sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Em crise, FEB montou estande na Bienal do Livro

ILUSTRAÇÃO MOSTRANDO CHICO XAVIER NO ESTANDE DA FEB, NA BIENAL DO LIVRO 2015.

O "movimento espírita" foi representado por algumas editoras que tiveram estandes montados na 17ª Bienal do Livro, a ocorrer, até o dia 13, no Riocentro, local de eventos de grande porte no Rio de Janeiro, localizado na região de Jacarepaguá.

Um deles, obviamente, da própria editora da Federação "Espírita" Brasileira, mostra em destaque uma ilustração com a imagem de Frncisco Cândido Xavier autografando um livro. O anti-médium é descrito como "o maior brasileiro de todos os tempos".

De uma forma curiosa, a FEB foi vender na Bienal do Livro a sua maior mercadoria: o livro, instrumento tendencioso de pregação ideológica, num país ainda longe de ter um hábito regular de leitura. O quadro melhorou nos últimos anos, mas está muito longe do ideal.

Afinal, os eventos literários precisam ser espetacularizados para atrair mais leitores. Os livros que são mais vendidos são literatura "água com açúcar" e, curiosamente, obras dos anos 1940, como O Pequeno Príncipe (1943), de Antoine de Saint-Exùpery, e Diário de Anne Frank (concluído em 1944 - publicado postumamente em 1947), da própria. Deve ser influência das escolas.

A literatura "espírita" é considerada uma das piores do país. Em muitas obras, o nível é de noveletas de baixa categoria, narrativas escritas de melodramas humanos de lições moralistas e apelo meramente religioso. Nota-se, como um dos clichês, o crédito do suposto autor espiritual com nome latinizado, como Lúcius, no caso de Zíbia Gasparetto.

As obras mais "ambiciosas" seguem o roteiro parecido com seu maior sucesso, Nosso Lar, que Chico Xavier lançou usando o nome fictício de André Luiz. O roteiro começa com o sofrimento no regresso ao mundo espiritual, depois vem o socorro dos membros da colônia espiritual e, em seguida, as lições de tão generosa assistência. Com as devidas variações, o enredo segue essas bases.

Os "exemplos" de Chico Xavier e Divaldo Franco tornam-se de muita irresponsabilidade, uma vez que a literatura "espírita" tornou-se um exemplo de baixa literatura, em que as lições de Allan Kardec e sua bibliografia relativamente modesta, foram gravemente deturpadas.

Uma quantidade enorme de livros "espíritas" foi publicada, superando, e muito, a modesta mas correta obra de Kardec, cada vez mais marginalizado nas livrarias. Afinal, até as traduções que predominam da obra kardeciana são bastante duvidosas, e, para piorar, a tradução oficial corresponde ao texto duvidoso de Guillón Ribeiro para a FEB.

Mais aberrante: Chico Xavier afirmava que os livros eram "sua maior caridade", e mais de 400 foram lançados usando seu nome, embora seus compromissos e, com o tempo, sua doença não o permitisse ser autor de boa parte de seus livros, que na verdade teriam sido feitos por uma equipe de editores.

A FEB queria celebrar sua "caridade" de levar a "boa palavra" ao público. Mas isso tornou-se sua pior qualidade, porque divulgar ideias deturpadas e confusas, com livros maçantes de leitura cansativa, que mais confundem. Confundir através dos livros nunca poderia ser caridade.

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