BOA PARTE DOS BRASILEIROS PODE SER REENCARNAÇÃO DE PESSOAS QUE VIVERAM NO IMPÉRIO ROMANO.
Não é fácil definir quem foi quem na encarnação passada. É até perigoso, porque pode provocar vaidades ou vexames, dependendo do caso. Podem se alimentar ódios, repúdios ou desprezos, ou idolatrias fúteis e mórbidas, além de criar conflitos quando as atribuições de encarnações passadas podem criar divergências e disputas sobre determinados indivíduos falecidos, aos quais diferentes pessoas disputam a "representação" reencarnatória.
O caso de Allan Kardec é ilustrativo. Um lunático chamado Osvaldo Polidoro se autoproclamou "reencarnação" do pedagogo francês, mesmo apelando para uma corrente mística que Kardec nunca teria a insensatez de pregar, que é o "divinismo", tão ocupado estava o professor de Lyon com o desenvolvimento da lógica, sendo incapaz de perder tempo com delírios místico-religiosos.
Mas, no Brasil, também se deu a patriotada de atribuir a Francisco Cândido Xavier como "reencarnação de Kardec". A ideia, que fascina muitos - fascina no sentido da "fascinação obsessiva", atitude condenada pelo próprio Kardec - , de que Chico Xavier "foi Kardec" no entanto não procede, mesmo quando se considera como "espírita autêntico" o suposto médium de Pedro Leopoldo e Uberaba.
Os modos de falar, dizer, pensar são diferentes. Sabe-se que o pedagogo francês não deixou registros sonoros nem de imagens em movimento, porque as tecnologias inexistiam na época. Mas pelo que se pode inferir, Kardec era bonachão, mas tinha uma índole firme, enquanto Xavier fazia o estilo do caipira molenga, mas matreiro, o típico mineiro que "come quieto".
Em ideias, então, nem se fala. A leitura atenta dos livros de Chico Xavier revela, de forma explícita, ideias não só contrárias, mas também mais retrógradas e antiquadas do que a obra kardeciana. Há, até mesmo, indícios de machismo na obra O Consolador, ditada por Emmanuel. Além disso, graças à atuação do "médium" mineiro, o Espiritismo, no Brasil, se rebaixou a uma recuperação gradual dos antigos valores do Catolicismo jesuíta medieval, que prevaleceu durante o período colonial.
DONOS DO FUTURO, MAS APEGADOS AO PASSADO
O Brasil sempre foi um país no qual valores novos sempre eram diluídos para não representar ruptura ou ameaça a valores velhos. O futuro sempre vira refém de um passado ruim. Novidades só conseguem ter sentido no Brasil quando elas assimilam caraterísticas velhas daquilo que deveriam considerar decadente ou obsoleto.
O próprio Espiritismo foi vítima disso, quando, ao ser introduzido, priorizou a deturpação de J. B. Roustaing e, mesmo depois, quando o "kardecismo", na prática, não é mais que um "roustanguismo com Kardec", o que entendemos hoje como "espiritismo" caminha para ser uma reciclagem do Catolicismo jesuíta do Brasil-colônia.
Culturalmente, a chamada "cultura popular" sucumbiu a pastiches de ritmos regionais ou à americanização gratuita do "funk" trazidas pelo comercialismo extremo e por estruturas de poder ligadas do mercado do entretenimento e da Comunicação. Era uma forma de frear os avanços das expressões populares pelo comercialismo controlado pelas empresas do entretenimento e mascarada pelos ideólogos intelectuais que promovem o "funk" como falsa vanguarda artístico-cultural.
A própria relação entre machismo e feminismo revela esse acordo do "novo" com o "velho". As feministas têm que optar por duas condições machistas: ou investir na "emancipação patrocinada", buscando aprimorar seus intelectos sob o vínculo de maridos poderosos, ou seguir padrões machistas de subordinação feminina (a coitadinha caseira ou a mulher-objeto) sem precisar ter a figura de um namorado ou marido, "liberadas" para a solteirice pelo resto da vida.
Aliás, o próprio feminicídio que ocorre intensamente, conforme registrou o ranking da violência em 2016, revela o atraso mental de muitos homens que resolvem os problemas amorosos a bala, facada ou veneno. São homens que lembram muito os antigos machistas do Império Romano que ainda mantém insuperáveis seus caprichos espirituais, apesar da mudança dos tempos.
Há outros espíritos identificados com o Império Romano, como políticos, juízes, advogados e juristas que raciocinam a Justiça de forma seletiva e como a grande imprensa que permite fake news quando se voltam contra políticos de esquerda.
As lutas de MMA/UFC refletem o apego à antiga truculência dos gladiadores, o "funk" remete às orgias dos tempos romanos e a tecnocracia - que investe até na mobilidade urbana impondo "uniforme do governo" para os ônibus - apelam para a imposição de medidas incômodas e prejudiciais à população sob a desculpa de "sacrifícios necessários" em troca de "benefícios" que na verdade não são tão benéficos e eficazes assim.
O "espiritismo" brasileiro está mais próximo do estágio final do Império Romano, no qual se projetou o Catolicismo do Império Bizantino. A ideia do Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, trazida pelo homônimo livro de Chico Xavier, remete ao plano de criar um novo Império Romano em território brasileiro e um novo Catolicismo medieval sob o rótulo de "doutrina espírita".
Nas redes sociais, priorizam espíritos análogos aos macartistas e nazi-fascistas, que difundem mensagens ofensivas e difamatórias através do cyberbullying, ou criação de páginas ofensivas nas quais se usam até textos e fotos pessoais das vítimas, com o evidente objetivo de "assassinar reputações".
A violência extrema no Brasil, a corrupção político-econômica, e a complacência fácil aos erros graves, quando cometidos por "gente importante" - que dão margem ao surrado bordão "quem nunca errou na vida?" - , tudo isso remete a uma mentalidade atrasada que se torna confusa, na qual novas teorias não conseguem justificar práticas velhas, apesar de toda a ginástica mental feita por muitos.
E por que os espíritos atrasados demoram a se evoluir e encontraram no Brasil o paraíso para seus privilégios sem fim? A tendência dos antigos colonizadores europeus de transformar o país nascente num "depósito de lixo social" de Portugal influiu para que os primeiros degradados se tornassem, mais tarde, espíritos apegados à área tropical brasileira, de forma que sua influência retrógrada se reflete até hoje, sempre freando qualquer progresso brasileiro de uma forma ou de outra.
O "espiritismo" brasileiro não é exceção à regra e não está fora desse contexto, pois decidiu se inclinar ao Catolicismo de tal forma que, acentuando seu caráter conservador através de seu conteúdo de valores moralistas e radicalizando no seu igrejismo, a doutrina que finge continuar fiel a Kardec (se é que havia sido fiel um dia) já não consegue esconder sua verdadeira face, a de recuperar não as bases kardecianas originais, mas o velho Catolicismo jesuíta colonial.
Hoje o Brasil vive o desafio de ter que descartar espíritos atrasados. Durante séculos o país virou um "balneário" de espíritos de natureza bastante atrasada e primitiva, que reflete sempre nas velhas concessões que limitaram nosso progresso social em diversos aspectos, prejudicando em muitos casos a justiça social e a igualdade de direito e o atendimento justo das necessidades humanas.
Há todo um medo dos espíritos atrasados perderem seus privilégios e a "boa vida" que vivem no país tropical. Por enquanto, eles tentam empurrar com a barriga escândalos, punições, repúdios, decadências e até tragédias, buscando sobreviver por mais tempo e tentando obter a posse do futuro, mesmo apegados a valores do passado. O problema é quando essa moleza for acabar e o medo disso ocorrer é muito, muito.
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