Divaldo Franco é considerado um dos ídolos religiosos mais hipócritas do Brasil. Isso não se baseia em declaração de pessoas invejosas ou religiosamente intolerantes, mas remete aos alertas dados, com antecedência, pelo renomado jornalista e estudioso espírita José Herculano Pires, que havia descrito o anti-médium baiano com palavras bastante contundentes, numa carta divulgada na imprensa:
"Do pouco que lhe revelei acima você deve notar que nada sobrou do médium que se possa aproveitar: conduta negativa como orador, com fingimento e comercialização da palavra, abrindo perigoso precedente em nosso movimento ingênuo e desprevenido; conduta mediúnica perigosa, reduzindo a psicografia a pastiche e plágio – e reduzindo a mediunidade a campo de fraudes e interferências (...); conduta condenável no terreno da caridade, transformando-a em disfarce para a sustentação das posições anteriores, meio de defesa para a sua carreira sombria no meio espírita".
Vendendo uma pretensa imagem de "líder pacifista", Divaldo, que reúne caraterísticas de pseudo-sábio e pretenso filantropo que seriam claramente condenáveis por Allan Kardec e Jesus de Nazaré, é um artífice das palavras dóceis, um confeiteiro da oratória, no qual tempera seus discursos com o mel das palavras, que no entanto personificam alguns dos aspectos negativos que a literatura kardeciana nos preveniu há muito tempo: textos empolados, ideias truncadas, falso intelectualismo, mistificação.
Em vez de se aposentar, como deveria ser de praxe, Divaldo Franco tenta insistir em fazer palestras e dar depoimentos, mesmo com 90 anos. Ele precisa manter o seu estrelato e seu aparato de "luminosidade" com suas encenações oratórias e seus depoimentos açucarados, não raro dotados de muita pieguice. O deturpador do Espiritismo tenta, com isso, explorar a emotividade da opinião pública e usar a "paz" como um gancho para dominar as pessoas.
Esperto, Divaldo Franco tem como artifício malicioso "elogiar" ateus e não-religiosos, como um lobo elogiando a tranquilidade das ovelhas. Disse, em várias ocasiões, que "prefere um ateu digno do que um religioso sem dignidade". Deveria então se olhar no espelho e ver a indignidade de sua figura, um seguidor de Jean-Baptiste Roustaing que vive puxando o saco de Kardec, como o Rolando Lero na Escolinha do Professor Raimundo.
Incoerente, Divaldo Franco fez muitas coisas sombrias, por trás do mel das palavras e da teatralidade de suas oratórias, que dá um falso ar de coragem e energia que ele não teve no episódio da "farinata" do prefeito paulistano João Dória Jr., porque Divaldo, organizador do Você e a Paz, nada fez para impedir o cancelamento do lançamento desta "ração humana", já previamente condenado por entidades ligadas à nutrição, saúde pública e os movimentos sociais.
Mas aqui vamos mostrar um aspecto contraditório, em que Divaldo Franco, como um falso profeta, muda sua interpretação a respeito das mudanças planetárias, depois que 2012 não cumpriu a perspectiva dele de chegar a regeneração. Em atitude explicitamente condenável pela literatura kardeciana, Divaldo supunha que 2012 iria ser o começo de uma "nova era".
Vamos então extrair um depoimento de Divaldo Franco em Novo Hamburgo, no dia 26 de agosto de 2012, cidade onde se realizou um evento "espírita" que contou com a presença do "médium". A entrevista foi feita para o portal G1 e Divaldo aproveita para bajular o "amado mestre" lionês, citando uma de suas ideias:
Tem gente que tem medo que o mundo acabe em 2012. O que vai acontecer de fato?
Divaldo Franco: Já estamos na grande transição planetária. Allan Kardec faz abordagem no livro "A Gênese" e fala sobre a nova era. Todas as doutrinas falam de um mundo melhor. É certo que o mundo se acabará do mal. O mal que vige cederá lugar ao bem e o calendário maia fala exatamente isso. Então espíritos nobres, de outra dimensão, que nós chamaremos seres angélicos, encarnarão na Terra e os maus não terão chances de continuar. Eles irão para mundos inferiores transitoriamente, porque Deus não castiga. Quando eles evoluírem, vão alcançar uma terra melhor. O porvir é abençoado. Hoje é um mundo de provas e expiações, o do futuro é um mundo de regeneração.
Cinco anos depois, Divaldo muda seu ponto de vista. Desde 2013 "preocupado" com a crise, ele sugeriu que os brasileiros "orassem", nada muito diferente do que pediu o neopentecostal Silas Malafaia. Divaldo tenta manter o tom de seu "otimismo", mas não consegue esconder a contradição que uma pretensa previsão causou, cinco anos depois. A entrevista foi dada no dia 06 de novembro de 2017, para o jornal Zero Hora, em razão de um evento "espírita" em Porto Alegre.
O Brasil vive hoje um momento difícil. Há uma crise político-econômica, a violência aumenta e enfrentamos momentos de intolerância. Que leitura o senhor faz desse cenário?
Divaldo Franco - Toda a vez em que a civilização atinge um ápice de progresso, há uma curva de afirmação de valores. E naturalmente, uma decadência. (Isso ocorre) Desde a antiga Babilônia até a Europa moderna, que atingiu um alto nível na civilização e, no entanto, não pode evitar duas guerras. É um fenômeno natural e histórico no processo da evolução. Apesar disso, nunca houve na humanidade tanto amor, tanta bondade e tanto sacrifício. A crise nos afeta muito. Mas é necessário descobrir os valores que estão ocultos e que os exaltemos. A crise é uma preparação de mudança - de natureza social ou tecnológica. É para a adaptação.
Isso mostra o quanto um falso profeta tenta usar de malabarismos discursivos para disfarçar suas contradições. A aventura de supor datas de evolução drástica da humanidade e, depois, esconder o equívoco de seu erro, mostra o quanto Divaldo Franco não merece a menor credibilidade. Um sujeito como esse não é digno de merecer atribuições de coerência, sabedoria e bom senso. Em países menos imperfeitos, um sujeito desses estaria falando no deserto.
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