"MÉDIUNS ESPÍRITAS" AO LADO DE POLÍTICOS DECADENTES - DIVALDO FRANCO COM JOÃO DÓRIA JR., JOÃO DE DEUS COM MICHEL TEMER.
As fotos dos "médiuns espíritas" Divaldo Franco e João Teixeira de Faria, o João de Deus, ao lado de políticos em vertiginosa decadência, respectivamente João Dória Jr. e Michel Temer, nos faz refletir sobre a baixa sintonia que o "espiritismo" brasileiro, cada vez mais conservador, exerce e atrai para si.
Claro, muitos vão dizer que os "médiuns" relacionam com todo mundo "com total consideração" e vão achar que eles fariam o mesmo até se fosse com algum guerrilheiro comunista. Mas isso não faz sentido, porque em muitos casos essa "total consideração" é uma diplomacia, e há muita diferença entre relações diplomáticas e apenas gentis e outras em que os "médiuns" se sentem mais à vontade.
Simpatia não é cumplicidade. E o contexto do "espiritismo" vai no caminho do conservadorismo político, e muitas provas foram dadas nesse sentido. Se o "médium" João de Deus, por exemplo, se declara "amigo" do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, é no sentido de "amizade" também manifesto, por exemplo, por políticos conservadores como José Sarney, Paulo Maluf e Fernando Collor. Ou por Sílvio Santos, animador e empresário carismático, mas também conservador.
O "espiritismo" comprovou ser uma religião bastante conservadora, rompendo por definitivo com a imagem pretensamente progressista que nem de longe faz sentido. Mesmo a imagem de pobres sorridentes não apresenta verossimilhança, e não dá para entender a complacência que as esquerdas, que geralmente fazem duras críticas a mitos protegidos pela mídia conservadora, dão para os "espíritas" que não escondem seu caráter retrógrado e ultraconservador.
Isso se dá pela raiz do "espiritismo" brasileiro. Ela é fundamentada em Jean-Baptiste Roustaing e seu Os Quatro Evangelhos, não há como escapar. Foi nesse livro que a doutrina brasileira que desfigurou o legado de Allan Kardec criou suas bases, e hoje o que existe é uma desonestidade doutrinária profunda, porque há toda uma pose, bastante hipócrita, de "fidelidade absoluta" e "respeito rigoroso" aos postulados espíritas originais, diante de uma práxis que comete graves traições.
Os Quatro Evangelhos chegaram a ter um clone, o livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, em que o nome de Roustaing é citado com o prenome abrasileirado de "João Baptista", em grafia anterior a 1943, pois o livro é de 1938.
O livro de Chico Xavier é uma patriotada ultraconservadora, injusta e levianamente atribuída ao espírito do escritor Humberto de Campos, que em verdade seria completamente incapaz de escrever essa imoralidade. A obra define índios e negros como "selvagens" e prenuncia um país a "comandar o mundo" política e religiosamente, uma "previsão" aparentemente agradável, mas que oculta um projeto de resgatar, em solo brasileiro, tanto o Império Romano quanto o Catolicismo medieval.
Figuras como os "médiuns" Chico Xavier, Divaldo Franco e João de Deus são abertamente conservadoras. Eles remetem a um igrejismo velho, vivem do culto à personalidade, exercem em muitos a idolatria religiosa - movida pelo sentimento obsessivo da "fascinação", devidamente esclarecido em O Livro dos Médiuns (Cap. 23, item 239) - e associado a valores morais ultraconservadores.
Que "progressismo" pode se imaginar desses "mediuns"? Nenhum. A "caridade" que eles fazem é mero Assistencialismo, uma suposta filantropia que nunca traz resultados profundos, apenas "aliviando a dor" da pobreza em vez de curá-la, e só serve para a propaganda pessoal dos "médiuns". Se essa "caridade" desse certo, o Brasil teria alcançado padrões escandinavos de desenvolvimento humano, dada a aparente grandeza desses "médiuns".
Além disso, uma das provas de que o "progressismo" de um "médium" é falsa, extremamente falsa, está em Chico Xavier, que sempre pregava o "silêncio" em vez do questionamento, da queixa e da contestação. Ele mesmo era um figurão de direita, apoiou a ditadura militar, defendeu Fernando Collor de Mello e, se vivo estivesse, teria apoiado Aécio Neves em 2014.
Aécio é "alma gêmea" de Chico em termos de blindagem. O "médium" também foi beneficiado pela impunidade e seletividade da Justiça brasileira no caso Humberto de Campos, pois as pretensas psicografias que usavam o nome do autor maranhense fugiam claramente do estilo original do escritor, indicando fraude e falsidade ideológica, mas os juristas alegaram "desconhecimento das questões da mediunidade" e deixaram o caso num empate que favoreceu o "médium".
É mais ou menos o que a Justiça fez com Aécio Neves. Este, aliás, quando o "médium" faleceu, manifestou profunda admiração. "Em sua grandiosa simplicidade, ele será sempre uma referência para todos que, de alguma forma, têm responsabilidade pública. Minas, o Brasil, o mundo ficou menor com a morte de Chico Xavier", disse o hoje senador, enquanto era presidente da Câmara dos Deputados. Aécio visitou certa vez o "médium", no final da vida.
Aécio Neves e Luciano Huck são admiradores fervorosos do "médium" e gozam da afinidade energética porque os dois estão alinhados a uma ideologia considerada "moderada", mas que demonstra um conteúdo claramente conservador. O "médium" que esculhambou os movimentos operário e camponês (organizados por gente humilde!) em um programa de TV de grande audiência (Pinga Fogo, TV Tupi, 1971) só podia vibrar melhor para quem é conservador.
LUCIANO HUCK E ÁECIO NEVES, AFINADOS COM CHICO XAVIER.
Luciano Huck já havia visitado Chico Xavier no final da vida e, em 2010, comemorou os centenário do "médium" assistindo ao filme biográfico - produzido pela Globo Filmes - com sua esposa Angélica.. Mais tarde, Huck havia estado em Pedro Leopoldo, terra natal do "médium", para gravação de um quadro para o Caldeirão do Huck. Ultimamente Huck tem se inspirado no "médium" para fazer atividades "filantrópicas" no seu programa televisivo.
O que chama a atenção é que os "médiuns espíritas" acolhem políticos conservadores depois que eles se revelam desastrosos ou decadentes até entre parte da sociedade conservadora. A própria defesa de Chico Xavier à ditadura militar na sua fase mais reflexiva em 1971, é ilustrativa: o mais entusiasmado defensor do golpe militar, o ex-udenista Carlos Lacerda, havia há um tempo migrado para a oposição e participado de um movimento de redemocratização do Brasil.
Nos últimos meses, Divaldo Franco acolheu o prefeito de São Paulo, João Dória Jr., quando este já era reconhecido um político decadente por suas más realizações. Divaldo consentiu que Dória divulgasse um estranho composto alimentar, feito de restos de comida, oficialmente no evento Você e a Paz, o que seria um escândalo de grandes proporções no "movimento espírita" se não fosse o silêncio absoluto da imprensa, até mesmo a de esquerda.
Depois foi a vez do "médium" goiano e também rico latifundiário, João de Deus, aparecer ao lado de Michel Temer. Diferente de personalidades diversas, João de Deus esteve mais à vontade, pois não se tratava de uma propaganda mascarada de "total consideração a todos", mas de uma grande cumplicidade. Ambos estavam internados num hospital, Temer para uma cirurgia na próstata, João para exames de avaliação na área onde foi retirado um tumor.
A aparição solidária se deu quando Michel Temer, de tão decadente, foi considerado o presidente mais impopular do mundo, segundo o instituto de análise política Eurasia Group. No Brasil, os institutos de pesquisa dão um índice de popularidade ao presidente em 3%, já considerado o mais baixo de toda a história do Brasil.
Assim como nos casos de Chico e Divaldo, um "médium" recorre a uma personalidade que até parte da sociedade conservadora não presta mais apoio. O que agrava a constatação de baixa sintonia dos "médiuns espíritas", que acolhem políticos decadentes.
E isso faz com que nos lembremos de Jesus de Nazaré, um grande crítico de gente similar aos "médiuns", como os antigos sacerdotes e escribas marcados pela falsa modéstia, pela verborragia e pela caridade de fracos resultados: "Diga-me com quem tu andas, que eu te direi quem és".
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