte no serviço que até lhes foi excessivo. O sofrimento que, em tese, se impôs "dentro de suas capacidades de suportá-lo", ultrapassou tais capacidades. Foi como uma dívida que, mesmo totalmente paga, se renova em juros exorbitantes.

O sofredor acaba encarando uma espécie de estelionato moral. Já não é mais encarar dificuldades, mas suportar encrencas e até danos morais pesados, com as circunstâncias ocorrendo para esmagar suas almas e reduzi-las a uma apatia e uma depressão intensas, e, mesmo assim, o "espiritismo" ainda recomenda alegria e esperança nesses momentos de asfixia.

Confundindo desafios com desgraças, aprendizados com prejuízos, os ideólogos "espíritas" parecem não ver a diferença entre natação e afogamento. Uma coisa é a pessoa encarar novas habilidades em tarefas complicadas mas não degradantes, outra coisa é a pessoa ser alvo de humilhação e empecilhos só para obter um menor e relativo benefício.

Uma coisa é nadar contra a correnteza com energia e cautela, para conseguir um caminho para a superfície. Outra coisa é se afogar ao ser tragado pelo mar em onda ameaçadora, com tubarões nas proximidades a devorar o indivíduo, diante de enrascadas sem fim.

O "espiritismo" se revela uma religião desumana, tamanho foi o grau de deturpação que fez, na religião brasileira, mais próxima do imperador Constantino do que de Allan Kardec. E a hipocrisia gritante de tantos palestrantes "espíritas" assusta, porque eles traem Kardec o tempo inteiro, mas também juram com insistência que lhe são "absolutamente fiéis".

Os "espíritas", mesmo forjando "sincera humildade", se tornam extravagantes e presunçosos. Querem ter a posse da verdade, mesmo que não assumam isso no discurso. Lutam para ficar com a palavra final em qualquer coisa, mesmo sob o preço de dizerem uma coisa em um texto ou palestra e, em outra exposição escrita ou falada, dizer uma coisa completamente diferente.

Se acham "sábios" e querem conquistar o céu com seu balé de palavras lindas. Mas às vezes os "espíritas" ferem, com seus juízos de valor em torno do sofrimento alheio. Acham que é fácil um sofredor se dividir entre o trabalho na enxada e a prece, sobrecarregando a mente já estressada que, não raro, é capaz de ferir o pé com a enxada, por um erro de atenção.

Os "espíritas" juram que praticam "caridade plena", e posam cercados de crianças saltitantes durante os festejos da doutrina igrejeira. Fazem uma caridade que só traz resultados medíocres e pequenos, mas comemora demais como se tivesse feito "até demais" pelos necessitados. Quanta leviandade comemorar demais pelo quase nada que se faz!

E como os "espíritas", aparecendo ao lado de personagens ilustres nas fotos de imprensa, querem tanto alcançar o céu. Já imaginam que Divaldo Franco, por exemplo, já tem uma cerimônia pronta para quando retornar à "pátria espiritual".

Acham que Francisco Cândido Xavier já conquistou o "céu". Quanta ingenuidade! Diante de tantas confusões que o grande deturpador da causa espírita fez, não se espera dele que, na volta ao mundo espiritual e na preparação para o reencarne, tenha se revelado o mais ordinário dos ordinários, decepcionado em ver as promessas de ingresso ao Céu se comprovarem muito distantes.

Os "espíritas", se nos basearmos nas parábolas contadas por Jesus, se encaixam naqueles extravagantes religiosos que se exaltam, se não no discurso, mas nas posturas e nos artifícios mais sutis. Os "médiuns", deixando o papel intermediário que lhes deveria caber como obrigação, vivem no culto à personalidade e bancam os dublês de pensadores e ativistas, virando eles mesmos versões atuais dos antigos sacerdotes reprovados firmemente por Jesus.

Desta maneira, os sofredores que tanto recorreram ao "espiritismo" para pedir pão e levaram serpentes, têm o maior mérito de serem consolados, porque tudo fizeram de receita para vencer na vida, e muitos não puderam vencer.

Mas os verdadeiros perdedores são aqueles oradores e escritores que vivem no turismo das belas cidades, exibindo suas coreografias de palavras lindíssimas, investindo num arremedo de caridade só para serem vistos como "bondosos" e fazendo todo um teatro de boas palavras e boas emoções visando o ingresso mais rápido ao Céu. Muitos que pensaram assim já foram rebaixados, ao retornarem ao além-túmulo. Quem sabe o umbral não está cheio desses "bons espíritas"?

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