terça-feira, 13 de janeiro de 2015
O artigo de O Globo sobre a denúncia de Amauri Xavier
Reproduzimos na íntegra a nota do jornal O Globo sobre a denúncia de Amauri Xavier de que a mediunidade dele e de seu tio, Francisco Cândido Xavier, não haviam passado de mistificação e que os livros eram escritos pela própria imaginação de cada um, sem interferência de espíritos.
Foi uma pequena nota, publicada apenas na primeira página. Dentro do jornal não há outra menção do assunto, como se esperaria de um periódico do nível do famoso jornal carioca, e nele também não há uma foto de Amauri, até agora sem imagens publicadas na Internet.
O Globo - cuja empresa, as Organizações Globo, estaria depois às boas com o "espiritismo" da FEB, vide os filmes "espíritas" da Globo Filmes, entre eles a própria biografia de Xavier, na qual Amauri é vagamente tratado como "um traidor" - tinha colaboradores católicos em sua equipe, entre os quais o ultraconservador Gustavo Corção.
A FEB sempre explorou esse falso maniqueísmo entre Espiritismo e Catolicismo no Brasil, quando se sabe que o "espiritismo" trabalhado pela federação sempre se convergiu na adaptação de dogmas, procedimentos e crenças católicas por meio de um espiritualismo místico e religioso.
A nota não apresenta novidades em relação ao que se divulga de Amauri - seria preciso uma pesquisa no Diário de Minas, que é o que traz de mais detalhes sobre o caso - , mas vale aqui reproduzir todas as palavras do texto, a título de informação.
Vale observar que a nota, datada de 16 de julho de 1958 (16.07.1958), aparece abaixo do logotipo de O Globo, o que parece um chamariz, embora tenha sido, provavelmente, uma mera coincidência na diagramação de página.
DESMASCARADO CHICO XAVIER PELO SOBRINHO E AUXILIAR!
O Globo - 16 de julho de 1958 - primeira página
BELO HORIZONTE, 16 (Especial para O GLOBO) - O jovem Amauri Pena, sobrinho de Chico Xavier, procurou a redação de um jornal de Belo Horizonte para declarar que não passam de mistificação as obras literárias psicografadas pelo famoso médium de Pedro Leopoldo. "Estou aqui para proclamar alto e bom som que tudo aquilo que tenho escrito apesar das diferenças de estilo, foi criado pela minha própria imaginação, sem que para isso houvesse qualquer interferência de almas-do-outro-mundo ou qualquer outro fenômeno miraculoso" - afirmou Amauri Pena. O sobrinho de Francisco Cândido Xavier sempre participou de sessões espíritas, durante as quais psicografava textos de poetas falecidos. Depois de submeter-se a esse papel de mistificador durante muitos anos, usando apenas faculdades literárias que exercitou, resolveu, por uma questão de consciência, revelar toda a verdade. Disse Amauri que Chico Xavier desde muito cedo era um devorador de livros, não sendo verdade, portanto, asseverar que se trata de um homem inculto.
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