quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Por que Erasto reprovaria, com certeza, Chico Xavier?

FOTO DE JEAN MANZON MOSTRA CHICO XAVIER LENDO JORNAIS E FAZENDO ANOTAÇÕES, EM 1944.

Mais uma gafe é cometida pelos "espíritas" que reclamam de tantas críticas feitas contra Francisco Cândido Xavier, em um processo que eles definem como "campanha lamentável de maledicência". Acusam eles que os contestadores estão dotados de confusão e desconhecimento da Doutrina Espírita, enquanto os próprios "espíritas" é que estão equivocados.

Mais de um, e não só no Brasil, evocaram Erasto, o profeta dos tempos bíblicos que, em espírito, retornou para divulgar seu alerta contra os inimigos do Espiritismo, para defender Chico Xavier, numa clara demonstração de incoerência e inconsistência.

Erasto fazia alertas enérgicos e afirmava que os inimigos da Doutrina Espírita estavam dentro dela. Eles se serviam de médiuns despreparados e espíritos traiçoeiros, que inseriam conceitos levianos que contrariam o pensamento de Allan Kardec, camuflados em obras que aparentemente diziam "coisas boas".

Erasto recomendava rejeitar tais práticas sem piedade, porque elas representavam o perigo da traição ao pensamento kardeciano e à coerência da realidade e seu bom senso. Segundo o discípulo do profeta Paulo de Tarso, mais vale repelir dez verdades do que aceitar uma única mentira.

Num país marcado pela demagogia, pela supremacia das meias-verdades e pela corrupção, faz sentido que os "espíritas" estejam inclinados a aceitar as mentiras de Chico Xavier, manifestas por sua trajetória duvidosa e cheia de escândalos, erros graves e contradições vergonhosas que tornam definitivamente inconcebível todo e qualquer vínculo dele com Allan Kardec.

Alguns parágrafos de Erasto, já reproduzidos antes, merecem ser novamente citados porque eles soam como um recado direto sobre Chico Xavier, que com exatidão personifica o inimigo do Espiritismo que, embora no fundo tenha sido um católico paranormal, tornou-se "inimigo dentro da Doutrina" pelo vínculo forçado que se faz dele ao Espiritismo e a Allan Kardec:

Os médiuns levianos, pouco sérios, chamam, pois, os Espíritos da mesma natureza. É por isso que as suas comunicações se caracterizam pela banalidade, a frivolidade, as idéias truncadas e quase sempre muito heterodoxas, falando-se espiritualmente.  Certamente eles podem dizer e dizem às vezes boas coisas, mas é precisamente nesse caso que é preciso submetê-las a um exame severo e escrupuloso. Porque, no meio das boas coisas, certos Espíritos hipócritas insinuam com habilidade e calculada perfídia fatos imaginados, asserções mentirosas, como fim de enganar os ouvintes de boa fé.

Esse parágrafo se encaixa nos questionamentos que se faz sobretudo aos livros de Chico Xavier, com ideias truncadas, escondidas por trás de "coisas boas" eventualmente expressas, e das quais se inseriram de forma hábil e perversa fatos imaginados sem comprovação científica autêntica - descontam-se as tentativas de acadêmicos "espíritas" em trabalhos metodologicamente bastante falhos e sem embasamento - e preconceitos igrejistas e até de mais retrógrado moralismo.

Por debaixo dos panos, se inseria desde valores machistas e racistas - como a submissão da mulher defendida por Emmanuel e a insólita relação de espíritos e plantas no "mundo espiritual" de Nosso Lar - até o moralismo mais retrógrado, como a vergonhosa apologia ao sofrimento das frases de Chico Xavier, idênticas às que fizeram Madre Teresa de Calcutá ser apelidada "anjo do inferno".

As comunicações dessa natureza só são perigosas para os espíritas que agem isolados, os grupos recentes ou pouco esclarecidos, porque, nas reuniões de adeptos mais adiantadas e experientes, é inútil a gralha  de se adornar com penas de pavão, pois será sempre impiedosamente descoberta.

Os "espíritas" brasileiros e os que compartilham de suas crenças e práticas no exterior - há blogues "espíritas" produzidos por portugueses - ainda tentam adornar a "gralha" com "penas de pavão", tentando a todo custo manter a boa imagem de Chico Xavier junto a Doutrina Espírita, medida que, ao menor esforço de esclarecimento, é desmascarada sem dó, o que faz os "espíritas" reagirem com omissão, sem poder argumentar os questionamentos que recebem.

Mas onde a influência moral do médium se faz realmente sentir é quando este substitui pelas suas pessoas aquelas que os Espíritos se esforçam por lhe sugerir. É ainda quando ele tira, da sua própria imaginação, as teorias fantásticas que ele mesmo julga, de boa fé, resultar de uma comunicação intuitiva. Nesse caso, há mil possibilidades contra uma de que isso não passe de reflexo do Espírito pessoal do médium.

Esse parágrafo parece se destinar às supostas cartas "mediúnicas" de Chico Xavier, embora essa atribuição de usar os nomes de espíritos falecidos em mensagens da própria imaginação esteja presente em seus livros, desde o irregular Parnaso de Além-Túmulo. A obra de Chico Xavier é marcada por textos que mostram claramente o "reflexo do Espírito pessoal do médium" descrito por Erasto.

É essa a pedra de toque das imaginações ardentes. Porque, levados pelo ardor das suas próprias idéias, pelos artifícios dos seus conhecimentos literários, os médiuns desprezam o ditado modesto de um Espírito prudente e, deixando a presa pela sombra, os substituem por uma paráfrase empolada. Contra esse temível escolho se chocam também as personalidades  ambiciosas que, na falta das comunicações que os Espíritos bons lhe recusam, apresentam as suas próprias obras como sendo deles. Eis porque é necessário que os dirigentes de grupos sejam dotados de tato apurado e de rara sagacidade, para discernir as comunicações autênticas e ao mesmo tempo não ferir os que se deixam iludir.

Já esse aspecto toma como ênfase os livros, pois até parece que Erasto estava falando do próprio Chico Xavier. De certo, os conselheiros sempre nos advertem de armadilhas que só tardiamente serão armadas, pois pelo conhecimento da verdade, podem identificar também as fraudes contra ela correspondentes.

Chico Xavier tinha muitos conhecimentos literários, mas não necessariamente como especialista (há pontos medíocres e falhos nesse sentido), mas como leitor voraz de livros e jornais. Daí seu hábito de imitar razoavelmente (mas com falhas) os estilos literários diversos e a pesquisar informações de várias fontes e vários tipos de fontes para escrever mensagens tidas como "vindas do além-túmulo".

Os livros de Chico Xavier sempre apresentam um discurso empolado. São obras que exigem leitura maçante, por causa da linguagem pesada, pretensamente erudita, melancólica e tediosa, confusa e cheia de vícios de linguagem, das quais soa ofensivo atribui-las a espíritos dos mais renomados autores, de Olavo Bilac a Auta de Souza, passando pelo famoso caso Humberto de Campos, a maior vítima da atrocidade textual do anti-médium mineiro.

As imaginações ardentes, o ardor das ideias pessoais de Chico Xavier, os artifícios de conhecimentos literários para produzir linguagens empoladas, prolixas e rebuscadas, e o mascaramento da autoria do próprio "médium" que usa os nomes dos mortos para atribuir-lhes, levianamente, a autoria dos textos, é um aspecto facilmente observável da literatura xavieriana.

CONCLUSÃO

Erasto havia descrito que era melhor que se rejeitasse dez verdades do que aceitar uma única mentira. Evidentemente, Erasto não iria recomendar que se aceitassem as mentiras de Chico Xavier. Através da análise acima, provamos que as aberrantes irregularidades da obra xavieriana refletem o perigo apresentado pelo discípulo de Paulo de Tarso.

Se dissemos que Erasto reprovaria Chico Xavier, não estamos apresentando calúnias nem maledicências e muito menos estamos confusos e desconhecedores do Espiritismo. Pelo contrário, mostramos, com argumentos e análises que realmente Chico Xavier corresponde ao "inimigo interno" da Doutrina Espírita que Erasto tentava evitar.

Ver que a deturpação da Doutrina Espírita chegou-se ao ponto de seus líderes usarem o próprio Erasto para proteger suas fraudes, é de uma aberração incalculável. Certamente, Erasto, se soubesse, reagiria com indignação e enérgica reprovação contra tudo o que os "espíritas" brasileiros e seus solidários de outros países fazem, e principalmente em prol de Chico Xavier.

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