terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O "anjo Miguel" só jogou o Brasil nas trevas


A "psicografia coxinha" de Robson Pinheiro, através dos reacionários livros O Partido - Projeto Criminoso de Poder e A Quadrilha - Foro de São Paulo, que prometem estabelecer um elo entre os planos espirituais e abordagens mesquinhas de veículos midiáticos sociopatas como Veja e o jornalismo das Organizações Globo, a ninguém convenceu com seus "presságios".

A ideia de definir as passeatas de 13 de março de 2016 como "libertação" e "intuídas pela espiritualidade superior" foi por água abaixo, com organizações denominadas "Revoltados On Line", exibição de suásticas e apelos para morte de petistas, manifestantes exibindo nádegas como sarcasmo, faixas pedindo intervenção militar ou exibindo suásticas nazistas.

O "anjo Miguel" do livro O Partido, uma alusão sutil não a um espírito do além, mas a um senhor que ultrapassou metade da vida física e que assumiu a Presidência da República, Michel Temer - cujos primeiros nomes de batismo são Michel Miguel, na verdade duas variações do mesmo nome - , não conseguiu realizar a sua missão de "pacificação" e "progresso humanitário" que se supunham certas de acontecer.

Os livros de Robson Pinheiro, que apenas levam ao extremo o conservadorismo já presente em todo o "movimento espírita", mostravam um "Miguel" que supostamente se esforçava em trazer a luz para o povo brasileiro. A realidade mostrou que o "Miguel" que assumiu o comando do país em maio de 2016 só jogou o país nas trevas.

Pelo contrário. Diante da explosão da crise penitenciária, que expôs o desgaste de todo um modelo político e de toda uma estrutura ultraconservadora da sociedade brasileira, o governo Michel Temer foi o primeiro, na república brasileira, que nem chegou a esboçar, no sentimento do povo brasileiro, qualquer esperança de resolver a grave crise da sociedade brasileira.

Seriam precisos livros diversos para enumerar todos os desastres do governo Michel Temer e de setores aristocráticos associados: como as elites jurídicas de Curitiba, das quais se destacam o juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dalagnol, os ministros "tucanizados" do Supremo Tribunal Federal (como Gilmar Mendes e Carmen Lúcia), partidos como PSDB, PMDB e PSC (este do extremista Jair Bolsonaro) e a grande mídia (Folha, Abril, Estadão e Globo).

O mais preocupante é a concentração das fortunas dos irmãos Marinho, donos da Rede Globo de Televisão. Donos de uma riqueza estratosférica, os magnatas se beneficiam pelo poder descomunal que exercem, quando a grande mídia ainda tem o descaramento de dizer que "recuperou a alta popularidade", com audiências individuais disfarçadas pela ostensiva transmissão em estabelecimentos coletivos, o mais recente truque de jabaculê em voga no país.

Todos esses e mais outros agentes do ultraconservadorismo político estão envolvidos em decisões nocivas à população, escândalos de corrupção, medidas atrapalhadas e até recuos de decisões, além de saídas de ministros por causa de denúncias graves - o próximo, dizem, será o da Justiça, Alexandre de Moraes, considerado truculento e falastrão - , que eliminam todo mito de que se trata de uma elite "responsável" só por ser, em tese, vinculada a atribuições "técnicas" ou de "moderação política".

Medidas como a PEC dos Gastos Públicos e as reformas da previdência e trabalhista, juntas, limitam gastos para Educação e Saúde, forçam os empregados a trabalhar mais e ganhar menos e adiam a aposentadoria para o fim da vida. Os "espíritas" devem adorar, porque a aposentadoria talvez chegue quando o beneficiado já está há um bom tempo na "pátria espiritual".

A crise penitenciária também revela uma das distorções do moralismo midiático. Os programas policialescos de televisão, verdadeiras "fábricas de criminosos", na medida em que espetacularizam a violência, são responsáveis pela superlotação de presídios, além da burocracia que coloca presos provisórios e acusados de cometer pequenos crimes em celas comandadas por bandidos de alta periculosidade.

As chacinas ocorridas em vários presídios do país, que servem como "filé" para os noticiários policialescos com apresentadores posando de "justiceiros", são um retrato de uma sociedade moralista e punitivista, capaz de manter presos acusados de crimes leves, em tese por prisão provisória, e soltar pessoas ricas condenadas por crimes graves, em tese condenadas à "prisão em regime semi-aberto" que mais parece uma absolvição dos crimes cometidos.

Mas outros aspectos mancham o Brasil de Temer, como a venda "aos poucos" das riquezas minerais brasileiras para empresas estrangeiras, fazendo o nosso país nunca fugir da triste tradição de entregar riquezas para os gringos, desde os tempos do pau-brasil, que por sinal inspirou o nome de tão sofrida nação.

A ganância privatista tão conhecida e temperada pela cegueira dos "investigadores" da Operação Lava Jato, que causaram um prejuízo de R$ 55 bilhões, paralizando obras de infraestrutura, urbanização e outros setores estratégicos, provocando desemprego em massa, tudo porque seus "magistrados" condenam empresas quando deveriam condenar apenas empresários acusados de corrupção.

Enquanto isso, a economia brasileira se desnacionaliza, se fragiliza e a população corre o risco até de ir antes da hora para o mundo espiritual, com muita coisa ainda a fazer, porque os hospitais públicos passarão oficialmente a ter investimentos limitados, algo que já acontecia na surdina do descaso político, mas hoje é lei resultante de emenda constitucional aprovada pelo Legislativo.

Com tudo isso e tantos desastres do governo Temer, o Brasil perdeu qualquer condição de ter algum destaque no mundo, pois voltará a ser uma pátria subordinada aos interesses dos EUA, por sinal a serem governados por um Donald Trump ainda mais pão-duro com os países pobres ou emergentes.

Também não precisa o Brasil ser Coração do Mundo. Até porque, pelo jeito, o "espiritismo" sempre apoiou governos conservadores e vários periódicos espíritas apoiaram as passeatas anti-PT, com seus apelos reacionários e vingativos.

Se Chico Xavier não mediu escrúpulos para falar, diante de milhões de espectadores, que apoiava a ditadura militar, então faz parte: o "espiritismo" brasileiro, a dois anos da "data-limite", só desejava mesmo é um país ultraconservador e igrejista, não estando aí para o verdadeiro progresso humanista e igualitário.

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