ELE USA DE SEU DISCURSO MELÍFLUO PARA SE PROMOVER, COMO OS DETURPADORES QUE DESCARATERIZAM COM IGREJISMO MEDIEVAL O LEGADO ESPÍRITA ORIGINAL.
Deturpador maior vivo dos ensinamentos do Espiritismo original, e o segundo de toda a história espírita, depois de Francisco Cândido Xavier, o "médium" Divaldo Franco - definido por Herculano Pires como "roustanguista confesso" - deu, em 06 de novembro de 2017 uma entrevista ao jornal Zero Hora, um dos integrantes da mídia conservadora, que costuma blindar os "médiuns espíritas".
Esta entrevista, feita em função do 9º Congresso Espírita do Rio Grande do Sul, na PUCRS em Porto Alegre, é uma das primeiras com o "médium" depois do escândalo da "farinata", que aparentemente atingiu apenas o prefeito de São Paulo, João Dória Jr., e o arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer.
Divaldo não falou uma linha a respeito da "farinata", preferindo a omissão do que a autocrítica. O alimento que poderia causar sérios problemas de saúde à população pobre e, por isso, descartado após um grave escândalo, foi lançado num evento "espírita" e o vínculo de imagem de João Dória Jr. ao Você e a Paz e ao "médium" foi bastante explícito. Dória não exibiu a camiseta com o logotipo do evento e o nome do "médium" por acaso.
Não se sabe se foi por um lapso da mídia esquerdista - que geralmente serve de contraponto para a mídia hegemônica - ou por medo de contestar um ídolo religioso, mas o escândalo só não foi maior porque houve silêncio quanto ao envolvimento de Divaldo com a "farinata", o duvidoso alimento, condenado por nutricionistas e ativistas sociais, apesar dele ter sido o anfitrião do lançamento oficial da "ração humana", depois descartada devido a má repercussão.
Pelo menos os jornalistas da mídia progressista deveriam manifestar não só sua decepção com os "médiuns espíritas" e começarem a investigar aspectos sombrios por trás desse aparato de mansuetude e amor. A complacência se deu porque os "médiuns espíritas" não fazem o "discurso de ódio" dos neopentecostais?
Vejamos. Os atletas olímpicos muito famosos tinham um discurso fraternal e de superação muito parecido com o dos "médiuns espíritas". Foi só eles aparecerem ao lado de Aécio Neves, em 2014, para eles serem questionados e investigados pelo jornalismo progressista.
Os "médiuns espíritas" fazem esse discurso e aparecem ao lado de Aécio, Michel Temer, João Dória Jr. e os jornalistas progressistas não averiguam? E o apoio da Rede Globo aos "médiuns" Chico Xavier, Divaldo Franco e João de Deus, é mera coincidência? Já não basta o tiro no pé que as esquerdas fizeram com o apoio ao "funk", que abriu caminho para o direitismo dos sociopatas, "coxinhas" e "bolsomitos" da vida?
Reproduzimos então a entrevista de Divaldo Franco, à qual cabe um certo questionamento. Aparentemente, ele fala de "coisas boas", "verdades indiscutíveis" e "apelos para a paz". Devemos desconfiar disso, pois o excesso de mel esconde muitas estranhezas. Para quem, ao lado de Chico, teve um grande prazer de rebaixar o legado do Espiritismo a um igrejismo, um discurso "maravilhoso" como este não deve ser aceito de bandeja.
Não que queiramos a guerra, os prazeres mundanos ou coisa parecida. Mas é bom demais para ser verdade, numa sociedade complexa, haver gente com discurso adocicado demais, vindo de alguém que se supõe ter respostas prontas para tudo. Além do mais, o que Divaldo diz abaixo qualquer autor de autoajuda faz, e certos recados são óbvios demais para sugerirem genialidade ou garantirem a distinção de um figurão religioso como este.
O próprio pedagogo francês, Allan Kardec, de forma insuspeita deu o recado sobre as intenções dos deturpadores do Espiritismo, que capricharão no mel das palavras para depois inserir ideias contrárias aos ensinamentos espíritas originais. E Divaldo, um confeiteiro das palavras, tenta se valer com esse truque, que no mundo desenvolvido seria desmascarado como um discurso de um charlatão. E tantos charlatães foram desmascarados lá fora, com todo o sabor de mel de suas palavras!
Por isso, pedimos aos leitores que tomem muito cuidado ao lerem essa entrevista, para que a tentação da fascinação obsessiva não domine os instintos e emoções e atrofie a razão. Além do mais, nos previnamos de que os deturpadores da Doutrina Espírita criminalizam o prazer humano e acham que a religião "espírita" está livre do "vício do ter".
Ah, mas os próprios "médiuns" revelam também a sua obsessão pelo "ter" no contexto religioso, querendo ter a verdade em suas mãos e a imagem de divinização dentro do teatro de mansuetude e leveza. Quanto fel não pode haver sob o mel das palavras?
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O Brasil vive hoje um momento difícil. Há uma crise político-econômica, a violência aumenta e enfrentamos momentos de intolerância. Que leitura o senhor faz desse cenário?
Toda a vez em que a civilização atinge um ápice de progresso, há uma curva de afirmação de valores. E naturalmente, uma decadência. (Isso ocorre) Desde a antiga Babilônia até a Europa moderna, que atingiu um alto nível na civilização e, no entanto, não pode evitar duas guerras. É um fenômeno natural e histórico no processo da evolução. Apesar disso, nunca houve na humanidade tanto amor, tanta bondade e tanto sacrifício. A crise nos afeta muito. Mas é necessário descobrir os valores que estão ocultos e que os exaltemos. A crise é uma preparação de mudança - de natureza social ou tecnológica. É para a adaptação.
Como sair dessa crise e redescobrir nossos valores?
Quando cada um de nós realizar uma mudança de valores. Em vez de nos preocuparmos tanto com os valores externos, com a posição social ou em atingir topo, (deveríamos) nos preocupar com a harmonia interna. Com essa modificação, haverá um contágio de sentimentos.
O senhor já fez milhares de conferências em quase 70 países. Quais os anseios e dificuldades que o senhor nota em comum em pessoas de diferentes lugares?
O grande desafio da criatura humana é a própria criatura humana. O indivíduo muda somente de nome e de endereço. Os conflitos psicológicos, as ânsias e as necessidades emocionais são as mesmas, porque falta às pessoas aquele conhecimento profundo de si para dar à sua vida um objetivo e uma natureza existenciais. Apesar das conquistas tecnológicas, o homem moderno não encontrou aquela paz que procurava. Ao possuir coisas, defrontou-se com o vazio interior. Esse vazio somente é preenchido, como diria Platão, através da observação daquela proposta de Sócrates: o autoconhecimento. No momento em que nos identificamos, sabemos qual é a finalidade da vida.
O senhor é conhecido por dedicar a vida a crianças em situação de vulnerabilidade social. Qual é o maior prejuízo para uma criança furtada de condições dignas de alimentação, educação, higiene, afeto e cuidado?
Surgem as patologias sociológicas do abandono. A sociedade passa a ser detestada. E a criança que não recebeu vai cobrar. Torna-se um vândalo e invariavelmente, sai marginalizado e vai para os departamentos do crime e da droga. Nesses momentos, ele se torna um indivíduo pernicioso à comunidade. Somos responsáveis pela violência. O que negamos aos necessitados, eles vêm tomar pela força. É a lei do universo. Faltando a cooperação, surge a violência.
Como resgatá-los?
Dando-lhes oportunidade. Amando-os. Fazendo com que despertem para a vida. Com esse sentimento, eles se tornam elementos úteis da sociedade e passam a ser membros de um novo corpo - o corpo da era nova.
O senhor adotou muitas crianças. É um pai para muitos...
Compreendi que não bastava dar comida, roupa e escola. Era necessário dar segurança e carinho. Todos nós somos carentes. Aquele que foi rejeitado ou que padeceu em função da orfandade tem sede de amor muito grande. E como eu tinha sede de amor também, procurei dar-me. Dar qualquer um faz, mas para dar-se é necessário renunciar ao ego para tornar feliz o outro.
O senhor recebeu o título de embaixador da paz no mundo em 2005 por uma universidade de Genebra, na Suíça. De lá para cá, o que mudou?
A sociedade passou a perceber muito os valores da vida. A ecologia desenvolveu valores adormecidos. O sentimento de amor ampliou-se muito, particularmente aos animais. Não só evitando a exterminação em massa de vidas que caminhavam para o extermínio, mas também o acompanhamento deles para a solidão. Mudaram os sentimentos, que antes eram ególatras e voltados para dentro. Ao amarmos o animal, facilmente iremos amar a criatura humana.
O senhor dedicou a vida ao espiritismo. Que mensagem o senhor traz da sua caminhada e do espiritismo, até para que não é espírita ou não tem religião?
Que vale a pena amar. O amor desabrocha através do respeito pela vida e se consolida pela amizade. Posteriormente, pela aglutinação de sentimentos. Através desses sentimentos, tornamos o mundo melhor e o ser humano se torna parte do universo. Ele (o ser humano) o é (é parte do universo), mas não sabe. É como no caso do holograma: cada pedaço tem o todo e o todo tem os pedaços. Nós carregamos o mundo dentro de nós. Quando nos dermos conta de que somos cédulas utilíssimas dessa realidade universal, mudaremos interiormente e voltaremos, com sentimento de amor, em alta escala de progresso. E a vida será melhor.
O senhor já declarou que é melhor não ter religião e ser digno do que ter religião e não ter dignidade. Por quê?
Muitas vezes a religião é um rótulo. É como um produto que está designado por um nome mas, por dentro, tem outro significado. A função da religião é apresentar a pedagogia da boa conduta. Por isso, toda religião que não leva ao fanatismo é boa. Mas, invariavelmente, o indivíduo tem a religião como ato social e não se impregna de todos os postulados. Ou em outras vezes, não tem religião e tem sentimento de nobreza. Se olharmos os grandes construtores da sociedade, veremos que não eram religiosos. Sua religião era a prática do bem, o desejo de fomentar o progresso e de promover o indivíduo ao status de cidadania.
Em 2014, o senhor publicou o livro "Seja Feliz Hoje". Como ser feliz hoje?
Ao realizar o estado de paz interior. Confundimos a felicidade com o prazer. O prazer é fugidio, resultado da vida sensorial. A felicidade é o aprofundamento de valores. Podemos ser felizes na doença, na pobreza, na situação deplorável. Mas logo vem a ânsia do prazer. A verdadeira felicidade é dar-se para que a vida seja útil. Quando ela se torna útil a alguém, torna também ao indivíduo. É a proposta de Jesus Cristo: ele veio para servir, e não se serviu de nós para evoluir. A lição dele está no espiritismo, que nos oferece, na caridade, o meio de exaltação do self. Buscamos sempre o prazer e esquecemos da felicidade. Muitas vezes temos as respostas físicas, mas não temos a paz interior para a plenitude.
Há quem diga que hoje existe uma obsessão pela felicidade e que é por isso que as pessoas se frustram. Como o senhor avalia isso?
A felicidade é pelo ter. Corremos atrás de coisas e esquecemos dos valores individuais. Muitas vezes renuncio a determinado prazer para encontrar a paz. Somente quando nos preenchemos de valores éticos é que as coisas perdem o significado. Elas têm o valor que nós atribuímos. No momento em que a dor nos surpreende, esses valores desaparecem. Mas quando temos certeza de que a dor é um apelo do universo para que nos tornemos melhores, a felicidade aparece.
A felicidade envolve renúncia?
Sim. Sem a renúncia, não há felicidade. A renúncia é prova de amor, não exigir que o outro seja como nós queremos, mas ser feliz com aquilo que o indivíduo tiver.
Qual a sua mensagem para os espíritas e para quem não é também?
Que procure tudo para fazer o bem do outro. Quando mudamos, o mundo se transforma. Esperamos que os valores venham das autoridades governamentais. Mas eles são cidadãos. Se foram felizes, serão excelentes autoridades. Mas se tiverem caráter dúbio, acostumados ao suborno das paixões, eles mudam somente de postura e pioram aquelas tendências. Vale a pena amar, mas no sentido de tornar o outro feliz. Quando tornamos o outro feliz, ficamos felizes.
A mudança é difícil?
Não. É questão de adaptação. Vivemos um mundo de hábitos. Se algo me apraz, eu repito. Se me desagrado, cancelo. Se coloco uma meta produtiva que me planifica, eu me adapto e isso se torna uma realidade.
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