sábado, 2 de dezembro de 2017

Chico Xavier defende os "Everest" do sofrimento humano


Com toda certeza, Francisco Cândido Xavier nunca foi amigo, em nenhum momento, da coerência e do bom senso, o que sepulta, de uma vez por todas, qualquer vínculo do deturpador do Espiritismo e uma espécie de Aécio Neves da religião - ele podia apoiar fraudes de materialização que saía impune e livre de qualquer acusação de envolvimento - com os postulados kardecianos originais.

Prestando muito bem atenção na trajetória de Chico Xavier e tirando todo o véu das paixões religiosas, vemos que até as frases que ele difundiu não têm jamais a beleza que tanto se atribui, e se resumem a meros joguinhos de palavras e ideias opostas que só servem para puro entretenimento ou para transmissão de valores religiosos bastante conservadores, já que o "médium" mineiro tornou-se uma das figuras mais retrógradas que se conheceu na História do Brasil.

Uma destas frases pode sugerir a valorização da simplicidade humana, se entendida de forma solta e isolada. Mas é bom deixar claro que nenhuma das frases de Chico Xavier deve ser entendida sem analisarmos contextos e muitas vezes vendo o sentido oculto das mesmas. Mas a verdade é que estas frases NUNCA demonstram qualquer tipo de sabedoria ou lição de vida e quem deseja colocar o "médium" na lista dos grandes filósofos da humanidade, pode tirar o cavalinho da chuva.

Vejamos esta frase:

"O Cristo não pediu muita coisa, não exigiu que as pessoas escalassem o Everest ou fizessem grandes sacrifícios. Ele só pediu que nos amássemos uns aos outros".

Em primeiro lugar, o Jesus Cristo que Chico Xavier acredita é medieval. O "médium" sempre foi um católico ortodoxo, cujo conservadorismo poderia muito bem competir com Gustavo Corção ou com, para citar os mais recentes, Olavo de Carvalho, se não fosse a paranormalidade que, sabemos, foi muito precária em Chico do que podemos imaginar. Ou seja, que Chico Xavier nunca foi um "super-médium" nem "super" coisa alguma, mas um católico medieval vivendo no Brasil contemporâneo.

Chega a ser constrangedor Chico Xavier dizer, supondo que ele concordasse com Jesus Cristo, que "não há exigência que as pessoas escalassem o Everest ou fizessem grandes sacrifícios, mas apenas que as pessoas se amem umas às outras".

Grande incoerência. Em outras frases, sabe-se que Chico Xavier pedia para as pessoas aceitarem o sofrimento sem queixumes, orando em silêncio e até amando as desgraças, como numa espécie de masoquismo religioso.

Como um devoto da Teologia do Sofrimento, Chico Xavier achava que, quanto pior para os outros, melhor, ou seja, defendia a ideia do sofrimento humano como se fosse um "caminho mais rápido para Deus", o que significa que a vida humana tenha que ser uma coleção de desgraças e infortúnios para que o desgraçado da ocasião possa se tornar, não se sabe quando, um "eleito de Deus".

Essa teoria, inserida no "espiritismo" brasileiro, remete ao caráter punitivista da doutrina que traiu Allan Kardec. Esse punitivismo "com amor" de Chico Xavier é um valor herdado, com a mais absoluta evidência possível, do deturpador Jean-Baptiste Roustaing, que, risivelmente, é visto pelos "espíritas" ora como um estranho desprezível, ora como um tirano irresponsável. Os "espíritas" precisam prestar muita atenção nas suas ideias, antes de desprezar ou rejeitar seu idealizador.

CHICO XAVIER COMETEU DESRESPEITO AO OUTRO

Quantos Everest a serem escalados com muito esforço e diante de perigos, e quantos sacrifícios imensos são defendidos em outras frases de Chico Xavier! Ah, que sórdida contradição o deturpador-mor do Espiritismo faz, com sua pretensa pose de humildade e sua intenção fútil de brincar com palavrinhas enquanto os sofredores dão duro na vida para terem algum lugar sob o Sol.

Enquanto o sádico Chico Xavier, com sua sopa de letrinhas igrejeira, ficava brincando com palavrinhas para ganhar, das elites conservadoras e ignorantes, o rótulo de "sábio" assim de graça e sem ser um pensador de verdade, os sofredores pouco se importam se estão subindo o Everest ou as escadarias das favelas para obter algum benefício na vida.

As frases revelam um sadismo impiedoso. É como se, com elas, Chico dissesse: "Vocês têm que sofrer, mas não é essa a sua finalidade", "Enquanto vocês sofrem, eu crio minhas frases sobre fraternidade". Isso é uma grande gozação, porque, em muitos momentos, Chico pede para as pessoas aceitarem os mais pesados sacrifícios e ficarem gostando de sofrer desgraças visando reduzir o caminho em direção aos céus.

Imagine defender o sofrimento humano e depois dizer que isso "não é necessário grandes sacrifícios". Isso é gozar da cara das pessoas, pois Chico, nas frases aqui analisadas, parecia concordar com Cristo na dispensa dos sacrifícios humanos que, no entanto, o "médium" defendia de maneira inflexível em outras frases. É desqualificar o próprio sofrimento humano, porque as pessoas são induzidas a aceitar as próprias desgraças por nada, sabendo que no fim não tinham necessidade disso.

"Sofra sem demonstrar sofrimento", dizia Chico Xavier, que chegava ao cinismo de botar na conta de mortos como Casimiro de Abreu e Auta de Souza, isso para não dizer Humberto de Campos, ideias pessoais do "médium", dotadas do mais mofado e antiquado moralismo ultraconservador. Isso é da mais extrema e preocupante gravidade, porque um "médium" colocar nos mortos a atribuição das opiniões pessoais dele é de uma leviandade altamente deplorável.

Isso é um grande desrespeito, e é bom as pessoas admitirem isso, para não caírem em futuras decepções. Um ídolo religioso não pode estar acima da humanidade e, se ele comete incoerências, melhor que tenhamos dúvida desse ídolo do que ficarmos atrofiando nossa capacidade de raciocínio para dar-lhe a razão que não tem.

Antes de mais nada, os sofredores merecem respeito e não podem ser avacalhados ao serem aconselhados a aceitar desgraças, para depois o "conselheiro" Chico Xavier dizer que "não é preciso grandes sacrifícios", é algo que não se pode definir como consolação, mas como um insulto. É inútil, no fim de tudo isso, apelar para que "amássemos uns aos outros", porque, pela Teologia do Sofrimento de outras frases chiquistas, a frase que ilustra esta postagem só faz irritar os sofredores cada vez mais.

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