segunda-feira, 6 de julho de 2015
Por que as pessoas estão tão desinformadas sobre a deturpação "espírita"?
O "espiritismo" brasileiro é esclarecedor? Está comprometido com a ciência e o ativismo social? Está enquadrado na vanguarda dos movimentos ativistas e filantrópicos do país? Embora muitas pessoas respondam afirmativamente a todas essas perguntas, a realidade mostra o lado oposto, apesar das denúncias não serem muito apreciadas pela maioria dos que se dizem "espíritas".
Em terra de cego, quem tem um olho é rei, frase que é um famoso ditado popular. As pessoas no Brasil andam desinformadas das coisas, e mesmo o diploma universitário, a "vida das ruas" e o contato intensivo com a Internet não conseguem fazer, por si só, as pessoas mais inteligentes e bem informadas.
O bombardeio de informações despejado pela mídia e pela tecnologia é que faz com que se crie a ilusão de que as pessoas são bem informadas, processam bem toda ideia que assimilam e possuem uma compreensão aprofundada dos mais variados assuntos.
Essa é a pretensão. A prática, porém, mostra que as pessoas continuam sendo ignorantes e até mais ignorantes do que imaginam, porque a obsessão em querer compreender tudo as faz sucumbir em gafes e interpretações equivocadas das coisas, ideias e fatos.
No caso do "espiritismo", o desconhecimento é resultante da visão estereotipada que se tem dos erros religiosos. Imagina-se que os charlatães da religião preguem gritando, sejam histéricos, adotam conduta grotesca e se aparentam de maneira insossa e pouco confiável.
Mas o "espiritismo" acaba mostrando aspectos bastante traiçoeiros ao longo de seus episódios de fraudes, pastiches literários, farsas pseudo-mediúnicas, usurpações de gente famosa e disputas de egos, algo que é verídico, mas que os seguidores dessa doutrina não conseguem admitir.
Na melhor das hipóteses, esses seguidores se limitam apenas a dizer que "existem erros", "ninguém é perfeito" ou coisa parecida. com tanto medo que chegam mesmo a considerar, apesar de tantas imperfeições, seus ídolos "espíritas" como "perfeitos". "Perfeitos" na imperfeição.
A desinformação reflete a emotividade extrema que faz o "espiritismo" brasileiro se distanciar da racionalidade da Doutrina Espírita original. Mas, num desses casos de pretensiosismo e mascaramento ideológico, o "espiritismo" brasileiro é visto como "racional" assim mesmo.
Isso acontece porque, no Brasil, existe a mania de se definir as coisas acima do que elas realmente são. Julga-se as coisas como se fossem melhores, mais avançadas e mais perfeitas - mesmo admitindo alguma imperfeição - do que a realidade mostra.
A desinformação é tanta que poucos percebem que o "espiritismo" brasileiro quase nada tem de espírita. A prática "espírita" se perde com a predominância, para além da conta e dos limites, de apelos moralistas e arremedos de filantropia.
Seus integrantes imaginam que sabem tudo de vida espiritual e práticas mediúnicas, quando na prática agem de forma improvisada e especulativa. Desconhecem a Ciência Espírita e tais atividades estão mais próximas do heretismo místico e ocultista da Idade Média, usado para amenizar o teor do moralismo católico-medieval que o "espiritismo" brasileiro mostra em sua ideologia.
Daí que a desinformação contagia os "espíritas", como os leigos que se tornam simpatizantes de figuras como Chico Xavier e Divaldo Franco. Os dois também estão associados a práticas eticamente duvidosas, não sendo exagero defini-los como charlatães, embora a denominação é vista por muitos como "chocante" e "injusta".
É a desinformação quanto a fraudes, deturpações e outros erros gravíssimos que deveriam ser um alerta para as pessoas não saírem por aí dizendo que esses erros são pequenos e que seus envolvidos precisam manter a reputação intata. A emotividade, escravizando a razão, corrompe os "espíritas".
E essa corrupção ocorre de tal forma que o sentimentalismo acaba permitindo todo tipo de erro. Só que o fato de que todos podem errar não significa que se aceite de bandeja qualquer erro, e este blogue já mostra erros de gravidade preocupante no seio do "espiritismo".
Essa desinformação mostra o atraso que vive o país. A confusão e verdadeira promiscuidade de conceitos, em que os critérios lógicos são os que menos importam, é que faz surgirem erros, aberrações e absurdos em nosso país, permitidos pela incompreensão da maioria das pessoas que, para muitas coisas, como o "espiritismo", parecem mais perdidas do que cego em tiroteio.
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