sábado, 18 de fevereiro de 2017

"Espiritismo" e o turismo das belas palavras


O "espírita", sabemos, costuma dizer que "ninguém nasceu para fazer turismo". Fazem apologia ao sofrimento humano sob a desculpa de que "são desafios e aprendizados", o que, a princípio, nada tem de mais, mas o juízo de valor dos "espíritas" diante do "remédio além da dose" tomado pelos sofredores revela a hipocrisia que este movimento religioso faz da desgraça humana.

Em primeiro lugar, os apelos que várias páginas "espíritas" fazem para os sofredores aguentarem sofrimentos, mudarem desejos, abrirem mão do máximo de necessidades, fazendo concessões a cada desgraça acumulada a ponto de perderem sua individualidade e seu prazer na vida, revelam uma propaganda subliminar do governo Michel Temer e seu pacote macabro de retrocessos. Em outras palavras, o "movimento espírita" APOIA o governo Temer.

Em segundo lugar, esses apelos, aceitos por causa do aparato de filantropia de seus ideólogos - o que lhes garante aparente bondade, garantindo-lhes a posse da verdade por causa desse status de prestígio religioso - , garantem as festas nas quais os palestrantes "espíritas" são premiados com medalhas e condecorações, títulos de "cidadãos municipais ou nacionais" aqui ou ali, em eventos supostamente espíritas no exterior ou em homenagens de aristocratas ou autoridades políticas.

O balé de belas palavras que praticamente se reduziu o "movimento espírita", mesmo com amargos conselhos para "aguentar o sofrimento" - nos quais seus ideólogos apelam para as pessoas "suportarem tudo com fé e esperança" - faz o seu turismo mundo afora, seguindo o rastro do verborrágico Divaldo Franco.

Divaldo chegou mesmo a fazer pior do que os desastres já cometidos por Francisco Cândido Xavier. Se Chico Xavier cometeu barbaridades para garantir a deturpação espírita, a ponto do professor lionês ser deixado de lado ou virar um boneco de brinquedo ao sabor dos deturpadores de plantão.

Isso porque, se Chico Xavier cometeu pastiches e plágios literários, participou de fraudes de materialização e superexpôs as tragédias de famílias anônimas que perderam entes queridos, além de inserir ideias anti-kardecianas em seus livros, Divaldo corroborou com isso e espalhou as ideias contrárias aos postulados espíritas originais no exterior, através de suas aristocráticas palestras.

Difícil dizer qual é o mais hipócrita, se Chico ou Divaldo, mas a verdade é que ambos têm motivos diferentes de hipocrisia, mas igualmente gravíssimos. Divaldo Franco deturpou o Espiritismo de maneira tão irresponsável quanto Chico Xavier, mas sobre o anti-médium baiano lhe pesam dois agravantes: o de espalhar as mistificações para o mundo e fingir que é um autêntico seguidor de Kardec, coisa que Chico até tentou fazer, mas sem muita verossimilhança.

A coisa é tão grave e preocupante que Divaldo espalha como "fenômeno humanista" uma farsa chamada "crianças-índigo", criada por um casal de desocupados para ganhar dinheiro com esoterismo barato, o que rendeu tanto sucesso que isso subiu na cabeça dos dois cônjuges que, entrando em conflito de interesses por causa da ganância de cada um, resolveram se divorciar. Se as "crianças-índigo" ou "crianças-cristais" separaram um casal, elas iriam unir a humanidade planetária?

É muito fácil dizer aos outros para aguentarem o sofrimento, que ninguém nasceu para fazer turismo, que ninguém está aqui para passeio etc. E os "espíritas"? Eles ficam fazendo passeio, turismo, mostrando seu maravilhoso balé de palavras bonitas, recebendo medalhas, acumulando tesouros na Terra, se envaidecendo com o carinho dos ricos e dos poderosos, enquanto espalham a desonestidade doutrinária de um "kardecismo" que entra em colisão com as lições originais de Allan Kardec.

E isso é feito sob o pretexto da "caridade", da "bondade", do "pão dos pobres", do "abrigo aos necessitados" etc. Só que essa filantropia é muito pouca e inexpressiva, e não é por falta de recursos. Festejam-se demais os "filantropos espíritas" pela pouca ajuda que fazem, extremamente medíocre, inócua e inexpressiva para reputações tão robustas na aparência, tão frágeis e mesquinhas na essência.

Essa "caridade" é apenas fachada para as deturpações que os astros do "movimento espírita" fazem no Brasil e no mundo. Uma "bondade" que mais serve para vitrine do "benfeitor" dotado de prestígio religioso. Este fica viajando pelo mundo sob a desculpa de estar "doando a mensagem de paz e fraternidade", quando na verdade o que ele faz é empastelar e desmoralizar o legado kardeciano, colocando ideias que nada têm a ver para iludir as pessoas. E isso não é bom.

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