O TENENTE ESTADUNIDENSE ROBERT JACOBS.
Uma grande armação foi feita por "espíritas" brasileiros ao usarem declaração de dois militares que viram discos voadores na década de 1960 como suposta confirmação do sonho dorminhoco de Francisco Cândido Xavier, uma prova de como o "espiritismo" é capaz de manipular tendenciosamente casos isolados para construir uma história sem pé nem cabeça.
Dois militares dos EUA, o ex-capitão Robert Salas e o tenente Robert Jacobs foram entrevistados e relataram episódios, cada um em separado, em que viram luzes estranhas em uma base militar naquele país. Alegaram que as luzes, que se movimentavam de forma estranha, pareciam ser de discos voadores.
Robert Jacobs viu as luzes na base militar de Vandenberg, na Califórnia, em 15 de setembro de 1964, e o detalhes podem ser obtidos aqui. Já o caso de Robert Salas, na base militar de Malmstrom, em Montana, em 16 de março de 1967, pode ser pesquisada aqui. Os dois textos estão em inglês.
Era a época da Guerra Fria e os EUA estavam avançando em pesquisas espaciais, assim como a União Soviética que passou a rasteira na nação norte-americana ao lançar o satélite Sputnik, em 1957, e ao enviar um astronauta, Yuri Gagarin, para entrar em órbita sobre a Terra, em 1961.
O EX-CAPITÃO ESTADUNIDENSE ROBERT SALAS, MILITAR APOSENTADO.
Eram casos isolados, que poderiam muito bem se relacionar com Ufologia e segurança militar, mas aí tudo foi plantado para que os "espíritas", dentro de um argumento sem pé nem cabeça, dissessem que os militares dos EUA "confirmaram" as supostas "profecias" de Chico Xavier.
A argumentação não é precisa, pois apenas se remendam alguns dados soltos e jogam eles, precariamente relacionados, para evocar o proselitismo religioso de Chico Xavier, que é o que interessa ao "movimento espírita". Eis os argumentos soltos:
1) Dois militares dos EUA relatam terem vistos luzes estranhas se movimentando no céu, parecendo ser naves extra-terrestres sobrevoando as respectivas bases militares em 1964 e 1967. As bases serviam para armazenamento e teses de mísseis nucleares.
2) Os EUA viviam a época da Guerra Fria, contra a União Soviética, que também desenvolvia tecnologia militar. A nação norte-americana estava começando a Guerra do Vietnã, país que se dividiu em partes Norte (comunista) e Sul (capitalista) conforme as disputas territoriais da Guerra Fria.
3) Desde 1962, com a chamada crise dos mísseis entre Cuba, que se declarou comunista em 1961, e os EUA, havia a ameaça de um grave conflito nuclear, que poderia destruir o planeta através de efeitos incalculáveis.
4) Um anti-médium brasileiro relatou um sonho qualquer, desses que todo mundo tem quando dorme, a um "espírita" mal saído da adolescência, em 1969, e o bate-papo passou a valer como um suposto relato profético sobre os tempos futuros.
Olha a malandragem "espírita". Juntam-se dois casos de militares que viram OVNIs, com o contexto da Guerra Fria entre EUA e a hoje extinta URSS, acrescentam-se ameaças de guerras nucleares e, pronto: o sonho de um caipira passa a ter seu suposto e improcedente devaneio "profético" pretensamente "confirmado" por militares dos EUA.
É muita cara-de-pau. Os militares não tiveram qualquer relação com isso e nem de longe afirmaram de Chico Xavier está certo ou não. Nem devem conhecer direito quem é esse suposto médium que é tão festejado em um país ainda de baixo prestígio como o Brasil.
Os "espíritas" é que, querendo arrumar vantagem para si, distorcem a história ao sabor de seus próprios interesses e jogam no YouTube um título sensacionalista: "Militares dos EUA confirmam Data-Limite de Chico Xavier".
Só que os argumentos que Geraldo Lemos Neto (o tal "jovem espírita" do relato de 1969) e do físico de inclinação mística Laércio Fonseca descrevem, além de toda a história plantada para "confirmar" a tese de Chico Xavier, nem de longe são esclarecedores.
Muito pelo contrário, os argumentos soam confusos, vagos, superficiais. Não há um rigor nos argumentos, não há uma abordagem científica séria, não existe um argumento racional preciso, correto e, acima de tudo, confiável, que possa dizer que os devaneios oníricos de Chico Xavier foram confirmados por militares estadunidenses.
O que se tem, em verdade, é apenas a costura de situações soltas para no fim fazer, através dessa argumentação confusa e de objetivo igrejista, aquele mesmo apelo enjoado da "fraternidade" que só serve para lotar "centros espíritas" e vender livrinhos do gênero. Portanto, essa tese da "confirmação" não passou de uma grande lorota de pescador, o "pescador de almas" chamado Chico Xavier.
A presunção de que militares "confirmaram" as "previsões" de Chico Xavier é leviana. A associação é puramente fruto de interpretações tendenciosas que forçaram o vínculo de militares estrangeiros aos sonhos do anti-médium mineiro, mas a verdade é que esses militares nunca confirmaram a tese e nem tenham ideia exata de quem foi Xavier.
Portanto, o que concluímos aqui, com nossa segurança que pode desagradar a muitos, mas é mais realista, é que os militares dos EUA EM NENHUM MOMENTO quiseram ou tentaram confirmar a tese de Chico Xavier. Eles apenas falaram que viram discos voadores, e só. Os "espíritas" apenas quiseram puxar a brasa para sua sardinha, querendo inventar uma confirmação que não houve.
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