segunda-feira, 5 de junho de 2017
"Espiritismo" faz pouca caridade, mas palestrantes viajam muito
"Ninguém veio aqui para turismo", disse um tal de "poeta alegre" que certa página "espírita" portuguesa publica. Mas a gente vê o quanto os palestrantes "espíritas" viajam muito para lançar livros e fazer palestras.
Quanto turismo é feito. "Médiuns" participando de eventos em Roma, Paris, Nova York, Madri, Atenas, Londres. Congressos "espíritas" ocorrem, mesmo dentro do Brasil, em hotéis de luxo, com ingressos caros e um elenco pomposo de patrocinadores, fora os próprios hotéis, é claro.
Que dinheiro é esse que é tão abundante na realização de palestras "espíritas"? E as festas de lançamento de livros de autores "espíritas", cheias de muita pompa e destacadas em colunas sociais? Enquanto isso, a tão festejada "caridade", supostamente a maior virtude do "espiritismo" brasileiro, traz muitos poucos resultados, entre realizações medíocres e benefícios provisórios.
O que se observa, nas redes sociais, é que toda essa apologia da "caridade espírita" só serve para promover a imagem pessoal do "médium". É triste ver que os benefícios ficam sempre em segundo plano, "confirmados" em vagas alegações do tipo "fulano ajudou muita gente", "muitas pessoas foram beneficiadas pela caridade do sicrano", "beltrano deu qualidade de vida para muitos necessitados", ditas assim sem dados concretos.
Mas, mesmo quando dados concretos são divulgados, a decepção é inevitável. No caso da Mansão do Caminho, de Divaldo Franco, o número de 163 mil beneficiados em 63 anos, segundo dados de 2015, parece um número gigantesco, mas é extremamente medíocre e até inexpressivo se verificarmos o decorrer de muitos anos e a dimensão populacional do Brasil. Isso equivale a uma média anual inferior a 1% de toda população de Salvador.
Portanto, é uma "caridade" que só ajuda a imagem endeusada do "médium" tido como "salvador da pátria", "semi-deus" e pretenso sábio. E só mesmo no Brasil marcado pela desinformação e pela emotividade fácil para que "médiuns" deturpadores do legado de Allan Kardec sejam tão festejados por uma "caridade" que só serve para alimentar a imagem divinizada de um ídolo religioso. Os "beneficiados" são só um detalhe.
E isso quando os "médiuns" passeiam pelo mundo não para espalhar a "boa nova", como eles tanto dizem, mas a visão deturpada e distorcida do Espiritismo, fazendo até mais prejuízos do que benefícios, sobretudo Divaldo Franco, que tantas vezes esteve no exterior, fazendo palestras para ricos em troca de prêmios e condecorações, praticamente depreciando o legado kardeciano.
Portanto, é uma ação duplamente deplorável. O uso do dinheiro da caridade para passear pelo mundo em palestras milionárias, em troca de prêmios que não refletem para o pão dos necessitados. Se realmente refletisse, lugares como Uberaba, Pedro Leopoldo, o bairro de Pau da Lima em Salvador e a cidade goiana de Abadiânia teriam padrões escandinavos de vida. Mas essas cidades não têm, restritas elas a um padrão medíocre de cidades provincianas ou à cruel violência suburbana.
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