quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Cartazes publicados em Niterói alertam para movimentos de extrema-direita no Brasil


Que o Sul e Sudeste sofrem profundos retrocessos sociais, isso é verdade. O Estado do Rio de Janeiro, principalmente sua capital, conforme mostram os noticiários, é palco de uma tragicomédia que se manifesta em diversos aspectos e várias situações.

O drama fluminense e, principalmente, carioca, não é algo que possa ser visto como algo menor, como uma "crise natural" em consequência da modernidade e da complexidade urbana das grandes metrópoles, mas retrato de uma crise que deveria ser levada a sério.

Enquanto se prepara o separatismo da Zona Norte e Zona Sul cariocas, através do fim de linhas de ônibus diretas, medida a ser implantada no próximo mês para dificultar o acesso do povo dos subúrbios às praias da Zona Sul - amostra disso foi a extinção da linha 465 Cascadura / Gávea, embora um discreto precedente tenha sido o fim da linha 442 Lins / Urca - , cartazes ligados a um grupo neo-nazista foram vistos colados nas ruas da vizinha Niterói.

Os cartazes, supostamente dirigidos a grupos jihadistas como o Estado Islâmico, são creditados ao "International United Klans" e "Imperial Klans Brasil", e indicam um movimento nos moldes do estadunidense Klu Klux Klan. Com posições contrárias ao povo judeu, aos homossexuais, aos comunistas e outros grupos normalmente hostilizados pela extrema-direita, o grupo, através de seus cartazes, tenta se autopromover às custas da crise em que vive o país.

Movimentos de extrema-direita surgem no Sul e Sudeste. Um deles, no Rio Grande do Sul, luta para recriar a ARENA (Aliança Renovadora Nacional), principal partido da ditadura militar, e já enviou documentos para solicitar registro no TSE. Neo-nazistas eventualmente agem praticando violência nas ruas de São Paulo, causando vários assassinatos, cujas vítimas geralmente eram homossexuais.

Grupos neo-nazistas chegaram a exibir suásticas durante as manifestações contra a presidenta Dilma Rousseff, que foram organizadas várias vezes este ano. E mesmo num reduto de rebeldia domesticada como a pretensamente roqueira FM carioca, a Rádio Cidade, jovens escreviam em sua página de recados na Internet defendendo o fechamento do Congresso Nacional e o fim do Poder Legislativo, com a desculpa de "combater a corrupção".

O ultraconservadorismo já era expresso pela "inocente" ação de trolagem na Internet. Vários casos de vandalismo digital, com humilhações coletivamente combinadas por alguns internautas violentos nas mídias sociais envolvem desde a defesa de decisões arbitrárias das autoridades políticas, modismos ditados pela mídia e valores racistas e machistas.

Geralmente as pessoas que questionam esses valores eram "bombardeadas" por uma série de comentários irônicos que depois se convertem em gozações abertas e ameaças, sempre com mensagens em série publicadas por internautas comandados geralmente por um ou dois "valentões". Um deles chega ao ponto de criar blogues ofensivos contra a vítima, reproduzindo para fins de difamação textos e acervo pessoal do lesado.

Isso era um "ensaio" para o extremo-direitismo que toma conta do Sul e Sudeste, embora tenha seus vestígios em outras regiões (como a tentativa de assassinato, no interior da Bahia, contra um pai e um filho que se abraçavam como amigos - um deles morreu - por grupos neo-nazistas que pensaram serem casal de gays). Em todo o caso, o fato do Sul e Sudeste, sobretudo o eixo Rio-São Paulo, ditarem o que "deve valer" para todo o país torna-se um grave perigo.

Os profundos retrocessos do Rio de Janeiro, consequência de muitos valores retrógrados e nocivos, transmitidos até mesmo por autoridades políticas e veículos da grande imprensa, são empurrados para o resto do país como "modelos de modernidade", e impostos como se fossem "experiências bem-sucedidas". A falta de observação das elites das demais regiões e os interesses coronelistas e tecnocratas ainda vigentes permite que o retrocesso sulista-sudestino seja "exportado" para o resto do país.

Isso representa um grave perigo, na medida em que os retrocessos partem de regiões que ainda são vistas como referências para todo o país. O declínio de São Paulo como "cidade-modelo" para o outrora moderno Rio de Janeiro não resolveu as coisas, porque a ex-Cidade Maravilhosa hoje passa por retrocessos ainda piores do que os da capital paulista há cerca de 15, 25 anos atrás. E isso pode causar, no Brasil, danos irreparáveis num futuro próximo.

E tal constatação não pode ser vista como teoria conspiratória de internautas revoltados. Essa é a realidade que foge ao WhatsApp e que poderá trazer tragédias futuras, até mesmo para aqueles que se "trancam" nas mídias sociais para verem, felizes da vida, vídeos engraçados e memes com mensagens positivas.

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