sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

A situação hipócrita das energias "espíritas"


Várias pessoas que até desejam abandonar os chamados "prazeres mundanos" se queixam das energias que contraem depois que fazem "tratamentos espirituais" em "centros espíritas". O desejo de superar tais hábitos é traído pela atração de situações que só reforçam esses costumes, de maneira ainda mais grave e leviana.

Rapazes que, na vida normal, atraíam moças de beleza mais modesta mas de um caráter mais inteligente e decente, reclamam que, depois de fazer "tratamentos espirituais" ou simplesmente ir a uma doutrinária ou ler um livro "espírita", veem a energia se reverter e as moças que eles costumavam atrair eram desviadas de seu acesso.

Algumas moças davam sumiço sem qualquer explicação. Outras se casavam com outros homens. Outras faleciam por tragédias repentinas. Não bastasse isso, os rapazes passavam a atrair outros tipos de mulheres, de perfil mais fútil, mais leviano e de um meio social duvidoso.

Os rapazes que estavam resignados em não conquistar as moças mais bonitas da escola passaram a "ter a oportunidade" até de namorar "aquela funkeira" que foi casada com um machão ciumento. São assediados por moças vindas de comunidades nas quais elas são desejadas por homens "da pesada", capazes de matar quem estiver sendo objeto de atenção dessas moças.

O "espírita", vendo isso, desperta seu lado Amigo da Onça, sempre com uma pose bondosa e palavras bonitas. "Isso que você diz ser problema e risco de tragédia é uma oportunidade para promover a fraternidade, ensinar valores sublimes e sempre promover a reforma íntima e a superação de diferenças", costuma dizer alguém do tipo, com a sensibilidade de quem acha que pimenta nos olhos dos outros é refresco.

Muitas pessoas sofrem infortúnios à toa depois que entram em contato com algum evento, atividade ou produto "espírita". Elas se queixam de contraírem AZAR! E isso não é porque as pessoas contraem más energias do seu mau humor pessoal, porque essas pessoas se esforçam em desenvolver boas energias, paciência, perseverança, jogo de cintura e tudo. Não há como culpar a vítima por ela não ter feito o que, na verdade, fez até demais!!

No emprego, também as energias maléficas são contraídas. Como a doutrina que diz reprovar a ganância materialista permite aos seus "assistidos" que eles se empreguem em empresas corruptas ou vulneráveis, como jornais comunitários em que o editor-chefe tem alguma animosidade com um grupo criminoso que domina o local?

As pessoas reclamam, e com razão. Se esforçam em abrir mão de paixões materialistas, mudam os pensamentos, reformam seus interesses, e isso com paciência ante a dor, dissolvendo irritações iniciais, remodelando desejos em instantes de muita tristeza e até depressão. Mudam sentimentos, habilidades e visões para depois só atraírem oportunidades ligadas aos desejos e interesses que haviam abandonado.

Mas os "espíritas" se acham com razão, protegidos pelo prestígio religioso e preocupados em serem desmascarados na sua hipocrisia, pondo a perder seu esforço atlético em forjar boas palavras e bons sentimentos visando a ânsia de reduzir as encarnações necessárias para conquistar um lugar no céu.

O "espiritismo" age na hipocrisia, porque condena o sensualismo e a ganância humana, mas entrega seus "assistidos" a situações vinculadas a essas qualidades negativas, sob a desculpa de "levar a luz" aos "ambientes de trevas".

Mas, além de subestimar sofrimentos anteriores, e desprezar que as pessoas mudaram, os "espíritas" ignoram que não dá para mostrar a "luz" para quem "não quer ver", principalmente quando nesses ambientes levianos se encontra gente arrivista que, se muda as atitudes e os interesses, não é pelo remorso pelo que fez de errado, mas apenas deixou de fazer por puro tendenciosismo.

O rapaz que aceita nunca mais ter aquela colega de escola dos seus sonhos mudou seus valores e interesses com muita dor, irritação e tristeza. Mas não é para trocar a "garota mais linda da escola" pela "periguete" do bairro. E ele não conseguirá mudar os valores que a "periguete" acredita, porque, se ela mudar, não será por vontade própria, mas de maneira tendenciosa, sempre visando alguma vantagem ou promoção pessoal em troca.

A pessoa que quer trabalhar em locais decentes tem em seu acesso um emprego numa empresa corrupta, cujo patrão, um arrivista ganancioso, precisa de profissionais diferenciados apenas como trampolim para a promoção pessoal dele. A pessoa não quer trabalhar nesses ambientes, mesmo que a profissão na empresa corrupta lhe garanta visibilidade e ascensão social, e não entende porque, depois das energias "espíritas", a pessoa mudou para receber as "mesmas oportunidades".

Isso é um grande desrespeito ao ser humano que muda seus sentimentos, reformula seus valores diante de decepções na vida. Não é tarefa fácil. A pessoa que sofre faz sua parte para reformular sentimentos e interesses com paciência, humildade, autocrítica, perseverança e jogo de cintura. Cria novas habilidades, novos interesses, novos desejos, para tudo ser feito em vão.

As pessoas acabam se sentindo brinquedos das adversidades humanas. Um rapaz que, pelas frustrações da vida, abre mão do sensualismo e quer uma moça que não seja a "musa da escola" mas pelo menos atraente, discreta e inteligente, passa a ser assediado apenas por moças que representam até uma forma ainda mais grosseira de sensualismo.

Para piorar, moças que veem na futilidade um ideal de ascensão social e não estão aí para serem reeducadas por um rapaz mais modesto, que só lhes serve como trampolim para alguma promoção pessoal dessas mulheres fúteis.

Daí o desrespeito. Muitas pessoas querem mudar seus sentimentos e seus interesses e até admitem a desilusão e, dentro de uma dose moderada, o sofrimento. É como um doente que faz tudo para se curar de antiga doença, segue todas as recomendações e restrições, se trata, mas, em vez de estar curado, é exposto, ainda que de maneira mais grave e cruel, à mesma doença da qual se quer se livrar.

E tudo isso dentro de uma seita que se revela hipócrita, com sua fase dúbia que um dia exalta o legado de Allan Kardec e no outro endeusa os deturpadores, dentro de um espetáculo de palavras bonitinhas e sentimentalismo piegas que supostamente é feito pelo equilíbrio moral e pela fraternidade, mas só traz energias que complicam ainda mais a vida das pessoas.

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