quarta-feira, 8 de julho de 2015
O "equilíbrio" de Emmanuel e o desequilíbrio "espírita"
Grande hipocrisia é o "espiritismo" brasileiro. Traiçoeiro, se serve do desfile de belas palavras para disfarçar todo um rol de práticas irregulares, corruptas, equivocadas e até claramente maléficas, toda uma verborragia organizada para justificar os mais graves erros e as mais levianas mistificações.
Reproduzimos aqui um texto do jesuíta Emmanuel, divulgado por Francisco Cândido Xavier, que é uma pura demonstração de cinismo, porque ele em si não recomenda o equilíbrio pessoal e soa um recado bastante grotesco que nem de longe traz esperança nem otimismo para as pessoas.
O texto em si, do livro Fonte Viva, de 1956, é de claro conteúdo moralista, que não consola pela aparente lembrança dos erros e consequências, e nada ajuda na consciência da autocrítica, porque a vida já diz muito sobre isso do que o moralismo do severo Emmanuel tenta dizer.
A contradição do "espiritismo" brasileiro, que expressa complacência à prática do mal, atribuindo quase sempre ao algoz como um "agente de reajustes morais" das vítimas, estas tidas como as "culpadas", faz essa pregação moral que apenas perturba aqueles que cometeram erros graves, por dois motivos.
Primeiro, porque o recado não sugere em si uma solução, não inspira autocrítica, não traz consolação, e apenas fala, com um certo cinismo hipócrita, apesar das palavras "respeitosas", da gravidade de um mal cometido, e isso em nome de uma doutrina que nada faz para prevenir as pessoas dos erros, mas antes as empurra para infortúnios pesados e impulsos para atos imprudentes.
Segundo porque não traz credibilidade por ser transmitido pelo retrógrado Emmanuel, que era racista, machista, autoritário e medieval, e atuava como um enérgico chefão do confuso e irregular Chico Xavier. este também bastante conservador e católico à moda antiga.
Daí que a mensagem não significa um texto confiável para quem quer buscar o equilíbrio espiritual, até porque não há uma sugestão animadora para isso. E como é que uma mensagem dessas pode representar equilíbrio se o próprio "espiritismo" é desequilibrado por conta de seus erros gravíssimos?
Uma boa prova de que a mensagem abaixo nada tem de consoladora é que ela seguramente estimularia os pais a se irritarem mais com os erros dos filhos e usarem as mesmas alegações de Emmanuel para darem mais e mais broncas. E Emmanuel adorava dar broncas, autoritário e severo que era.
Reproduzimos então o texto "Se Soubéssemos", o tal recado moralista de Emmanuel, que nada tem de esclarecedor, sendo mais uma dessas mensagens que toda igreja medieval já pregou e que mesmo os sacerdotes que ordenavam as cruzadas eram capazes de pregar em seus sermões:
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SE SOUBÉSSEMOS
Do livro Fonte Viva (1956), cap. 38 - Francisco Cândido Xavier - Ditado por Emmanuel. FEB, 1956.
Se o homicida conhecesse, de antemão, o tributo de dor que a vida lhe cobrará, no reajuste do seu destino, preferiria não ter braços para desferir qualquer golpe.
Se o caluniador pudesse eliminar a crosta de sombra que lhe enlouquece a visão, observando o sofrimento que o espera no acerto de contas com a verdade, paralisaria as cordas vocais ou imobilizaria a pena, a fim de não confiar-se à acusação descabida.
Se o desertor do bem conseguisse enxergar as perigosas ciladas com que as trevas lhe furtarão o contentamento de viver, deter-se-ia feliz, sob as algemas santificantes dos mais pesados deveres.
Se o ingrato percebesse o fel de amargura que lhe invadirá, mais tarde, o coração, não perpetraria o delito da indiferença.
Se o egoísta contemplasse a solidão infernal que o aguarda, nunca se apartaria da prática infatigável da fraternidade e da cooperação.
Se o glutão enxergasse os desequilíbrios para os quais encaminha o próprio corpo, apressando a marcha da morte, renderia culto invariável à frugalidade e à harmonia.
Se soubéssemos quão terrível é o resultado de nosso desrespeito às Leis Divinas, jamais nos afastaríamos do caminho reto.
Perdoa, pois, a quem te fere e calunia...
Em verdade, quantos se rendem às sugestões perturbadoras do mal, não sabem o que fazem.
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