sábado, 18 de julho de 2015

"Espiritismo" faz de muitos adeptos "sacos de pancadas" humanos


Você adoraria ser um "saco de pancadas"? Pois é isso que o "espiritismo", com suas energias confusas combinadas com seu misticismo moralista e sua espiritualidade irregular e corrompida, quer de você.

A ideologia de Francisco Cândido Xavier, tido equivocadamente como "progressista" e "moderno", enfatiza o silêncio da prece e o sofrimento sem queixumes, coisas que nada têm de progressistas, mas são extremamente conservadoras.

Não é exagero dizer que Chico Xavier é um ultraconservador, uma espécie de "AI-5 com amor". A apologia de seus textos e frases em prol do sofrimento humano são extremamente cruéis e dotadas de um sadismo terrível, mas da forma como são escritas e expostas, elas confortam muita gente.

É como um veneno saboroso, que mata depois de maravilhoso deleite. A cicuta, ou melhor, a "chicuta" das frases adocicadas do "bom velhinho" que fez horrores se autopromovendo às custas da ostentação de tragédias familiares ou da usurpação do carisma de pessoas mortas - só para citar alguns: Humberto de Campos e Irma de Castro, a Meimei - , parece ter um sabor agradável.

Nessa peçonha de palavras bonitinhas, as pessoas mal conseguem perceber que são aconselhadas a se contentar com suas situações inferiores e seus infortúnios e, de preferência, nunca estarem prevenidas às tragédias que lhes tiram do convívio, muitas vezes de forma que poderia ser antes evitada, as pessoas mais especiais.

A "dócil" doutrina de Chico Xavier roga por um país cujo seu exército de excluídos, vivos ou prematuramente mortos, sejam pessoas muito especiais. Mesmo pessoas que morreram relativamente idosas, como José Wilker e o geógrafo Milton Santos, se inserem neste contexto.

Daí que é muito estranho quando pessoas diferenciadas, quando se tornam "espíritas", passam a sofrer sérias limitações. Nem mesmo sua inteligência, seu jogo de cintura e sua habilidade para contornar dificuldades conseguem romper as barreiras que, de maneira surreal, se impõem às suas vidas e que criam situações confusas que lhes roubam as melhores oportunidades de ascensão.

Não adianta ter um desejo de ajudar as pessoas, ou de aprimorar sua inteligência, ou de aprender e ensinar as pessoas. Quem é diferenciado parece ser um algoz para o "espiritismo" que, com seu dedo ferino, têm a arrogância de julgar as pessoas com voracidade, embora sempre "recomende" aos outros para "não julgar" e "a ninguém acusar".

Se o "espírita" tem uma personalidade mais "carneirinha" ou "bovina" e aceita tudo de mão beijada, a não ser aquilo que o sistema de valores permite que seja combatido, nada acontece de grave, pelo menos em tese. O "espiritismo" chega a ser menos cruel para tais pessoas.

Se bem que, mesmo entre elas, infortúnios também acontecem. A devota "espírita" pode até se curar do câncer ou se livrar de ser assaltada ao perder um ônibus na volta de um "centro espírita", mas vê sua filha confidente morrer de acidente de moto guiada pelo namorado, enquanto lhe resta aquele filho viciado em drogas que, apesar disso, continua vivo e furtando sempre os objetos preciosos de sua mãe.

Será que também é lindo um "espírita" ver seu telefone celular roubado por um assaltante? Se levarmos em conta as "palavras carinhosas" de Chico Xavier, teríamos que acreditar que o ladrão fez isso não só para testar nossa paciência de "antigos romanos que éramos", mas pela tola tese de que o meliante talvez precisasse do telefone para alguma coisa. "Lindo", não é?

Claro, as complicações da vida do cidadão, que, ao perder o seu telefone celular, terá que se esforçar rapidamente para bloqueá-lo indo à loja do fabricante do aparelho, e mudar todos os dados na Internet, nas inscrições diversas, nas contas e serviços vários, trocando o número do telefone e tudo o mais.

E aí o "espiritismo", como na tira do Amigo da Onça - ironicamente, uma das maiores vítimas da máquina de plagiar de Chico Xavier - acha essas complicações o máximo, porque assim as pessoas "aprendem mais" e podem "aproveitar as boas oportunidades para resolver seus problemas".

Claro, talvez digam os chiquistas, possuidores de tão "tenra sabedoria", que a pimenta que arde nos olhos dos outros é um belíssimo refresco, porque assim as pessoas poderão encontrar a luz, como o profeta Paulo de Tarso, que conheceu Jesus depois que ficou cego. Talvez acreditem que a ardência nos olhos irá garantir bálsamos e luzes na "fé em Cristo".

Se o "espírita" é diferenciado e deseja ter um bom emprego para aprimorar sua inteligência e ajudar as pessoas, é bom desistir. Ele que arrume um emprego qualquer e aguente patrões prepotentes ou colegas humilhadores, e que aceite qualquer cilada "com muito amor e gratidão".

Infelizmente, o "espiritismo" brasileiro não é uma doutrina de progresso como se alardeia por aí. É, sim, uma doutrina de servidão, quase como um manual prático de como enfrentar as piores coisas da vida em prol de uma recompensa que só virá depois da morte, algo que engana e ilude as pessoas como toda seita religiosa de perfil retrógrado.

Afinal, tudo acaba sendo uma desculpa para sofrer mais e ficar submisso a essas mazelas. As "bênçãos futuras", pretexto para que se aceitem as piores barbaridades na vida de alguém, são vistas como um prêmio, embora seja algo que não se pode definir e nem se tem garantia segura de que realmente haverá.

E aí o "espiritismo" comete os mesmos piores vícios das religiões mais retrógradas. Ela tenta convencer as pessoas de acreditar na "certeza do incerto", e aceitar se darem mal na vida em prol de um benefício futuro que ninguém sabe como é, o que se trata e se realmente haverá.

Diante dessa falta de discernimento, as pessoas aceitam fazer o papel de "sacos de pancadas" nas lutas da vida. E, neste caso, até Edir Macedo, com seus piores defeitos, passou na frente de Chico Xavier. Sua Igreja Universal do Reino de Deus, pelo menos, tem como lema "Pare de Sofrer".

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