sábado, 26 de setembro de 2015

O "espiritismo" e a maldição das mortes precoces


O "espiritismo" é a religião do velho. A religião que se autoproclama a vanguarda dos movimentos espiritualistas, mas se comporta e age como se fosse a pior das retaguardas. Uma religião que, a pretexto de acreditar na vida futura, ceifa o novo e interrompe a renovação da humanidade.

Daí não ser por acaso que muitos que aderem essa religião acabam perdendo seus filhos em algum acidente. O "espiritismo" dá azar, mesmo para aqueles que aderem a ele com amor e dedicação. A religião tem bases ideológicas que remetem à Idade Média, e isso se comprova pela prática que os "centros espíritas" fazem e pelo pensamento ideológico de sua crença.

É risível que os líderes e palestrantes "espíritas" façam suas críticas severas do Catolicismo medieval. Houve caso de palestrante falando mal do imperador Constantino, por "profanar" o Cristianismo, o que é contraditório, mediante a herança que a deturpação da Doutrina Espírita, no Brasil e sobretudo através de figuras como Bezerra de Menezes e Francisco Cândido Xavier, trouxeram.

O "espiritismo" se baseou no Catolicismo português, que, pelo menos, até o Segundo Império brasileiro, mantinha práticas e valores medievais. e de início isso era até uma regra de sobrevivência, para tentar minimizar as perseguições policiais a seus praticantes, coisa muito comum na República Velha.

A única diferença que o pretenso Espiritismo brasileiro tem do Catolicismo medieval é que ele resultou de um "pacto" com práticas hereges clandestinas. O aspecto religioso fornece os conceitos católicos medievais, enquanto que o que se entende no Brasil como "ciência espírita" se relaciona a práticas e abordagens ocultistas de alto grau místico, mas muito pouca coerência científica.

E é a partir daí que o "espiritismo" torna-se uma religião com energias vibratórias confusas e, não raro, malignas. É uma religião que se mostra pior do que as seitas neo-pentecostais, porque pelo menos estas são apenas bastante grotescas e, ameaças à parte (como o sutil fundamentalismo dos Gladiadores do Altar, da Igreja Universal), não conseguem enganar durante muito tempo.

Já o "espiritismo" é mentira pura. Seus integrantes mentem o tempo todo, quando dizem jurar toda a inabalável fidelidade e rigoroso respeito ao pensamento de Allan Kardec, mas cortejam traidores como Chico Xavier e Divaldo Franco, que de forma bem clara publicaram livros que contrariam de maneira frontal o pensamento cuidadosamente sistematizado pelo pedagogo francês.

E aí vemos o que ocorre. Confusão de energias, um engodo energético que acaba atingindo sobretudo os mais jovens, que têm mais idealismo e potencial de transformação social. A religião "espírita" protege os idosos, mas deixa os jovens vulneráveis, ou então traz azar a pessoas com algum tipo de diferencial, de Juscelino Kubitschek a José Wilker (que por acaso interpretou JK na televisão).

Embora legalmente idosos, Kubitschek e Wilker (mortos aos 74 e 70 anos, ambos incompletos), eram considerados "jovens" para o legado que deixaram e para os projetos que tinham em mente. E estavam associados a iniciativas bastante modernas e relacionadas ao progresso do Brasil. Não eram "espíritas", mas tinham alguma simpatia, tendo sido Kubitschek amigo de Chico Xavier e Wilker, ateu, recorrido a um "centro espírita" para uma cirurgia.

Mas mesmo os mais devotos "espíritas" também sofrem azar. As atrizes Nair Bello e Ana Rosa perderam filhos em acidentes. Um filho e uma nora do diretor de TV Augusto César Vannucci, amigo de Chico Xavier, morreram sufocados por gás de aquecedor, no final dos anos 80.

A "vida futura", embora seja uma certeza, virou uma desculpa para as pessoas adiarem seus projetos de vida para outras encarnações. Só que isso se torna inútil, porque as sociedades mudam, nem sempre para melhor, e os projetos de vida tendem a ser quase todos readaptados e refeitos, já que uma pessoa que morre jovem só voltará a ser jovem adulta num prazo mínimo de cerca de 25 anos.

Num país de retrocessos como o Brasil, e, sobretudo, a cidade do Rio de Janeiro, tomada de projetos urbanísticos e culturais que na verdade evocam os valores consumistas e turísticos dos tempos do "milagre brasileiro", fica muito mais difícil morrer cedo e reencarnar com o mesmo idealismo.

Se as mortes prematuras são uma eventualidade na vida humana, elas são vistas pelo "espiritismo" como uma fatalidade. Alguns "espíritas", sádicos, chegam a dizer que vários jovens morrem cedo porque "chegou a hora" e "não precisam mais" contribuir para a evolução da humanidade terrena, vivendo suas breves encarnações apenas para "exercer a afeição familiar".

Essa tese existe e é de um sadismo assustador. Sobretudo quando pessoas são vítimas da violência, julgadas pelos "humildes e misericordiosos espíritas" como devedoras de antigas crueldades, um julgamento cruel e equivocado, porque a Ciência Espírita não é algo que os "dedicados espíritas" tenham pleno conhecimento, até pelo fato de que eles a aprendem mal pelos livros de Chico Xavier e companhia.

O moralismo "espírita" tenta justificar prejuízos, danos e retrocessos supondo encarnações passadas que eles não têm ideia se assim foram. Mas eles mesmos se desentendem sobre quem tinha sido quem na encarnação passada e houve líder "espírita" que pesquisava as enciclopédias para enumerar os cientistas e monarcas que havia sido em outras encarnações.

E é essa religião que acaba ceifando o novo, feliz pela ilusão de que os mais jovens vão para a "verdadeira vida", enquanto interrompem sua missão mal começada, porque "não é mais necessária". E o Brasil se torna cada vez mais velho e retrógrado, afastando de vez a fantasia, tão sonhada pelos "espíritas", de que irá em breve comandar o mundo.

Daí o "espiritismo" ser pior do que as seitas neo-pentecostais. Elas também são medievais à sua maneira, mas pelo menos elas são tão grotescas que às vezes acabam soando cômicas e engraçadas. O "espiritismo", com sua pretensão de seriedade e transparência, é que se torna triste e deprimente.

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