sexta-feira, 6 de março de 2015

"Espiritismo" transforma o amor em "mercadoria"


O "espiritismo" brasileiro virou uma indústria de "palavras de amor" e pregações moralistas. Tudo se perde em palestras que, em sua maioria esmagadora, falam de Família, problemas emocionais, conflitos sentimentais etc, indo muito longe da essência da Doutrina Espírita.

Nem mesmo a desculpa da Psicologia, muito mal assimilada pelos pregadores "espíritas", convence para tentar justificar esse rol de discussões sem muito sentido, porque são temas banais, que por si só não resolvem, de tão genéricos, vagos e ideologicamente pouco edificantes.

Ninguém entende coisa alguma da realidade espírita, da vida após a morte e da reencarnação. Ainda descreveremos toda essa ignorância, que se torna a pior ignorância porque ela tenta se passar por uma pretensa sabedoria, afirmando entender bem uma ideia da qual nem mesmo se possui uma noção vaga ou provável.

Por isso, entre eventuais surtos de pseudo-ciência e de palestras ilustradas por cartazes mostrando o universo cósmico e uma silhueta de um humanoide de braços e pernas abertos, ou de cabeças humanoides em posições "reflexivas", o que impera são sempre as tais "palavras de amor".

E por que o "amor" virou uma grande mercadoria "espírita", se no "movimento espírita" seus ideólogos, líderes e seguidores sempre alardeiam de que seu maior princípio (em tese) é "dar de graça o que de graça receber".

Mas a "mercadoria" não aparece no sentido de um objeto do qual precisamos trocar por alguma quantidade de dinheiro. O "amor" é dado "de graça", mas seu preço está em outras unidades de troca, não necessariamente financeiras e, certamente, nada a ver com os fictícios "bônus-hora" de Nosso Lar.

PREÇO MUITO CARO

Há um preço muito caro para receber o "gratuito amor" das pregações "espíritas" no Brasil. Em primeiro lugar, é a conformação do sofrimento que se tornou um dos pilares da ideologia de Francisco Cândido Xavier. Se você é um desgraçado, fique "feliz" com isso e, quando a dor é insuportável, não gema de dor, mas ore em silêncio e sofra "amando".

Se você é um conformista e um conservador, as coisas ficam muito, muito fáceis. Não pensar em resolver as injustiças pessoais, ou, quando muito, só resolvê-las com a distribuição de sopinhas e donativos (roupas, alimentos, utensílios de limpeza etc), sem fazer uma ameaça ao status quo, garante que o "amor" venha pleno e distrubuído em abundância.

Basta o açúcar em doses diabéticas das palavras de Chico Xavier, um açúcar condimentado de valores católico-medievais, com seus ácidos que ardem diante da menor contrariedade. Porque as pessoas que seguem Chico Xavier são as mesmas que são incapazes de se alegrarem quando um seguidor seu no Facebook lhes encontra pessoalmente.

Sim, porque o amor do "espiritismo" não é um sentimento que exista no interior das pessoas. É uma mercadoria, ora! Uma ideia material, um amontoado de palavras, ritos, gestos e dogmas que nada têm a ver com a natureza do espírito, mas a uma forma materializada de "bem", só acessível diante da submissão a certos procedimentos.

Por exemplo, onde a lógica contraria certos procedimentos "espíritas", ela não pode ser exercida. A ciência só serve para legitimar as irregulares práticas de Chico Xavier, através de alguns critérios malandros, como os de acadêmicos da UFJF e outras instituições, que, sem consultar um único livro da década de 1940, se arrogaram a dizer que "André Luiz" antecipou conhecimentos científicos em seis décadas.

Se você, no entanto, duvidar da tese de que "André Luiz", em 1945, antecipou descobertas científicas, numa constatação acadêmica em que NENHUM LIVRO DA DÉCADA DE 1940 foi consultado, você não pode se manifestar. a tese mais lógica tem que ser descartada, senão aquele "amor" que você tanto espera dos "espíritas" não vem.

Mas se você acreditar neste e em outros absurdos, tudo bem. Seja travesseirinho com recorde de revista colado, fingindo materialização de algum falecido, em supostas psicografias que só apresentam a caligrafia do suposto médium, ou supostas psicofonias em que o dito médium faz um falsete alegando ser algum falecido que não deixou registros sonoros ao nosso dia, Se você achar que tudo isso é mediunidade autêntica, você "será amado".

Caso contrário, você será condenado à humilhante condição de "apegado aos juízos terrenos", à "severa avaliação das paixões materiais" e à "condenadora avaliação dos tiranos (sic) da razão", e não compartilhará da "inabalável força do amor".

É assim que funciona a ideologia surreal do "espiritismo" brasileiro, que busca criar um território só para si, cheio de fantasias, mistificações e mitificações. Sendo racional, o homo sapiens "espírita" é proibido de raciocinar. Não pensemos, apenas oremos e amemos.

No "espiritismo", o que vale são apenas os "olhos do coração". Só que o coração não funciona sem o cérebro. E, bem ou mal, somos seres dotados de capacidade de raciocínio, uma prática considerada "perigosa" pelo "movimento espírita". Mas o raciocínio humano tem razões que o "espiritismo" desconhece.

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