segunda-feira, 25 de dezembro de 2017
Em mensagem natalina, Divaldo Franco comprova hipocrisia do "espiritismo" brasileiro
Num depoimento encomendado pelo jornal A Tarde sobre o Natal para personalidades religiosas, Divaldo Franco comprovou a postura hipócrita do "espiritismo" brasileiro em relação ao Império Romano e à Idade Média, além da apropriação da figura de Jesus, que os "espíritas" concebem com base em paradigmas católicos medievais. A mensagem foi divulgada na edição de ontem:
"O Império Romano, qual polvo esmagador, dominava o mundo com os seus tentáculos cruéis, ao som dos clarins das vitórias.
Havia sofrimento, miséria e dor.
Foi nesse momento que Ele veio ter conosco, demonstrando a grandeza do amor em plenitude.
Ainda existem padecimentos e desespero. A criatura humana apega-se à ciência e a tecnologia de ponta, mergulhando no abismo das paixões asselvajadas e do vazio existencial em agonia.
Repetindo a ocorrência do passado Ele volta e renasce no cerne do ser. É Natal!"
A mensagem é de um igrejismo tremendo, o que, aparentemente, não traz problema algum. Mas vindo de alguém que, mesmo tendo sido reconhecido, por ninguém menos que José Herculano Pires, como "roustanguista convicto", vende uma pretensa imagem de "kardeciano autêntico", evidentemente é deplorável, sobretudo pelo conteúdo diabético da mensagem.
Divaldo Franco define o Império Romano como "polvo esmagador", promovendo "sofrimento, miséria e dor" ao som dos "clarins das vitórias". A ideia segue a tendência do "movimento espírita" em forjar suposta aversão ao Império Romano e à Idade Média, assim como Michel Temer e seus patrícios forjam suposta aversão à ditadura militar.
O "médium" baiano apoiou João Dória Jr. e sua farinata. Esquece Divaldo que, ao homenagear o prefeito de São Paulo, ele homenageou uma figura não muito diferente das autoridades do Império Romano. Esquece Divaldo que João Dória Jr. maltratou moradores de rua, reprimiu um ponto de venda de drogas com truculência policial e o "médium" ainda deu o Você e a Paz para o vergonhoso lançamento de um perigoso composto alimentar que causou péssima repercussão.
Ah, Divaldo Franco bajulando Jesus Cristo... Se soubesse quem realmente foi Jesus, sua figura histórica e polêmica, teria se envergonhado. Jesus reprovava os falsos sábios, religiosamente extravagantes, dos quais denunciava o pedantismo, a oratória rebuscada, a postura ilustrada, a soberba travestida de humildade e a pretensão de se julgar no caminho próximo do Alto.
Isso não é invenção. Vamos ler um pouco de Jesus, em registros históricos mais honestos, e se verá que os sacerdotes que ele condenava em seu tempo tinham exatamente o perfil que hoje vemos em Divaldo Franco, com oratória rebuscada, com ares de pretensa sabedoria e uma certa soberba religiosa.
DIVALDO FRANCO É MEDIEVAL
Além disso, prestemos atenção no trecho do depoimento, que reproduziremos abaixo para destacar, que revela a inclinação medieval de Divaldo Franco, que, é bom saber, tem muitos venenos por baixo das palavras de mel que difunde ao público, vide o terrível julgamento de valor aos humildes refugiados do Oriente Médio:
"A criatura humana apega-se à ciência e a tecnologia de ponta, mergulhando no abismo das paixões asselvajadas e do vazio existencial em agonia".
Quanto cinismo! É certo que a tecnologia de ponta, como os aplicativos de telefones celulares, andam corrompendo a humanidade, vide os casos das redes sociais, como Facebook e WhatsApp. Mas o próprio Divaldo deveria agradecer às "paixões asselvajadas" que, em muitas ocasiões, saem em sua defesa, publicando vídeos em louvor ao "médium" baiano, a Francisco Cândido Xavier e similares.
Além disso, o "apego à ciência" nem é tanto assim, sobretudo numa época de anti-intelectualismo, de imbecilização cultural e de fanatismo religioso que envolve os próprios "espíritas". O "espiritismo" brasileiro apoiou o golpe político de 2016, e sua postura golpista se deu por fatos, não é invenção de quem está intolerante ou invejoso. Os "espíritas" apoiam o cenário político que justamente está destruindo as atividades científicas no país, forçando nossos cientistas a migrar para o exterior.
O que Divaldo Franco se esquece é que a Ciência é um dos pilares originais do Espiritismo. Falar em "apego à ciência" ou corroborar o "tóxico do intelectualismo" divulgados antes pelo "médium" Chico Xavier e Emmanuel são leviandades que mostram o caráter medieval do "espiritismo" brasileiro e seus "médiuns", que nunca falam em "tóxico da religiosidade", este sim um dos vícios mais perigosos e sujeitos à fascinação obsessiva, subjugação e outros flagelos das paixões religiosas.
O "espiritismo" brasileiro apoiou a Operação Lava Jato, que burlava princípios do Direito sob a desculpa de combater a "corrupção". Apoiou as passeatas contra Dilma Rousseff, sob a desculpa de "simbolizarem a regeneração da humanidade". Apoia o governo Michel Temer e autoridades envolvidas - como Aécio Neves ("apadrinhado" por Chico Xavier). E os "espíritas" apoiam, com gosto, as reformas trabalhista e previdenciária que trarão mais sofrimento e miséria para o povo.
Divaldo Franco fala em "momento de crise", comparando o momento atual ao Império Romano. Mas esse discurso ele prega desde 2013, quando seu devaneio da "regeneração" e das "crianças-índigo", uma tolice importada de um modismo esotérico, deu com os burros n'água.
Diante desse discurso, o próprio Divaldo sugere uma postura golpista. Afinal, o discurso de "crise" vai no mesmo sentido ideológico - não é invenção, é só observar o contexto da situação - dos "coxinhas", do Movimento Brasil Livre, das hordas de "verde-amarelos" que se enfureceram contra a presidenta. O mesmo discurso "contra a corrupção", apenas com a raiva substituída por um discurso igrejista acusando Dilma, Lula e o PT de "fechar os olhos aos ensinamentos cristãos".
Divaldo apareceu ao lado de um tucano prefeito de São Paulo, dando uma homenagem entusiasmada. Apareceu ao lado de João Dória Jr. no evento da "farinata" e deixou que seu nome e o nome do evento Você e a Paz fossem creditados na camiseta do prefeito. Isso é vínculo de imagem e, embora o caso da "farinata" tenha sido superado, a responsabilidade de Divaldo Franco nessa marmelada deveria ser creditada, pelo menos pela chamada mídia alternativa!
Divaldo Franco demonstrou seu medievalismo religioso quando condenou o "apego à ciência", e isso faz a máscara cair, porque muitos dos deslumbrados seguidores do "médium" pensam que ele é "professor", "cientista" e "filósofo".
E sua hipocrisia em condenar o Império Romano se agrava quando ele corrobora com o devaneio de Chico Xavier, sobre o mito do "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", que, na prática, é a reconstituição do Império Romano da fase Júlio César com a supremacia religiosa da Idade Média, tudo isso em território brasileiro.
Os fatos mostram que a fantasia da "pátria do Evangelho" será um pesadelo teocrático a afligir novamente a humanidade. Falar é fácil e fala-se em "acolhimento fraterno aos hereges e céticos", mas na prática não será assim. A natureza humana não vive do mel das palavras, e mesmo esse mel pode esconder venenos mortais, com todo o ar de mansuetude que eles sejam ditos.
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